Padre de Brusque será missionário no Macapá
José Jacob Archer deixa o estado na próxima terça-feira, 10
José Jacob Archer deixa o estado na próxima terça-feira, 10
Na noite de ontem, a igreja de Nossa Senhora da Azambuja celebrou a missa de envio do padre José Jacob Archer, que parte na próxima terça-feira, 10, para o Macapá, capital do Amapá, para realizar o trabalho de missionário. Há cinco anos como pároco em Bombinhas, o sacerdote, que cresceu em Brusque, deixa a cidade mais uma vez para uma nova missão.
“Durante 14 anos fui missionário na Bahia, em regiões castigadas pela seca e pela fome, levamos para lá a palavra de Deus, além de realizar o trabalho social, com a construção de cisternas que diminuíram o problema da falta de água”, conta. Durante os anos em que foi missionário no estado, Archer passou seis anos na cidade da Barra, que fica localizado na região ribeirinha do rio São Francisco, e oito anos em Ruy Barbosa.
O trabalho de missionário é conhecido dentro da igreja católica há muitos anos. De acordo com o padre, o Brasil recebe muitos estrangeiros e envia também brasileiros para o exterior, principalmente em países da África. O trabalho consiste na pregação do evangelho e dos ensinamentos religiosos em locais onde a religião ainda não foi difundida, além de realizar trabalhos de cunho social, voltados ao combate da fome, da falta de escolaridade e das melhorias nas condições básicas de saúde, por exemplo.
Archer afirma que desde que se tornou padre, há 35 anos, sempre gostou do trabalho de missionário. “Conhecemos pessoas de lugares diferentes e todos são muito receptivos à nossa chegada. Existem alguns lugares onde é quase impossível chegar. Para onde vou agora, no Amapá, sei que existem regiões onde o aceso é apenas de barco, e são horas de viagem, quase um dia inteiro para ir a voltar do lugar”, revela. “Apesar da dificuldade que essas pessoas enfrentam, nós sempre esperamos encontrar um povo aberto, aprazível, disposto a receber ajuda e aprender. É isso que dá sentido à nossa missão”, completa.
O padre nasceu em Itajaí e ainda criança veio para Brusque, onde estudou no colégio do Santa Terezinha e aos 12 anos entrou para o seminário. Foi ordenado em 1979 e desde então passou por algumas cidades catarinenses e dedicou parte do sacerdócio às frentes missionárias.
A arquidiocese de Florianópolis possui missões na Bahia e em Guiné-Bissau, no continente africano. Em julho do ano passado, foi aprovada a missão para o Amapá, onde o padre Jacob foi indicado para participar. “O trabalho naquela região é necessário pois é um local onde existem poucos sacerdotes, se não me engano, são apenas 20 no estado todo. Já existem missioneiros na região, incluindo um padre italiano, que está lá há quase 20 anos”, conta.
Durante o período em que esteve na Bahia, o padre conviveu com uma realidade diferente daquela que estamos acostumados aqui em Santa Catarina. Ele conta que certa vez, visitou uma comunidade onde a maioria dos moradores dormiam em esteiras, no chão duro, causando dores nas costas e dificultando o trabalho dos adultos e o estudo dos menores.
“Imagine um povo que além da falta de água, tem que lidar também com a fome causada pela pouca quantidade de chuva que existe naquelas regiões. Desde que voltei ouvi muitos comentários sobre o pessoal daqui que não gosta dos baianos. Ou então, aqueles que dizem que eles são um povo ‘preguiçoso’. Mas a verdade é que em algumas regiões, como aquelas que eu visitei, era impossível arranjar um emprego, plantar qualquer alimento, a única possibilidade era migrar para outras cidades e estados. E é isso que está acontecendo, não só na Bahia, como no Maranhão e outros estados do Nordeste”, explica.
Ele destaca que é preciso ter mais tolerância e entender que nem todos são iguais, pessoas ruins existem em todos os estados e países, mas que se as empresas e os moradores daqui abrirem as portas, podem encontrar um povo muito amistoso e trabalhador, que veio para cá em busca de uma nova oportunidade, de uma chance de melhorar de vida.
Nessa segunda-feira, 2, o padre Jacob se despediu de Bombinhas, onde viveu nos últimos cinco anos, em uma missa de envio onde recebeu o apoio de toda a comunidade. Ele ainda não sabe quanto tempo vai permanecer no Amapá, mas espera conseguir realizar um bom trabalho com toda aquela comunidade.