X
X

Buscar

Patrimônio do Cedrense, Joaquim conta histórias das glórias no futebol amador

Ainda atuante aos 52 anos, Moninho é um dos pilares do clube do Dom Joaquim

As lembranças de Joaquim Tabarelli se confundem com a própria história do Sport Club Cedrense, bem como do bairro Dom Joaquim. Seu pai ajudou a fundar o clube em que foi jogador por muitos anos. Ele segue treinando no Cedrense durante a semana mesmo aos 52 anos e até a grama do campo, o Moninho, como é conhecido entre os amigos, ajudou a plantar.

Com uma vida dedicada ao futebol, Joaquim coleciona títulos e medalhas. O tempo parece fazer cada vez melhor para ele que, há algumas semanas, comemorou um título no futebol de areia, em Balneário Camboriú. Além da grama e da praia, ele é facilmente encontrado nas quadras e campos de society da região, sendo uma das peças importantes para os frequentes títulos Sênior do Dom Joaquim nos Jogos Abertos Comunitários de Brusque.

Joaquim desenvolveu seu futebol nos campeonatos amadores de Brusque e região, principalmente entre o fim dos anos 80 e a década de 1990. Atuando em diversas posições diferentes – ponta direita, lateral-direito e até zagueiro – foi no meio-de-campo que mais obteve sucesso.

O segredo para se manter atuante após os 50 anos, conforme explica, é ter uma rotina saudável – sem cigarro ou bebida em excesso – além de seguir na prática de atividades físicas. “Até hoje, se me chamarem pra jogar bola, eu vou. É só me dizer o horário”, brinca.

Dedicação a Dom Joaquim

Joaquim exibiu medalhas, troféus, camisas e outros artigos na sua casa. Foto: Cristóvão Vieira

Hospitaleiro, Moninho abriu as portas de sua casa, na companhia da bela família, todos com brilhos nos olhos ao relembrar as memórias do atleta. Em uma das paredes ele guarda importante quadro com um fragmento da história do bairro Dom Joaquim: uma foto comprovando que, há cerca de cinco décadas, a hoje povoada comunidade contava apenas com um pequeno grupo de casas e galpões, sendo tomada pelo mato e pelas árvores.

“Nós não tínhamos muitas opções. O futebol era nosso lazer. Tudo era muito difícil, nossas primeiras bolas eram feitas com bexiga de porco e a gente jogava descalço”

O nome semelhante ao do bairro não é apenas uma coincidência. Seu nascimento foi realizado na comunidade, e o padre Vendelino, muito conhecido na época, recomendou que esse fosse seu nome. Desde a infância até os dias de hoje, mora no mesmo terreno, que é todo da família.

Desde criança, sempre gostou de futebol. Logo na frente da sua casa havia um campinho, e foi naturalmente que o esporte entrou em sua vida. “Nós não tínhamos muitas opções. O futebol era nosso lazer. Tudo era muito difícil, nossas primeiras bolas eram feitas com bexiga de porco e a gente jogava descalço”.

Lembranças guardadas

Joaquim guarda 46 camisas de diferentes clubes que defendeu. Foto: Cristóvão Vieira

Moninho apresentou uma quantidade infindável de taças, medalhas e fotos dos tempos áureos no campo, nas areias e nas quadras. Também as camisetas: são 46 diferentes mantos que vestiu dos mais variados clubes de Brusque e região. As glórias sempre o acompanharam, e renderam muitas premiações que ele guarda e ostenta com carinho. Ele colocou todos os objetos em cima de uma longa e bela mesa, feita por ele mesmo, que é marceneiro.

Aliás, fez questão também de exibir as belas peças produzidas com madeira de demolição, inclusive a cabeceira da cama feita com cedro colhido no próprio bairro – árvore que existia em abundância na localidade, não a toa o clube chamar-se Cedrense.

Em duas antigas fotos ele apresentou a fundação do Sport Club Cedrense, com seu pai entre os fundadores. “Ele foi jogador, um dos melhores da sua época. Tenho também meu filho, Joaquim Tabarelli Junior, que joga pelas equipes da cidade”, explica Moninho, mostrando que a família seguirá representada no esporte.

Para ele, a queda na qualidade dos campeonatos atualmente tem a ver com a falta de comprometimento de muitos atletas. “Naquela época nós levávamos a sério, a rivalidade entre bairros era grande. Nós íamos de Dom Joaquim até o Paysandú, no Centro, de pé descalço, pra poder jogar. Os pés chegavam a encher de rosetas. Hoje é difícil encontrar grupos de jovens interessados no esporte, até porque existem muitas alternativas no fim de semana”.

Joaquim sempre foi um atleta respeitoso dentro e fora de campo. Com isso, conquistou além de troféus e medalhas, também a amizade de muitas pessoas. “É o que eu levo comigo. Sempre gostei de tratar bem as pessoas, e onde eu vou sou reconhecido, nos clubes e bairros em que joguei. Fiz grandes amigos no futebol”.