Para infectologista da Prefeitura de Brusque, aumento no número de casos de Covid-19 é esperado
Ricardo de Freitas comenta medidas restritivas, ocupação de leitos de UTI e situação da pandemia
O aumento do número de casos confirmados de Covid-19 registrados em Brusque já esperado pelo infectologista Ricardo de Freitas, da Prefeitura de Brusque. Ele afirma que a reabertura das atividades havia chegado ao ponto do inevitável e, sem tratamento eficaz ou vacina, não haveria consequências diferentes das vividas hoje no município e na região.
Freitas afirma que a vacina é a única solução para a pandemia. Enquanto não for desenvolvida e disponibilizada, todos estão suscetíveis ao contágio. “É o momento de diminuir um pouco a marcha, fechar, restringir algumas coisas. Isto não impede as pessoas de se infectarem, mas desafoga o contágio, alivia o serviço de saúde. Aliviou o serviço de saúde? Libera um pouco de novo, e vida que segue, até chegar a vacina efetiva.”
O infectologista deixa claro que ainda não há tratamento eficaz para a doença, apenas tentativas. Nenhum medicamento é exemplo de resolução do problema. “Se tem mais do que um, é porque não presta, se houvesse um bom de fato, só haveria um procurado.”
A hipótese de quarentena total não agrada Freitas no ponto de vista econômico. Na visão do infectologista, medidas restritivas mais drásticas e longas trariam impactos econômicos muito maiores, e não impediriam a população de contrair a doença assim que fosse liberada do isolamento. Nesta mesma linha, a conclusão é de que o fechamento de praticamente todas as atividades econômicas não-essenciais em março no território catarinense foi uma ação muito precoce.
“O coronavírus é uma onda. Ela vai se espalhando. O Norte e o Nordeste do Brasil foram a bola da vez há um mês. Hoje, hospitais de campanha já têm sido desmontados. No Sul, fizemos um lockdown muito precoce”, afirma Freitas, que cogita que, depois do Brasil, a pandemia tenha seus picos na África.
Freitas reforça todas as medidas de prevenção necessárias, como o uso de máscara e a higienização frequente das mãos, e sugere que a ocupação das Unidades de Terapia Intensiva em Brusque e no estado tem sido alta por conta de graves acidentes de trânsito.
“Pessoas têm ocupado leitos, medicamentos e o tempo do médico. Se diminuirmos uso e abuso do álcool ao volante, pelo menos durante este período de pandemia, já desafogue um pouquinho o serviço de saúde para quem precisa ser atendido por conta da Covid-19”.
Nesta segunda-feira, 13, o Hospital Azambuja possuía seus 10 leitos de UTI para atendimento geral ocupados. Apenas um não é vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS). No mesmo dia, seis leitos dos 10 exclusivos para a Covid-19 estavam ocupados. De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde na segunda-feira, 13, Brusque tinha oito pessoas em leitos de UTI por conta da Covid-19.