Padres de Brusque comentam mudança sobre aborto na Igreja Católica
Papa estendeu definitivamente o poder de perdoar o pecado do aborto a todos os padres
Consultados pela reportagem do Município Dia a Dia, padres de paróquias de Brusque avaliam a nova determinação do papa Francisco como um gesto de misericórdia da Igreja Católica. Para os sacerdotes, o pecado continua a ser grave, porém, é preciso acolher o pecador e ajudá-lo.
O Papa Francisco autorizou definitivamente que todos os padres tenham poder de perdoar o aborto. A permissão está prevista na carta apostólica Misericórdia et Misera.
“Para que nenhum obstáculo exista entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto”, escreveu o Papa Francisco na carta apostólica.
O aborto é considerado um crime grave pela Igreja. Ele poderia ser punido com a excomunhão. Antes disso, apenas os bispos e padres com designações especiais poderiam perdoar o pecado do aborto.
A autorização estendida a todos os padres já estava valendo, mas de forma temporária apenas durante o Ano Santo da Misericórdia, que terminou no último domingo. Em mais uma medida arrojada, o pontífice abriu mais a Igreja Católica ao mundo, como tem sido marcado o seu pontificado.
Ainda é pecado
O padre Adilson José Colombi, vigário da Paróquia São Luis Gonzaga, ressalta que a carta apostólica do Papa muda apenas a parte burocrática da Igreja Católica, estendendo os poderes aos demais padres.
“Não modificou nada em termos de doutrina, ela [carta] simplesmente altera uma medida disciplinar”, afirma o padre Adilson. “Antes, tínhamos que, de certa forma, recorrer ao bispo”, acrescenta o sacerdote.
Ele salienta que o aborto ainda é condenado. “O aborto continua sendo uma irresponsabilidade grave”.
O padre Magnus José Barão Canepelle, pároco da Paróquia São Luis Gonzaga, diz que a mudança é inspirada pelo Ano Santo da Misericórdia, que terminou há pouco. Para ele, a alteração reforça o caráter misericordioso da Igreja Católica no mundo.
“Temos que acolher o pecador e tentar libertá-lo dessa dor”, diz o padre. Ele considera que o aborto é, muitas vezes, cometido pelo desespero.
O padre Francisco Assis Wloch, reitor do Seminário de Azambuja, diz que a Igreja sempre defendeu a vida. No entanto, após o Ano da Misericórdia, o Papa reforçou que a religião deve, acima de tudo, acolher aqueles em necessidade.
De acordo com o reitor do seminário, ainda não chegou qualquer documento oficial sobre a carta apostólica.