“Passo por incômodos todos os dias”, presidente da Acapra relata situação de constrangimento em Brusque
Moradora exigiu atendimento da ONG
Moradora exigiu atendimento da ONG
A presidente da Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra), Jéssica Ricardo, diz viver diversas situações de constrangimentos por ser voluntária da causa animal, mas neste mês de agosto o caso foi um pouco diferente. Ao invés de ser abordada, quem precisou passar pela situação constrangedora foi a sua avó que tem mais de 70 anos.
Por atuar há diversos anos na causa, Jéssica está acostumada com alguns incômodos e constrangimentos gerados pelos moradores, que acreditam que ela é obrigada a atender todos os animais. Ela relata que, inclusive, após descobrirem seu antigo endereço, pessoas começaram a abandonar animais perto de onde ela morava.
Mesmo tendo saído do local no bairro Águas Claras, as pessoas continuam indo até lá em sua procura. Na época ela morava junto com os seus pais, em frente à casa da sua avó e, como a Jéssica não foi encontrada, ela passou a ser abordada por quem procurava pela ajuda da Acapra.
No começo do mês uma mulher foi até o local e falou de forma agressiva, através da idosa. Ela buscava ajuda para alguns gatos que foram abandonados no bairro Rio Branco. Ao ser abordada, a avó de Jéssica fez o contato com a neta para falar sobre o caso.
A presidente de Acapra orientou que o pedido de ajuda deveria ser feito através do Instagram, onde uma equipe de voluntários atua e que no momento ela não tinha espaço para resgatar gato, até que algum fosse adotado. Apesar da orientação, a mulher pediu para enviar um áudio para Jéssica explicando a situação. Foi nesse momento que a voluntária sentiu a atitude agressiva.
No áudio a mulher diz não ter Instagram, apesar da orientação de que a conta de um amigo poderia ser utilizada para fazer o contato, e que seria obrigação da ONG ajudar o animal. Na mensagem ela relembra que a Acapra tem um acordo com a prefeitura e fala “Eu tenho obrigação de pagar meus impostos e não de cuidar dos gatos”.
A atitude da mulher causou incômodo na Jéssica, pois ela foi atrás da sua avó que não tem relação com a ONG. “É uma situação complicada porque eu escolhi ser voluntária e estou ciente de que vou passar por situações assim, eu passo por situações de constrangimento e me incômodo todo dia, mas a minha avó não escolheu isso”, afirma.
“A Acapra é uma Organização Não Governamental que atua na cidade de Brusque desde 1999, formada por voluntários (atividade não remunerada) que se dedicam no gerenciamento humanitário de animais de rua, especialmente os casos graves (doentes e machucados).
Para esses atendimentos e procedimentos veterinários, temos parceria com algumas clínicas da cidade que cobram preços mais acessíveis e dão um prazo para pagamento. Não temos sede, abrigo, veterinário e não somos um grupo que recolhe animais.
A “remuneração” dos voluntários é feita através de doações bem sucedidas onde os animais doados ficam longe dos maus tratos e do sofrimento causado pelo ser humano.
A instituição não é obrigada a resgatar animais nem resolver o problema, somos apenas um grupo de pessoas que se uniu para tentar fazer a diferença, mas nossos voluntários tentam dentro de suas limitações ajudar o maior número de animais possíveis.
Os valores que pedimos de doação são para os custos com os animais já resgatados, por isso, mesmo que as doações entrem, isso não significa que temos a obrigação de resgatar. Nossa obrigação é com a transparência no que diz respeito as doações recebidas. Postamos em nossas redes sociais as prestações de contas, assim como enviamos todo mês para o escritório de contabilidade. E em casos de convênios com a prefeitura nós fazemos uma prestação de contas específica para o órgão também. Além disso, nossos voluntários estão a disposição para qualquer tipo de esclarecimento.
O sonho é que todos os animais sejam salvos, mas enquanto isso não acontece nós vamos ajudando em pequenos passos.
Inclusive gostaria de deixar o convite a população: venham fazer sua parte também, se unam ao nosso grupo. Quanto mais pessoas envolvidas mais animais serão ajudados!”