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Pelas barbas do coelho

Tudo é rápido, ligeiro, frenético! “Ai meus bigodes! É tarde, é tarde, é tarde!” – disse o coelho a Alice, lá em 1800…

Vem cá, quando foi que começamos a correr contra o relógio? Ou eu deveria estar perguntando quem foi o doido que inventou esse tal de relógio para podermos correr contra seu tempo, que nunca para? (Ufa!)

Dia desses, em uma das edições passadas que o tempo já tratou de pôr no esquecimento, tinha um texto falando sobre o quanto “ir devagar”nunca esteve tão em alta. Imagino quantas pessoas passaram (correram!) os olhos pelo texto, sem chegar até o fim, pois alguma outra ideia estava chamando, e o tique-taque mental ordenava apurar o ritmo.

Tenho que dizer: o tema sempre me chamou atenção de uma maneira bem subjetiva. Sou uma apreciadora de pequenas coisas, valorizo detalhes que quase ninguém vê, e sei da importância (que eu dou) em degustar os segundos um por vez. Desde criança me pergunto por que, oh céus, este coelho tem tanta pressa!? Não que eu já não tenha encontrado muitas explicações… Meu trabalho final de graduação (o monstro TCC) teve a própria pressa como base conceitual. Uau.

Mas claro que isso não significa que eu, inúmeras vezes, não caia na armadilha da impaciência, justamente o anseio de aproveitar cada momento ao máximo é que nos leva a ficar de olho no relógio. Nos fazendo criar expectativas sobre o quanto o próximo momento tem tanto potencial de ser melhor do o que passou. Ou apenas diferente, pra não deixar o clichê de lado.

Temos de convir que a paciência é um exercício e um desafio constante. Temos medo de olhar adiante e não gostar do que virmos, ironicamente, corremos atrás deste futuro sem dó, pois a angústia de ficar parado enquanto o tique taqueia, parece insuportável.

Mais uma vez deixo a vocês a pergunta: quando foi que nos tornamos tão intolerantes?

Ah! E só para constar, toda dúvida carrega consigo o poder transformador da reflexão.

 

 

Eduarda Padoin – Psicóloga