Paracopa Sesc reforça a integração e prática esportiva
Evento começou na terça-feira e tem atividades até este domingo
Evento começou na terça-feira e tem atividades até este domingo
Os dois últimos dias de atividades da ParaCopa Sesc 2018, neste fim de semana, permitiram aprendizado e emoção para quem visitou a unidade do Sesc do município. Além da integração entre praticantes de esporte adaptado e o público local, o evento contou com atividades educativas ao longo da semana, como palestras e Workshop abordando a inclusão social.
Durante o sábado, oficinas e demonstrações de diferentes modalidades, como o basquete e o tênis de mesa para cadeirantes ou o xadrez e o Goolball para os deficientes visuais foram as principais atrações. No domingo, a final da Copa Santa Catarina de Basquete Sobre Rodas, além do Festival de Futebol Suíço e Vôlei de Areia para Deficientes Auditivos encerram a programação, a partir das 9h.
Na quadra ou nos tabuleiros, a adaptação e superação das dificuldades é uma máxima recorrente entre os paratletas. O brusquense Everson Thomaz, 33, viu no basquete uma forma de manter a rotina esportiva. Sempre foi ligado ao esporte, principalmente no futebol, onde disputou torneios amadores no município e regionais, mas um acidente, em 2006, quase interrompeu seu desenvolvimento esportivo.
Há cerca de 10 anos ele passou a integrar a equipe da Apedeb. “Foi um convite de um amigo e que foi muito importante para mim. Como já era do esporte, foi fácil me integrar”, resume. A decisão de buscar alguma modalidade, afirma, não é tão comum no município e muitos deficientes acabam tendo um convívio social limitado.
“O esporte, para mim foi uma válvula de escape para eu não ficar dentro de casa e socializar com todo mundo, conhecer outros tipos de deficiência. Cada um tem sua limitação, mas tem que se procurar o que é produtivo para a gente, pois, o mundo não parou”, descreve Thomaz.
Busca por apoio
O cenário também dificulta a montagem de times competitivas para torneios nacionais. Com isso, o grupo tem buscado integrar jogadores de municípios como Gaspar e Joinville. Neste ano, a equipe disputou o Campeonato Catarinense de Basquetebol em Cadeira de Rodas, onde ficaram em segundo lugar. Os retrospectos já permitiriam a participação na terceira divisão do campeonato nacional da modalidade, mas a falta de recursos adiou o sonho da Apedeb.
Entre os atletas que passaram a integrar a equipe recentemente está Aldo Pavesi, 40, jogador de basquete sobre cadeira de rodas há mais de 25 anos. De família de origens em Brusque e Botuverá, ele jogava na equipe de Joinville.
Professor de educação física, Pavesi destaca a importância do esporte na reabilitação da vida da pessoa com deficiência. Apesar dos incentivos fiscais e normativas sobre o tema, reconhece a dificuldade de apoio e incentivo à modalidade, assim como a inclusão no mercado de trabalho deste público no país.
De acordo com ele, projetos e parcerias locais poderiam estimular o esporte entre pessoas com deficiência no município, permitir acesso ao mercado de trabalho e melhorar a qualidade de vida. Hoje, com apoios do Sesc e do Poder Público, a equipe consegue treinar uma vez por semana.
Para ele, o movimento por integração no município é positivo e deve colaborar na busca pelo primeiro título da cidade na modalidade. “É um intercâmbio muito bacana e isso faz que o nível dos atletas daqui aumente também. O nível de Brusque no cenário do basquete catarinense e da região sul aumentou bastante e sempre entre as melhores equipes do estado”.
Estratégia e inclusão
As dificuldades de inclusão enfrentadas nas quadras também estão presentes na rotina dos jogadores de xadrez para deficientes visuais. Sidinei Pavesi, 40, começou a jogar há 22 anos. No período, competiu em torneios estaduais, nacionais e na América Latina. Hoje, mantém-se atuante, além de participar de exibições, como a Paracopa deste fim de semana no Sesc.
O brusquense salienta o papel social da ParaCopa deste fim de semana, como forma de aproximar possíveis praticantes do jogo. Segundo ele, os reflexos do xadrez não ficam limitados à função integração mas auxilia no desenvolvimento das pessoas com deficiência visual. “É um jogo que, além de estimular o raciocínio lógico e a atenção, faz com que a pessoa com deficiência tenha a noção de lateralidade, diagonal, para se ajudar na orientação e mobilidade”.
Ele passou a jogar quando já era deficiente visual. Utilizou um tabuleiro espanhol adaptado que estava na Biblioteca Pública Ary Cabral para seus primeiros movimentos.Com o intercâmbio com jogadores de outros municípios, passou a ensinar novos enxadristas, como Sanderlei Fumagali, 37, há 12 anos.
Até os primeiros ensinamentos de Pavesi, Fumagali não conhecia o básico do esporte. Desde lá, foi campeão estadual individual duas vezes e por equipe, uma vez, antes de recuperar a visão de um dos olhos e deixar as disputas.
Seu contato com o jogo surgiu após passar a integrar a Associação dos Deficientes Visuais de Brusque (ADVB). A troca do futebol pelo xadrez veio com a perda da visão em um acidente de trabalho, em 2003. Hoje, o jogo faz parte de sua rotina e está presente nos encontros do grupo.