Pais separados, filhos divididos

Pais separados, filhos divididos

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Beatriz Teresinha Dias
Psicóloga Comportamental cognitivo

Como seria bom se em alguns casos o adulto tivesse um “coração de criança”. As pessoas provavelmente se entenderiam com mais facilidade, não teríamos tantas separações, tantos divórcios, tanta gente com depressão. É uma pena que muitos não pensem assim, na maioria das vezes, agindo exclusivamente pela razão e deixando suas emoções de lado.

Por mais que a situação não permita que o casal se mantenha junto, isso não pesa para a criança. Ela não tem como perceber que, em muitos casos, a separação é o melhor caminho.

Para a criança, o mais importante é ver seus pais unidos, a família reunida; e a criança não percebe a durabilidade do problema de convivência dos pais. Geralmente, quando acontece uma separação dos conjugues, e existem filhos ainda crianças e os pais não assumem que a responsabilidade pela separação é deles e não da criança, quem acaba sofrendo realmente é a criança.

Os pais devem reconhecer que essa é uma escolha deles e não da criança. Portanto, não cabe a ela a responsabilidade sobre consequências da tomada de decisão dos pais, e, além disso, ela não tem como saber lidar com esse tipo de situação.

Em um momento como este, o papel de um pai, ou de uma mãe, é dar suporte para a criança, fazer com que ela consiga crescer com segurança, com otimismo, confiante nas suas capacidades, ensiná-la a ser forte e corajosa, e não tirar dela o chão, deixando-a perdida sem saber onde pisar e para onde ir. Se o adulto acha complicado o processo de separação, e se considera que é muitas vezes incapaz de saber lidar com isso, como consegue pensar que uma criança tem capacidade suficiente para lidar com a mesma situação? Gostaria de dizer que isso não combina com educação. E muito menos com amor.

Acredito ser uma grande decepção para uma criança se deparar com pais tão egoístas a ponto de não se preocupar com o que pode acarretar na vida dela quando remetem a ela responsabilidades injustamente. É compreensível que, para os pais, uma separação não é uma situação fácil, mas é preciso ter clareza também, que o estado emocional dos pais, todo o ódio e toda a raiva que eles possam estar sentindo, não pode de forma alguma ser transferido para a criança, um ser indefeso sem capacidades de enfrentar e decidir sozinha qualquer coisa que seja.

Toda a dor do amor ferido traz inquietação, mas não devemos esquecer que não é só inquietação física, mas também da alma, e essa, com mais profundidade. Por mais que tentamos esconder as dores da alma, muitas vezes não é possível, e dependendo de como é visto, compreendido e assimilado, pode acarretar mais tarde sérios problemas psicológicos. Não se sabe o que é mais frustrante, pais despreparados no que se refere a educação dos filhos, ou filhos que não se sentem amados pelos seus pais.

 

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