Para comemorar 40 anos de casamento, casal brusquense viaja de moto até o Nordeste

Com mais de oito mil quilômetros percorridos, esta foi a maior aventura da vida dos aposentados Célio e Valquíria

Para comemorar 40 anos de casamento, casal brusquense viaja de moto até o Nordeste

Com mais de oito mil quilômetros percorridos, esta foi a maior aventura da vida dos aposentados Célio e Valquíria

O casal de aposentados Célio Martins, de 63 anos, e Valquíria Valéria Martins, 58, completaram 40 anos de casamento em 13 de outubro. A comemoração foi diferente do costume: eles decidiram encarar a aventura de viajar mais de 8,3 mil quilômetros de moto, de Brusque até João Pessoa, na Paraíba. 

A viagem, que durou 22 dias, iniciou em 6 de outubro e seguiu até dia 27. Foram 13 dias de estrada, seis para ir e sete para voltar, e nove dias na Paraíba, com passeios diversos pela costa nordestina.

Registro em Mirante do Castelinho da Princesa, no litoral sul da Paraíba/Arquivo pessoal

Segundo Célio, a ideia surgiu em uma outra viagem, no último ano, quando os dois foram para Gramado, no Rio Grande do Sul, comemorar os 39 anos de casamento. Lá conheceram um amigo paraibano, que os convidou para uma visita. 

Contudo, a decisão de viajar, de fato, ocorreu duas semanas antes da partida. Valquiria ressalta que o impulso veio do marido, mas que também não pensou duas vezes antes de aceitar. “Achei ótimo, eu gosto muito de andar de moto”, comenta.

O casal conta que a preparação foi mínima e que a rota foi traçada pelo GPS. “Fomos no escuro. Foi realmente uma aventura. A gente não sabia nem onde dormir, só almoçar”, conta Célio.

Apesar do esforço e dos riscos, além dos três filhos ficarem preocupados, a viagem marcou a vida deles. “Para mim e para a minha esposa ficou na história. Foi um sonho realizado, valeu a pena mesmo”, avalia Célio.

Casal carrega diversão e bom humor nas duras de Natal/Arquivo pessoal

Rota dos Martins

A estratégia do casal foi dirigir até o anoitecer, aí parar em um posto de gasolina e perguntar qual era a cidade mais próxima. Após isso, procuravam um hotel ou pousada para passar a noite.

Com partida de Brusque em 6 de outubro, eles seguiram pela BR-101 até Curitiba, quando entraram na BR-116, em direção à São Paulo. No dia 7, na rodovia Presidente Dutra, eles seguiram até Aparecida. Em 8, o caminho foi pela BR-116 até o Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No dia 9, chegaram na Bahia e permaneceram em Feira de Santana. No dia 10, voltaram para a BR-101, passaram pelo Sergipe. Então, no dia 11, passaram por Alagoas e Pernambuco e chegaram João Pessoa, na Paraíba. Lá, partiram para Conde, cidade próxima, onde fica a residência dos amigos. 

“Quando chegamos em João Pessoa, eu fui procurar esse cara que conheci lá em Gramado. Nem ele acreditou que nós chegamos lá. Como eu tinha o contato dele foi fácil encontrá-lo”, diz Célio.

Nas dunas de Natal, realizaram passeio de dromedário/Arquivo pessoal

Cultura e receptividade

Com base na Paraíba, o casal chegou a ir até Natal, no Rio Grande do Norte, e conheceu outras praias do Nordeste. Também fizeram visitas em pontos turísticos, como Porto de Galinhas.

Dentre os destaques, o casal visitou o maior cajueiro do mundo, na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Com 8,5 mil metros quadrados, o cajueiro foi registrado no Guiness Book – O livro dos recordes, em 1994. “É uma coisa incrível, chamou muito a atenção”, ressalta Célio. 

Célio e Valquíria ficaram vislumbrados pelo maior cajueiro do mundo/Arquivo pessoal

Porém, a receptividade foi o destaque para os dois. Valquíria conta que eles foram recebidos como se fossem membros da família. Lá na Paraíba, os novos amigos até fizeram uma festa para comemorar as Bodas de Rubi do casal. 

Uma festa em comemoração dos 40 anos de casados surpreenderam o casal/Arquivo pessoal

Para Célio, além de lugares e costumes novos, conhecer novas pessoas e fazer amizades não tem preço. “Nunca mais vou esquecer esse pessoal do Nordeste, que nos receberam como filhos. Um povo maravilhoso. O que a gente leva de bom são as pessoas que conhecemos, porque tem mais pessoas boas no mundo do que ruins”, complementa.

Na volta para casa, o casal passou pelo litoral. Mesmo com o medo, pelos avisos de assaltos no caminho, tudo deu certo no final. Neste retorno, Célio e Valquiria passaram pela ponte Rio-Niterói, com mais de 13 quilômetros de extensão, outro sonho do casal.

Na volta, casal passou por Niterói, no Rio de Janeiro/Arquivo pessoal

Coragem e superação

Apesar do casal ser aventureiro, a viagem foi além de um impulso. A vontade de aproveitar a vida não foi uma decisão fácil, ainda mais em cima de uma motocicleta.

Em 1991, eles perderam um cunhado; em 1993, Célio perdeu um irmão e, em 2007, o casal perdeu um filho. Os três em acidentes de moto.

Segundo Valquíria, eles ficaram oito anos sem falar sobre o veículo. Também, porque o filho gostava muito do assunto. Quando Célio completou 60 anos, conversou com a esposa sobre comprar uma motocicleta e se ela o acompanharia. Ela aceitou. 

“Apesar das perdas, sempre gostamos de andar de moto. Agora, estamos aproveitando para passear, para esquecer um pouco o passado”, reflete Valquíria.

Além disso, Célio conta que sofreu um infarto em 2013 e que tem quatro ponte aorto-coronária, conhecida como ponte de safena. Cair na estrada nessa intensidade, para ele, é para poucos.

Passeio nas dunas em Natal rendeu muitas fotografias e lembranças para o casal/Arquivo pessoal

Novas aventuras

O foco deles é aproveitar a vida, pois cada dia tem muito valor. “Agora, que trabalhamos a vida inteira, é hora de gastarmos dinheiro com a gente. Estamos visitando vários lugares, várias culturas, conhecendo várias pessoas, e o interessante é as pessoas que a gente encontra”, diz Célio. 

Hoje, o casal almeja outras viagens. Em fevereiro ou março de 2020, vão desbravar o Rio Grande do Sul, e em outubro pretendem conhecer o deserto do Atacama, outro sonho de Célio e Valquíria.

A intenção deles é incentivar outros aposentados e pessoas na terceira idade a se arriscarem e viverem a vida intensamente.

“Quando chegar na terceira idade, não é para sentar em uma cadeira esperando a morte ou ir em um bar para tomar cachaça. A gente tem que viver cada segundo”, finaliza Célio.

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