Se considerarmos pais e mães professores não formais, pessoas nutridas de suas culturas e instintos em prol da cria, diria que nas relações familiares – é tão óbvio – há ensino e aprendizagem, ou educar, que alguns insistem em especificar uma coisa de outra.
Para mim, a diferença está na profissão, isso mesmo, no profissionalismo do professor, ou seja, nós, mestres inseridos no “modus operandi” de cada sociedade, nos especializamos em “ensinar” o que tal currículo julgou importante, dentro do interior histórico, geográfico, biológico, linguista, matemático e tudo junto, e assim vai, para as novas gerações aprenderem. É educá-los dentro de certas determinações e especificações, tarefa claramente fatigante para os pais sozinhos – novamente, dentro dos moldes atuais.
Contudo, encontro uma semelhança entre pais ou cuidadores e professores. Não bem o educar em casa e na escola, se preferirem o ensinar em casa ou na escola, e sim aquela “luz” que acende no momento do: Ah! Entendi! Um teorema, as guerras, o movimento de translação, a cor do mar, cortar uma laranja, andar, ler, apontar, tirar a roupa do chão, puxar a descarga, apagar a luz.
Esta “luz” vem sendo pesquisada há anos. O que nos faz mobilizar para o aprender? Para os diferentes aprenderes? E que, por fim, se complementam para aprimorar nossa capacidade de compreender o mundo. Penso ser o sentido, o identificar-se.
São incansáveis as teorias sobre os processos de ensino e aprendizagem na história, nos olhares, vozes e manuseio de pensadores, pensadoras notáveis do planeta. Percebe-se, portanto, que não há prescrição, preceitos fixos nas relações com o saber, o que temos são possibilidades. Depende de uma teia linda e infinita de ensinamentos ou educações a que somos expostos.
Conforme o dia passa, o contato com o exterior se transforma, do mesmo modo o processo de motivarmo-nos ao aprendizado. Buscar compreender estas tantas teorias é chegar próximo do que é possível fazer diante do que está posto.
Para os pais, não é preciso se aprofundar em teorias, basta amar. Mas é interessante que saibam que um PROFESSOR ou PROFESSORA, quando preocupado(a) com seu profissionalismo, se envolve e lê muito sobre estes processos na literatura da aprendizagem, além se sua própria experiência. Ele ou ela quer saber, quer fazer melhor, quer ensinar, quer educar! Da mesma forma os pais, não é? Mas com envolvimento caracterizado, não exatamente desprendido, desligado. Professores, pais e mães se respingam.
Ademais, apesar de essa gente estudada se amparar em ciência para defender suas teorias, ainda não possuem um fim, uma absoluta certeza sobre como cada um aprende. Mas laboriosamente, os grandes nomes das teorias educacionais, observaram, investigaram, interpretaram, experienciaram o humano na tentativa de – nem todos, pois generalizar é extremismo – fazer um mundo melhor. E os papais e mamães? Também!
Ser professor profissional é tão complexo e lindo quanto ser pai e mãe – nos termos da “aprendizagem”, claro. Assim, aquela máxima “a escola ensina e a família educa”, não se sustenta. Somos todos responsáveis.
Professora Karline Beber Branco