Para ajudar filhos que ficaram na Venezuela, casal que mora em Brusque pede dinheiro em semáforos

Há mais ou menos três meses no Brasil, eles tentam encontrar casa para trazer três filhos para o país

Para ajudar filhos que ficaram na Venezuela, casal que mora em Brusque pede dinheiro em semáforos

Há mais ou menos três meses no Brasil, eles tentam encontrar casa para trazer três filhos para o país

Carmen Hernandez, de 37 anos, e Yerson Teofilo Asprilla Rosero, de 30, estão juntos há 15 anos. A história dos dois iniciou na cidade de Valência, capital do estado de Carabobo, na Venezuela. Lá, o casal formou uma família.

Carmen tem três filhos, com 15, 18 e 20 anos. De sangue, nenhum é de Rosero, mas ele se orgulha em dizer que são seus “hijastros”, ou “enteados” na tradução para o português. “O pai que eles conhecem sou eu”, conta ele, com sorriso no rosto ao mostrar fotos que guarda no celular.

Casal guarda fotos no celular para matar saudade dos filhos / Fotos: Arquivo pessoal

Mesmo com uma família unida, os problemas sociais que assolam a Venezuela há mais de cinco anos fizeram com que o casal tentasse mudar a vida em outra nação, assim como outros 4 milhões de venezuelanos que deixaram o país.

Os filhos que ainda estão terminando a escola ficaram com a mãe de Carmen, mas o casal iniciou sua jornada com um grupo de pessoas. Eles passaram por Colômbia, Equador, Peru, Chile e Bolívia, antes de chegarem ao Brasil, na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

Lá o casal recebeu os primeiros auxílios e tiveram os documentos emitidos, como por exemplo CPF, carteira de trabalho e até carteira do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde então eles foram se separando dos outros companheiros de viagem e, às vezes caminhando e às vezes de ônibus, foram atravessando o Brasil.

Em alguns lugares eles até encontraram morada em abrigos, mas isso era a parte luxuosa da viagem. “Uma barraca. Isso é que nós temos e dormimos na maior parte do tempo por onde passamos. Montamos em algum lugar mais seguro e descansamos”, desabafa Carmen, que sorri em sequência.

O último local que pararam foi há uma semana, em Brusque, onde na primeira noite dormiram em uma praça, no Centro da cidade. “No outro dia o pessoal da assistência social nos chamou e levou para um albergue, onde a gente passa a noite”, explicou Rosero.

Desde então eles possuem uma rotina diária. Às 19h entram no Albergue Municipal de Brusque, às 20h recebem alimentação e em seguida descansam. Às 7h do dia seguinte, depois de tomar o café no local, eles vão pras ruas, ou de Brusque, ou Blumenau, para pedir ajuda nos semáforos e arrecadar dinheiro.

“Enquanto a gente não consegue uma casa pra trazer os meninos, o que a gente arrecada damos um jeito de mandar pra eles, pra que eles tenham o que comer”, explicou Rosero.

Casal vai pras ruas de Blumenau e Brusque pedindo doações. Foto: Jotaan Silva / O Município Blumenau

Em Blumenau, eles sempre ficam nos semáforos da rua Antônio da Veiga, em frente ao Supermercado Giassi e em frente ao Madrugadão Lanches, além da rua Humberto de Campos, em frente ao Terminal da Proeb. Já em Brusque, eles não possuem locais fixos, acabam ficando mais no centro da cidade, mas diversificam entre os semáforos.

“Não conseguimos tirar muito. Mas varia entre R$ 200 e R$ 250 por semana. Nos fins de semana as pessoas estão mais felizes, aí contribuem mais”, afirma Rosero.

Esse pouco que eles arrecadam semanalmente são divididos entre as refeições diárias e o que conseguem mandar por uma casa de câmbio, para os filhos na Venezuela. “Nossa maior preocupação é como eles estão lá, como estão comendo”, complementa Carmen.

Ter o que comer, aliás, é o principal motivo que o casal dá para sair da Venezuela e passar tantas dificuldades em outros países, como ter que dormir na rua. “Lá a gente não tinha o que comer, não aguentamos mais aquilo”, lamenta Carmem. “No Brasil é muito melhor. Mesmo com tudo que passamos”, confirma Rosero.

O venezuelano também conta que tentou emprego no Brasil, mas a dificuldade no idioma é o principal adversário na hora de ser contratado. Por isso, pedir dinheiro na rua foi a maneira encontrada para conseguir sobreviver, cuidar dos filhos mesmo de longe, e sonhar com o dia que conseguirem trazer os garotos.

Carmen e Rosero possuem um celular, caso alguém queira contribuir com algum tipo de ajuda. O número é do Mato Grosso do Sul, onde eles compraram o aparelho: 67 9118-3797.

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