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Pai de adolescente indaialense vítima do Ninho do Urubu irá integrar audiência pública internacional que clama por justiça

Jovem de 14 anos morreu em 2019 durante incêndio no CT do Flamengo, no Rio de Janeiro; o caso ainda não foi julgado

Famílias de vítimas de tragédias brasileiras, entre elas o pai do indaialense Bernardo Pisetta, que morreu no incêndio no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento (CT) da base do Flamengo, participarão de uma audiência pública nesta sexta-feira, 12, para clamar por Justiça. O encontro será realizado em Washington, capital dos Estados Unidos, mas a sua participação será on-line.

A audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) acontecerá a partir das 15h. A entidade congrega 34 nações e é o principal fórum político, jurídico e social do hemisfério.

O encontro tem como objetivo cobrar a responsabilização das grandes tragédias. “São todas semelhantes e acreditamos que se tivesse resolvido desde a primeira [intercorrência], talvez não teria acontecido as outras. Queremos cobrar por essa impunidade e a responsabilização dos culpados”, destaca Darlei Pisetta, pai do Bernardo Pisetta, que faleceu aos 14 anos na tragédia no Ninho do Urubu.

Cinco tragédias brasileiras

O encontro dará voz a representantes das vítimas dos rompimentos das barragens da Vale, em Brumadinho (2019), e da Vale e da BHP, em Mariana (2015); do afundamento causado pela Braskem com a exploração do subsolo em Maceió (2018); dos incêndios da Boate Kiss (2013) e do alojamento Ninho do Urubu, do Flamengo, no Rio de Janeiro (2019).

Ao todo, essas tragédias mataram 544 pessoas e ainda deixaram centenas de sobreviventes com sequelas físicas e emocionais graves, além da dor causada nas famílias que perderam entes queridos ou ficaram desalojadas.

Após as tragédias foram criadas associações para buscar Justiça para as vítimas. Serão representados no encontro a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho (AVABRUM), a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), a Associação Quilombola Vila Santa Efigênia e Adjacências – Mariana/MG, a Associação de Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (AFAVINU), o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF).

A previsão de duração da audiência é de uma hora e meia. Familiares e representantes deverão prestar depoimentos sobre as tragédias.

Audiência pede Justiça

“Eu conheci este ano o pessoal de Santa Maria, da Boate Kiss, que me convidou para participar de uma mesa de conversas e falar sobre o nosso caso. Lá também conheci o pessoal de Brumadinho e fui convidado para ir a Brumadinho e participar de outra conversa e também conheci pessoas de outras associações como de Mariana e da Braskem. Resolvemos nos unir, essas associações das últimas cinco grandes tragédias no Brasil, para conseguir essa audiência”, explica Pisetta.

De acordo com o pai de Bernardo, as associações conseguiram a audiência graças ao trabalho da advogada Tâmara Biolo Soares, advogada e representante das vítimas na CIDH.

“O sentimento não é de orgulho, mas de conquista de conseguir um espaço, a nível mundial, para que nós possamos colocar as nossas causas, nossas fragilidades em um sistema jurídico, para que possa nos fortalecer de alguma forma aqui no Brasil para que consigamos penalizar as pessoas que realmente devem ser penalizadas”, salienta Pisetta.

Caso do Ninho do Urubu

O indaialense Bernardo Pisetta, 14 anos, foi uma das vítimas do incêndio ocorrido em fevereiro de 2019 no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro. Bernardo dormia no alojamento do Ninho do Urubu, onde costumavam ficar os jovens de outros estados e cidades que atuam nas categorias de base do clube.

A investigação do caso está em andamento, mas “de modo moroso”, segundo o pai de Bernardo. “Desde 2012 o Flamengo é notificado e estava sem alvará de funcionamento, pagou inúmeras multas e nada aconteceu. Tanto Ministério Público, Prefeitura e Bombeiros ninguém fez nada para que aquilo ficasse fechado. Nas condições que estava não deveria estar funcionando. Nós como pais não sabíamos dessas interdições, só ficamos sabendo depois. Um clube do tamanho do Flamengo não deveria ficar dessa forma. O processo está em tramitação e aguardamos com ansiedade a questão de penalizar os responsáveis”, frisa Pisetta.

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