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Pe. Alberto Francisco Gattone: síntese de uma trajetória

Falando mais um pouco sobre personagens da história regional, o artigo de hoje é dedicado ao Pe. Alberto Francisco Gattone, que prestou relevantes serviços à Gaspar, Blumenau e Brusque. Filho de João Gerard Ignatz Gattone e de Ernestina Frederica Gerike, nasceu em Schladen (Goslar), bispado de Hildesheim (Alemanha) em 1834. Cursou Filosofia e Teologia, ordenou-se padre no fim de 1858 e foi designado para trabalhar em Hannover. Em agosto de 1860 obteve permissão para seguir a vida missionária e seguiu para o Brasil com o propósito de auxiliar nos trabalhos pastorais. Aportou em São Francisco (Joinville) em novembro de 1860, a bordo do veleiro ‘Louise Friederike” e, em seguida, foi designado padre residente na capela Belchior, tendo sido o primeiro vigário da Freguesia de São Pedro Apóstolo (Gaspar).

Além de Gaspar, Pe. Gattone atendia no Garcia, no Badenfurt, no Testo Salto e na sede da Colônia Blumenau. Também visitava a capela de Brusque (normalmente 2 vezes ao ano). Em Ilhota, substituiu, temporariamente, o vigário de Itajaí. Onde não havia capela, o vigário celebrava os sacramentos em casas particulares. As viagens eram penosas e até perigosas. Locomovia-se a pé (nas picadas da mata vigem), a cavalo e de canoa. É possível imaginar as dificuldades e obstáculos nessas incursões evangelizadoras…

Não faltaram desentendimentos entre Pe. Gattone e o Dr. Blumenau. Numerosas solicitações, queixas e reclamações são comprovadas pelos vários documentos e relatórios que denotam desavença entre eles. Mas apesar disso, o Dr. Blumenau não deixou de advogar, perante o Presidente da Província, o direito do Pe. Gattone receber os vencimentos pretendidos. Em 1867 Pe. Gattone celebrou a última missa em Gaspar e foi para Brusque, onde assumiu a recém-criada capelania. Retornou a Gaspar na festa de São Pedro para a inauguração da nova matriz iniciada por ele e construída no terreno doado pelo do Dr. Blumenau em 1857. Neste terreno a comunidade católica construiu a igreja (atual localização), a casa paroquial e o cemitério.

Depois de instalado em Brusque, o Pe. Gattone continuou visitando as capelas de Blumenau, Pocinho, Garcia e Testo Salto durante sete anos. Em que pese as desavenças nas quais esteve envolvido, primeiro com o Dr. Blumenau, e depois com o Barão de Schnneburg em Brusque, (conforme relatado pelo historiador Oswaldo Cabral), Pe. Gattone, ao mesmo tempo em que prestava atendimento religioso nas várias capelas que pertenciam à Freguesia São Luiz, também se dedicou ao magistério. E, por ocasião da catastrófica enchente de 1880 prestou relevante assistência social, tendo sido agraciado pelo Governo Imperial com as insígnias da “Ordem da Rosa”.

Pe. Gattone era homem culto e falava latim, português, alemão, italiano, francês e inglês. Foram 22 anos à serviço do evangelho como missionário. Uma vida cheia de privações, de árduos trabalhos e saúde precária. Permaneceu em Brusque até 1882 e, em seguida, foi vigário de Laguna (SC), indo depois para a paróquia de Vassouras (RJ) e, mais tarde, foi capelão da Igreja da Glória (RJ). Faleceu em 1901 no Rio de Janeiro e está sepultado no cemitério do Caju, na quadra São Pedro (Fonte: Texto de Pe. Antônio F. Bohn, Blumenau em Cadernos – ISSN 0006-5218).

E agora, ao encerrar mais uma “contação de história regional”, tenho o prazer de convidá-lo, caro leitor, para, a partir da próxima semana, acompanhar a série “Fragmentos da História da Colonização Alemã em Santa Catarina”, que será publicada nesta coluna uma vez por semana durante todo o mês de setembro de 2016.