Pandemia de Covid-19 prejudica compra de medicamentos pela Prefeitura de Brusque
Principal motivo apresentado pelas empresas fabricantes é a falta de matéria-prima
A falta de medicamentos considerados essenciais em Brusque tem ocorrido com maior frequência no último ano. O motivo alegado pelas empresas responsáveis pelo fornecimento é de escassez de matéria-prima.
Para a compra dos rémedios a Prefeitura de Brusque faz uso de dois caminhos, ambos por meio de licitação. Um deles é feito através do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Vale do Itajaí (Cisamvi) e outro pela Secretaria de Saúde de Brusque.
Prevendo o período licitatório, o prazo de entrega e a demanda, os pedidos são feitos com uma margem larga de antecedência. Apesar de todo esse cuidado, medicamentos ficaram em falta para a população por mais de mês.
São remédios de uso contínuo, para tratamento de doenças crônicas, e até mesmo para congestão intestinal. Em alguns casos é possível a utilização de algum outro medicamento similar. Já em outros, a população tem que buscar em farmácias privadas.
Na rede privada é possível que o remédio seja fornecido de forma gratuita ao cidadão através do programa Farmácia Popular. São medicamentos de hipertensão (pressão alta), diabetes e asma contemplados pelo programa.
Medicamentos em falta
Semanalmente é feita a verificação do estoque dos remédios. Quando a situação está dentro da normalidade, todos os 183 medicamentos considerados essenciais estão disponíveis. Mas essa não é a realidade atual.
Na última semana de maio, ao menos cinco medicamentos estavam em falta: Enalapril 10 mg, Hidroclorotiazida 25 mg, Nimesulida 100 mg, Salbutamol Spray 100 mcg e o Lactulose 667 mg/ml.
A Nimesulida, um anti-inflamatório, ficou em falta por uma semana. O pedido foi entregue com atraso no final de maio. O Enalapril, destinado ao controle da pressão alta, ficou em falta desde o final de abril. Na quarta-feira, 2, o medicamento voltou a ficar disponível para a população.
O Salbutamol, utilizado para problemas que obstruam as vias aéreas, ficou em falta desde 17 de maio de 2021. O pedido de compra foi feito em abril, mas o medicamento foi entregue somente nesta segunda-feira, 7.
Já o Hidroclorotiazida e o Lactulose seguem sem previsão de entrega. No caso do lactulose, utilizado para em casos de constipação intestinal, duas licitações foram feitas e em ambas ficaram desertas, ou seja, não houve interessados.
Atraso de entrega
A falta de disponibilidade dos medicamentos para os cidadãos se dá pelo não cumprimento do prazo de entrega das empresas licitadas. A diretora de Assistência Farmacêutica, Patrícia Sassi, relatou que alguns remédios precisam ter processo de licitação reaberto.
O Hidroclorotiazida está em falta desde o início de abril. Este medicamento, utilizado por pacientes com hipertensão, foi primeiramente solicitado no final de janeiro pela prefeitura. Como o prazo não foi cumprido, um novo processo licitatório foi aberto e finalizado em maio. Mesmo assim, segue sem previsão de data para que esteja disponível ao cidadão.
As empresas enviam cartas nas quais documentam o motivo pelo qual não realizam a entrega. Segundo Patrícia Sassi, elas alegam falta de matéria-prima, que em muitos casos é importada, e que a pandemia tem afetado a produção de fármacos.
Medicamentos na rede privada
Apesar de alguns remédios estarem em falta na rede pública, é possível encontrá-los disponíveis na rede privada. O principal motivo é a diferença nos valores aplicados pelas farmacêuticas quando ofertam o produto para cada rede.
Para a venda ao setor público, valores mais baixos são utilizados nas licitações. Por esse motivo algumas empresas optam por vender primeiramente ao setor privado. E isso pode ocasionar a falta do remédio para a demanda da rede pública.