Pandemia da Covid-19 causa queda de 32% do número de casamentos em Brusque
Redução afetou negativamente empresas do setor de eventos no município
Redução afetou negativamente empresas do setor de eventos no município
Em 2020, Brusque registrou uma queda de 32% do número de casamentos oficializados, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil. Foram registrados 547 processos, sendo que em 2019 o registro foi de 805.
De acordo com a presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Santa Catarina (Arpen-SC), Liane Alves Rodrigues, o principal motivo da queda foi a pandemia da Covid-19. “Reduziu os casamentos pois os noivos querem fazer uma cerimônia com a família e amigos. Querem comemorar. Organizar com antecedência”, afirma.
Durante o ano, os cartórios no estado se adaptaram ao coronavírus em adicionar os serviços de forma on-line. Contudo, Liane ressalta que o casamento representa muito mais do que o registro civil.
“É um evento que marca uma família. Com a pandemia, com o afastamento social, um casamento civil on-line não tem o mesmo efeito. Então, só casou quem precisava do documento, mas não supre o casamento presencial”, continua.
Neste caso, o registro feito on-line foi a alternativa para as pessoas que realmente precisavam da documentação, necessária para processos de cidadania, viagens. Ou seja, para os casais que precisaram regularizar a situação patrimonial.
Com a queda do número de casamentos, empresas do setor de eventos encontraram um grande desafio para manter as portas abertas. Segundo a sócia proprietária do Sítio Vó Cecília, Ana Paula Luchini Stipp Disner, a empresa não realizou nenhum casamento desde o início da pandemia. “Trabalhamos com trocas de data. Em 2020, a agenda foi totalmente adiada, tínhamos casamentos agendados em todos os sábado, que foram adiados para 2021”, conta.
Entretanto, a pandemia não deu trégua e os eventos estão sendo adiados novamente. Ana conta que têm noivos que já adiaram a festa por três vezes.
Ela também destaca que a empresa não teve nenhum cancelamento, pois trabalha com pacotes. Estes contemplam a locação do espaço, buffet, fotografia e gravações, vestido de noiva, comida e os convites.
Assim, toda a mão de obra e os parceiros do Sítio Vó Cecília trabalham para o espaço. O que facilita o adiamento das datas e traz segurança aos noivos. “Devido a essa segurança que pessoas continuam nos procurando. Mesmo com a pandemia, fizemos reservas para 2022. A agenda para o ano que vem está aberta”, diz.
Ana detalha que são 25 famílias que dependem do espaço e não foi necessário demitir ninguém ao longo do ano, além dos contatos com os freelancers serem mantidos. Mas afirma que a empresa não realizará nenhum casamento até que a situação da Covid-19 fique segura.
“É algo tão especial na vida de um casal, não é o ideal fazer um evento em um momento desses. Sem beijos, sem abraços. É difícil para a gente, tínhamos esperança que esse ano pudéssemos continuar. Mas esperamos que a vacinação continue, que pelo menos neste ano ocorra algo”, completa.
Rodrigo Schmitt, um dos administradores do restaurante Schmitt Buffet e Eventos, conta que, desde março de 2020, com os afrouxamentos de decretos, a empresa trabalhou em apenas cinco casamentos. Portanto, a empresa registrou uma redução de mais de 90% dos trabalhos.
“Estamos seguindo bem a risca os decretos. É uma realidade de todo o setor. É uma crise sem precedentes. A gente espera que com a chegada das vacinas consigamos fazer eventos de pequeno porte. Com segurança, é logico, para que o mercado dê uma reagida”, conta.
“Está complicado, a gente tem que ser otimista, mas temos uma série de datas. Acredito que por junho o mercado comece a andar, mas isso é apenas achismo”, diz. “Todo mundo está vivendo a pandemia, mas o setor de eventos foi o mais afetado”, completa, ainda que otimista com a chegada das vacinas.
Para Isair Fischer, da Fischer Eventos de Guabiruba, a situação é muito complicada. A empresa foi fortemente afetada pela pandemia e o último casamento foi realizado em 14 de março de 2020. “Tudo fechado, tem o salão fechado, sem ajuda de nada”, conta.
Fischer detalha que para passar pela crise, a empresa está vendendo materiais, como mesas. “Mas chegamos do limite do limite. Um ano só investindo e gastando”, diz. “São cinco funcionários, mais o salão de eventos e decorações, mais a loja. Não tem auxílio, não tem ajuda de ninguém”, continua.
Além de casamentos, a empresa também trabalha com aniversários, comunhões, festas de empresas, dentre outros eventos. Fischer conta que se não tivessem as reservas, a empresa já teria fechado. “Tudo empacou, completamente. Caso as coisas não melhorarem, temos mais três meses”, diz.
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