Paixão pelas orquídeas e amizades marcam os 50 anos da Abapo; conheça a história
Associação Brusquense de Orquidófilos e Amadores de Plantas Ornamentais conta com cerca de 60 associados
Associação Brusquense de Orquidófilos e Amadores de Plantas Ornamentais conta com cerca de 60 associados
Com 50 anos de história completados em 2019, a Associação Brusquense de Orquidófilos e Amadores de Plantas Ornamentais (Abapo) carrega na trajetória muitas amizades e conquistas. Hoje, são em torno de 60 associados, de Brusque, Guabiruba, Gaspar e Ilhota.
O tradicional barbeiro Evelério Barg, de 80 anos, participa do grupo desde o início. Ele é um dos fundadores da Abapo, criada em 15 de outubro de 1969.
Além dele, os sócios fundadores foram Armando Euclides Polli, Arnoldo Fischer, Abelino Bodemüller, Alice Schaefer, Adalberto Dubiella, Antônio Siegel, Ervino Sebastião Belli, Vicente Siegel, Oscar Gustavo Krieger, João Batista Knihs, Jovino Cunha, Hilário Walendowsky, Ovidio Prunner e Úrsula Rombach. Inicialmente chamada de Círculo Orquidófilo de Brusque, o nome foi mudado para o que se conhece hoje em julho de 1977.
Barg é participante assíduo e conta que está presente em todas as exposições. Atualmente, ele possui cerca de 1,5 mil mudas de orquídeas e tem o cultivo como hobby, o qual gosta muito.
Porém, a paixão pelas orquídeas começou cedo, mais precisamente quando ele tinha 13 anos de idade, em 1952. Barg foi passear em Jaraguá do Sul e a tia dele o levou para tomar café na casa de uma senhora.
“Ela tinha uma orquídea em cima de um xaxim com flor, no jardim. Quando vi, eu fiquei encantado. Disse para o jardineiro que ia pedir uma muda para a velha. Então, ele falou que ela ia me dar uma corrida. Aí eu disse que mais do que um não, não iria receber”, recorda.
Então, o jovem Barg pediu, em alemão, para que a senhora desse uma orquídea para ele e ela entregou a muda. “Não sei onde está, mas tenho ela até hoje”, diz.
Ele comenta que costuma entregar mudas para interessados. Aquelas orquídeas que talvez não o agrade, mas que pode ser algo incrível para quem ainda não é orquidófilo. O ato de doar pode ser um incentivo para atrair mais apaixonados pela flor.
Com uma boa memória com datas, o atual presidente da associação, o aposentado Pedro Lazerini, 71, conta chegou a Brusque, vindo de Rio dos Cedros, em 17 de dezembro de 1970.
O caminho de Lazerini se cruzou com a Abapo de forma orgânica, ele também gostava de orquídeas e participava de exposições. Mas o destaque foi quando criou amizade com o barbeiro Barg.
Em 1972, Lazerini recebeu uma carta da Abapo com um convite para se associar. A dedicação com a Associação foi quase instantânea. “É uma coisa que vem com a pessoa. Tem gente que, de repente, começou a cultivar uma orquídea e passou a cultivar várias”, diz.
Em 1974, ele foi convidado a assumir como tesoureiro, função que exerceu até 22 de julho de 2000, quando foi eleito presidente pela primeira vez. Ao recordar da história, Lazerini destaca a união entre os associados.
“A gente gosta, temos muitos amigos. Ser orquidófilo é uma arte de fazer amigos”, comenta. “O grupo é tudo. É uma grande família”, completa Barg.
Há mais de 35 anos, o floricultor Gilmar Machado, 56, participa do grupo. Ele conta que entrou para a Abapo em 1982. Chegou na associação através do pai, que participava das exposições de orquídeas. A família também possuía uma floricultura na cidade.
“Aos poucos fomos visitando e colaborando. Depois de um longo tempo comecei a ajudar a organizar as exposições”, conta.
Nesta trajetória, Machado destaca a atuação de Armando Euclides Polli, o primeiro presidente da Associação, e Dom Vito Schlikmann, o segundo.
Na primeira exposição de Machado, no antigo pavilhão da Fideb, ele relembra que Schlikmann desenhava os caminhos e organizava os canteiros. “Ele me deu um giz e disse para eu riscar o chão, que eu iria começar as decorações. Não lembro o ano, mas dali pra frente eu que fiz os desenhos das ornamentações, decorações e os layouts das exposições”, relata.
O apoio mútuo acompanha os associados. Machado conta que o grupo gosta de compartilhar sobre o crescimento das flores. “Para mim foi uma escola, fomos aprendendo bastantes e é cada vez mais uma família”, diz.
Em 1969, Armando Polli foi eleito o primeiro presidente da Abapo. Após ele, oito nomes assumiram a função. Lazerini é um deles, que esteve à frente do cargo entre 2001 e dezembro de 2006 e voltou a assumir a posição em 2018.
Até 2006, a eleição era anual. Como estava sendo reeleito todos os anos, Lazerini passou a discordar da situação, pois acreditava que precisava incentivar a renovação. Para isso, mudou o estatuto da associação com o apoio de ex-promotor João José Leal.
“A partir daí, mudou o mandato para dois anos podendo ser reeleito uma vez só. Isso vai até hoje e está dando certo”, conta.
Durante a história, Polli ficou na presidência da Abapo até 1976. Em seguida, foi eleito o Dom Vito Schlikmann, que ficou no cargo de 1977 a 1985; em sequência foi Januário Pehnk, em 1986; não há registros sobre quem esteve na presidência em 1987; Evilério Barg assumiu em 1988; também não há registros de 1989 e 1990; Rosalva T. K. Hoefelmann foi eleita em 1991; Evilério Barg, em 1992; Gilmar Machado, de 1993 a 2000; Pedro Lazerini, de 2000 a 2006, João Carminatti, de 2007 a 2010; Roberto Kohler, em 2011 e 2012; João Carminatti, em 2013 e 2014; Gilmar Machado, de 2015 a 2018; e Pedro Lazerini de dezembro de 2018 até hoje.
Quando ingressou na Abapo, Lazerini cultivava a orquídea Laelia purpurata. Essa flor, em específico, tornou-se símbolo de Santa Catarina, após sanção de lei pelo então governador Esperidião Amin, em 1983.
“Foi um trabalho em conjunto, que começou bem antes, com a Abapo e outras cidades”, recorda.
Além deste momento icônico, o atual presidente também destaca a sede da Abapo dentre muitas conquistas. A construção fica na rua Elisabetha Scharf Groh, nº 260, no Rio Branco.
Ele conta que para que existisse esse local, foi feita a compra de um terreno, com a ajuda de Ingo Volkmann, e a criação de uma rifa. Em 2006, o terreno estava pago e Carminatti, presidente eleito naquele ano, começou a construção da sede.
Dentre outro momentos importantes, Barg também recorda do grupo ter se reunido e semeado 30 milhões de sementes de orquídeas na ilha de Porto Belo, porém não lembra da data.
Segundo registros da Abapo, a primeira exposição de orquídeas de Brusque foi realizada de 12 a 15 de novembro de 1960, no Clube Atlético Carlos Renaux. Na idealização deste evento estavam Marga Helga Erbe Kamp, Guinther Hoffmann, Lilly Archinger e Armando Polli.
De acordo com Barg, após isso, ele e um grupo de amigos chegou a organizar uma pequena exposição, em 11 de novembro de 1968, no Clube Atlético Carlos Renaux. Este grupo originou a Abapo um ano depois. “Começamos a nos reunir na Associação Comercial de Brusque (hoje Associação Empresarial de Brusque, a Acibr). O senhor Carlos Renaux, o Calinho, cedeu os escritórios dele para as reuniões”, recorda.
Assim, a primeira exposição feita pela associação, na época ainda com nome de Círculo Orquidófilo de Brusque, foi entre 14 e 17 de novembro de 1969.
O público desta primeira exposição foi de 924 visitantes, registrado em livro. O primeiro vencedor foi João Batista Knihs, com uma Laelia purpurata purpúrea; e, em segundo lugar, Armando Polli foi premiado com uma medalha, também com uma Laelia purpurata.
Lazerini explica que para este tipo de orquídea são encontradas 28 variedades. Normalmente nas competições, durante as exposições, um júri avalia as flores. Para cada uma das variedades, é feita a premiação de primeiro ao terceiro lugar. Depois, todos os 28 primeiros lugares disputam uma premiação final.
Atualmente, ocorrem três exposições ao ano: em março acontece a exposição de orquídeas Labiatas como destaque; em setembro, exposição de intermédias como destaque; em novembro, a Laelia purpurata como destaque.
Para entrar na associação, é preciso participar de três meses de reuniões, para ver se o interesse se mantém.
A principal condição, no estatuto, é que a pessoa seja colecionadora de orquídeas, cactos, bromélias, bonsai ou plantas ornamentais. Essa exigência é para evitar a entrada de pessoas que não cultivem o interesse pelas plantas.
A partir daí, caso a pessoa interessada decidir ficar, é estipulada uma jóia, que é um valor em dinheiro de R$ 500. Com o pagamento desse valor, o associado fica responsável em manter uma anuidade de R$ 100.
O auxílio financeiro é utilizado para manter a sede, além de cursos e palestras sobre orquídeas e para comemorações, que acontecem com frequência.