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Para diversificar repertório, instrumentos musicais incomuns atraem músicos de Brusque

Pessoas que já têm noção de instrumentos como o violão e a bateria buscam alternativas como o ukulele e o cajón

O mercado de instrumentos musicais pode até ser movido pelos tipos mais comuns – o violão, por exemplo, é o líder de vendas -, mas, além desses, há muitos outros instrumentos “diferentes” que são explorados pelos músicos. Quem já tem conhecimento musical, além de noções de algum instrumento e de ritmo, gosta de procurar outros para diversificar o repertório.

Valdir Reis, sócio-proprietário da loja V.Kings, no bairro Azambuja, conta que existem muitos instrumentos diferentes, alguns que nem estão disponíveis em seu estoque. “Indo em feiras e encontros de música a gente vê cada coisa que nem imagina. Tem instrumento que eu nem trago pra cá, que eu sei que não vai pegar, por questão cultural”, diz.

Um dos instrumentos “diferentes” que Reis cita é o cajón (pronuncia-se “carrón”). Cajón é o aumentativo de “caja”, palavra em espanhol que significa “caixa”. O instrumento recebe esse nome pois, no Peru colonial, quando os escravos africanos não podiam tocar seus instrumentos de percussão, começaram a utilizar caixas de madeira e até gavetas para fazer música. Por isso diz-se que é um instrumento de origem afro-peruana.

Cajón pode substituir bumbo e caixa de baterias | Foto: Natália Huf

O cajón, hoje, foi aperfeiçoado e existe em vários modelos. O mais comum é no formato de um banquinho, no qual o músico pode sentar-se para batucar. Existe também o cajón de mesa, em formato retangular, e o mini-cajón, numa versão menor do tradicional. Seu preço pode variar de 160 a 700 reais.

Igor Cultz, funcionário da loja de instrumentos V.Kings, é baterista desde a adolescência e há cerca de dez anos conheceu o cajón. Ele conta que, procurando peças para a bateria, encontrou o instrumento como alternativa. “Ele é muito prático. Como eu sempre toquei em barzinhos, ensinei um amigo para ele me acompanhar nos shows”, conta.

Além da praticidade na hora do transporte, o cajón também é um instrumento fácil de tocar. Segundo Cultz, ele pode substituir a caixa e o bumbo de uma bateria, e também produz um som mais acústico e menos agressivo – por isso a preferência de músicos pelo instrumento para shows em locais como bares e pubs. “O pessoal usa muito o cajón em churrasco, também”, acrescenta. “É um bom complemento para o violão, preenche bem o espaço que ‘sobra’ no som.”

Outro instrumento interessante é a escaleta: uma espécie de teclado, mas de sopro. O instrumento só funciona se o música soprar pelo tubinho – sem isso, ele não emite som. De acordo com Leonardo Antunes, também funcionário da V.Kings, é um instrumento que segue a mesma base do teclado.

A escaleta pode também, dependendo do modelo, não ter o tubo, mas um orifício diretamente no instrumento. Embora seu uso seja mais associado à musicalização infantil, é também utilizada por compositores e instrumentistas.

Escaleta produz som quando o músico sopra no tubo flexível acoplado ao instrumento | Foto: Natália Huf

Larissa Stange tem 16 anos e toca violão desde os dez. Ela conta que aprendeu sozinha, com sites e aplicativos que ensinam a base do instrumento. “Mas ali por 2016 começou a ficar meio rotineiro, e eu quis aprender algo novo.” Foi aí que ela comprou o ukulele, instrumento de origem havaiana semelhante ao cavaquinho.

Larissa decidiu aprender o ukulele para “fugir da rotina” e conhecer um instrumento novo . | Foto: Natália Huf

De acordo com o proprietário da loja, Valdir Reis, a procura pelo ukulele tem crescido muito nos últimos dois anos. “É um instrumento simples de tocar, com três notas você já faz uma música, e é barato também.” O ukulele varia, geralmente, de 200 a 400 reais, e existe em vários tamanhos. Quanto maiores as dimensões, mais encorpado é o som que produz.

“O ukulele é bem barato, aí eu comprei um sem nem conhecer direito. Mas, como já tinha a base do violão e noção de ritmo, foi bem fácil de aprender.” Mesmo com os acordes e a afinação sendo diferentes dos do violão, Larissa conta que conseguiu se adaptar rapidamente e até ensinou várias de suas amigas a tocar. “Acho que é um ótimo instrumento para quem quer começar, é muito simples de aprender e de tocar.”

Segundo ela, é uma questão de tempo e prática, quando se aprende um instrumento sozinho. “Meu avô me incentivava bastante. Eu toco mais por prazer mesmo, por diversão. Componho um pouco também, mas tenho vergonha de mostrar minhas letras”, conta. Larissa costuma fazer vídeos tocando ukulele, que posta em seu perfil no Instagram. “Tem gente que me diz que eu devia fazer um canal no YouTube, mas não sei, no Instagram é mais simples”, ri.

Além do ukulele e do violão, Larissa toca também o charango, instrumento de origem andina, da família do alaúde. O charango tem dez cordas e, tradicionalmente, é feito com a carapaça das costas de tatus, mas, hoje em dia, são feitos em madeira. Também é conhecido como “quirquincho”, do Quechua “kirkinchu”, que significa “tatu”.

Tradicionalmente, os charangos eram feitos com a carapaça de tatus. | Foto: Larissa Stange/Arquivo Pessoal

Ela conta que conheceu o instrumento em viagem com a família para o Chile. “Nós vimos numas feirinhas e decidimos comprar. O charango é mais difícil para afinar do que aprender a tocar e aprender os acordes”, diz.

“Como é um instrumento mais desconhecido, não encontrei tanta coisa na internet sobre ele”, conta. Larissa aprendeu a tocar do mesmo modo que aprendeu o ukulele, pesquisando sobre o instrumento. “Por ele ter dez cordas, o som fica muito mais bonito, parece que tem um instrumento acompanhando ele”.

Confira outros instrumentos

Ukulele bass, o “baixolê”, em tradução de Igor, é um ukulele elétrico e com cordas mais grossas e emborrachadas. Quando plugado, produz o mesmo som de um contrabaixo. | Foto: Natália Huf
O chicote de percussão é um instrumento que produz som através do impacto das várias peças de madeira. O ritmo surge pela movimentação do chicote. | Foto: Natália Huf