Papo de vinho
Toda noite tomo vinho, geralmente, jantando e assistindo ao noticiário. Mas, não creio que o vinho seja remédio, como dizem algumas mensagens que recebo pelas redes sociais. Mas, se até Cristo ofereceu vinho aos seus discípulos, penso que nós, pecadores imperfeitos, podemos beber, moderadamente, que não faz mal a ninguém. Ao menos, meu médico cardiologista […]
Toda noite tomo vinho, geralmente, jantando e assistindo ao noticiário. Mas, não creio que o vinho seja remédio, como dizem algumas mensagens que recebo pelas redes sociais.
Mas, se até Cristo ofereceu vinho aos seus discípulos, penso que nós, pecadores imperfeitos, podemos beber, moderadamente, que não faz mal a ninguém. Ao menos, meu médico cardiologista não é daqueles que faz terrorismo. Nunca me proibiu beber uma taça de vinho, por dia. Se bebo duas, aí, é por minha conta.
Gosto de conversar sobre a história do vinho. Afinal, na Idade da Pedra, há mais de 7 mil anos, o homem já cultivava as primeiras parreiras de uva. E a história nos ensina que o vinho esteve presente na vida de todas civilizações. Gregos e romanos veneravam os seus deuses do vinho, dedicando-lhes festanças e orgias sem tamanho, sem dia e hora para acabar. Portanto, há milênios, o ser humano consome essa bebida euforizante para espancar tristezas da alma e mistérios que a razão humana desconhece. Hoje, com ou sem deuses, o consumo do vinho continua intenso e parece que só aumenta.
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O que não gosto, mesmo, é daquele discurso de sommelier, profissional com nome francês e conversa afetada, artificiosa, sobre a receita para se conhecer um bom vinho e o protocolo para se tomar uma boa dose da bebida. É um discurso em tom professoral, de palavras vazias, beirando o ridículo, que buscam apenas impressionar e sugestionar o consumidor, principalmente, o iniciante. É um papo difícil de escutar, é conversa fiada. Para esse profissional, vinho na taça, é convite a um ritual da frescura.
O cerimonial da chatice começa com a taça levada ao nariz e aquela conversa pernóstica sobre o aroma do vinho, marcada por adjetivos e substantivos fúteis, frívolos e de mil sentidos. São frases prontas, decoradas, para dizer que o vinho cheira a framboesa, melão, manga e groselha, um pomar inteiro de aromas, porque é preciso arranjar uma fruta para cada rótulo. E quando faltam as frutas, recorrem às especiarias. É o cravo, a canela, o cominho, o anis e outros temperos refinados, porque o vinho tem que ter cheiro de outra coisa que não seja o do próprio vinho.
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Depois da taça no nariz, vem o papo de se harmonizar bebida com comida, coisa super importante, o pregoeiro da enofilia. Milhares são as receitas para se encontrar o prato ideal para combinar com o tinto ou o branco a ser tomado. Para acompanhar um vinho dos confins da Patagônia, li a recomendação do sommelier e me convenci de que estava a desdenhar da minha inteligência: “ótima combinação com sopa de feijão-branco, cubos de presunto e farofinha crocante; com goulasch de fígado de bovino e molho de tomate; ou com canelone de abobrinha e tomate seco”.
Tanta conversa, tanta abobrinha, só com mais vinho na taça.