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Partidos políticos da região têm dificuldade em preencher cota mínima de candidatas mulheres

Legislação obriga que pelo menos 30% das candidaturas de cada coligação sejam reservadas a cada gênero

Nas convenções partidárias realizadas na primeira semana de agosto, os partidos políticos da região tiveram que suar a camisa não só para fechar as coligações, mas também para cumprir a exigência legal de distribuição mínima de 30% das vagas para concorrer a vereador para mulheres.

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No âmbito municipal, a obrigação de preenchimento mínimo de 30% das vagas para cada gênero existe desde a eleição de 2012. Na prática, entretanto, parte das siglas partidárias têm dificuldade em cumprir essa exigência.

“Não foi difícil fechar a cota para mulheres, no entanto, a questão de ter de fechar uma cota mínima de candidatas mulheres acaba se tornando um problema, para muitos partidos, na reta final da campanha”, afirma o prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene (PMDB), que é pré-candidato à reeleição.

Segundo o prefeito, quando começa o ano eleitoral, nas primeiras reuniões, dezenas de pessoas se propõem a serem candidatos, tanto homens quanto mulheres, as quais são em número menor, comparativamente.

No entanto, com o passar do tempo, diminui o número de interessados em se candidatar, em ambos os sexos, e na hora de definir a nominata de candidatos, isso pode se tornar problema para alguns partidos.

“Às vezes não tem mulheres com vontade de serem candidatas, e muitos partidos acabam as obrigando a concorrer”.

Para Nene, não obstante, a legislação deve prever as cotas mínimas. “O espaço para as mulheres tem que existir. Se não for assim o homem acaba tomando conta”.

Ele diz que a melhor solução para evitar problemas na hora de compor a nominata é trabalhar o papel da mulher nos partidos não só durante a eleição. “Para que preencher as vagas não acabe se tornando um problema para os partidos”.

Pouca participação feminina

O vereador Ivan Martins, presidente do PSD de Brusque, também reconhece essa dificuldade na hora de montar a campanha eleitoral.
“Realmente os partidos têm dificuldades para manter essa igualdade entre os sexos. Na minha opinião, isso decorre da pouca participação feminina na política. Poucas mulheres querem ser candidatas”, analisa o parlamentar.

Martins diz que os partidos, ao fim das convenções, sempre conseguem preencher a cota de 30% de mulheres exigida por lei. Entretanto, não sem alguma dificuldade e trabalho de convencimento durante o ano eleitoral.

“A participação da mulher ainda é muito pouca. Elas teriam que ser mais assíduas, falta interesse nesta participação”, afirma.

Matias Kohler, prefeito de Guabiruba e candidato à reeleição, vê problema na imposição de uma cota mínima, apesar de se declarar favorável à lei.

“A gente sabe que tudo que é imposto por cotas muitas vezes não vai ter o resultado desejado. É muito mais vantajoso estimular a participação do que simplesmente obrigar”, opina.

Ele relata que seu partido, o PP, teve dificuldade para preencher a cota mínima de seis candidatas na nominata que concorrerá à Câmara de Vereadores. Segundo Kohler, nas reuniões iniciais o partido já havia conseguido quatro nomes que se dispuseram, espontaneamente, a concorrer em outubro.

Para os dois nomes restantes, o PP teve que fazer um trabalho de convencimento, já que não havia mais mulheres interessadas em serem candidatas.

“Tivemos que motivar. É uma dificuldade normal que ainda existe nos partidos. As mulheres ainda resistem [a participar], se sentem menos valorizadas”, afirma Kohler.

Representatividade é baixa

Apesar da legislação, as mulheres ainda são minoria nas Câmaras municipais. Na última eleição, Brusque e Botuverá elegeram apenas uma mulher para seus parlamentos. Guabiruba não teve nenhuma eleita.

No país, a situação não é diferente. Segundo pesquisa divulgada em fevereiro deste ano pelo governo federal, as mulheres ocupam apenas 13,5% dos cargos nas câmaras municipais e 12% das prefeituras de todo o país.

Entre as eleições de 2008 e 2012, o número de candidaturas femininas para as 5.568 câmaras municipais saltou de 72.476 para 133.864, crescimento de 84,5%. No entanto, esse aumento não fez com que mais mulheres se tornassem vereadoras. Em 2008, 8,9% das concorrentes se elegeram para as câmaras municipais. Em 2012, o percentual caiu para 5,7%.