Peninha: “acho muito difícil a reforma da Previdência ser aprovada”
Em visita a Brusque, deputado federal falou sobre as reformas e a política nacional
Em visita a Brusque, deputado federal falou sobre as reformas e a política nacional
O deputado federal Rogério Mendonça, o Peninha (PMDB), esteve em Brusque nesta quarta-feira, 3, em visita a correligionários e para se reunir com o prefeito Jonas Paegle e com o vice-prefeito Ari Vequi.
Na ocasião, Peninha, que já adiantou que irá concorrer novamente à Câmara dos Deputados no próximo ano, ouviu reivindicações do governo a respeito de projetos que estão parados em Brasília, e disse que deverá intermediar respostas junto a ministérios em Brasília.
Em entrevista ao jornal O Município, ele falou sobre este e outros assuntos, sobretudo o clima político em Brasília, onde o presidente Michel Temer, do seu partido, tenta aprovar reformas em meio a uma crise de popularidade da classe política.
Para o deputado, o Brasil é como um caminhão desgovernado, indo ladeira abaixo, sem freio, “que a Dilma não estava mais conseguindo controlar”, diz. Ele afirma que a missão de Michel Temer tem sido reduzir a velocidade do carro, pará-lo, e levá-lo de volta para cima.
“É uma fase difícil, mas como ele não tem preocupação com a próxima eleição, ele está fazendo as reformas que o Brasil precisa”, diz. “Ele está preparando o Brasil para o próximo presidente, que vai assumir em 2018. Lá na frente o governo Temer será reconhecido”.
Peninha avalia que o fato de o governo ter ministros delatados na operação Lava Jato não afeta a sua credibilidade para propor reformas.
“Se as denúncias forem acatadas, o presidente tem que demitir de imediato”, afirma, “mas a grande legitimidade do governo é a equipe econômica, que tem feito um trabalho muito sério”.
A favor do fim do foro privilegiado, Peninha também avalia como benéfico o projeto de lei que trata de abuso de autoridade de membros do Ministério Público e do Judiciário, e diz não acreditar que a reforma da Previdência seja aprovada na Câmara.
Questionado sobre os primeiros meses de governo do prefeito Jonas Paegle, Peninha diz que se trata de um período de muitas dificuldades.
“Eu já fui prefeito e ao término de meu primeiro mandato eu era muito criticado, porque eu tinha que botar a casa em dia primeiro”, afirma.
“Acredito que é isso que esta acontecendo aqui em Brusque. Mas tenho certeza que ele fará um grande mandato, até pelo perfil dele”.
Segundo o deputado, o prefeito está “sendo muito firme na questão de não contratar todo mundo”. Peninha avalia que há pressão dos partidos aliados cobrando mais espaço no governo, mas o prefeito não pode ceder.
Peninha votou a favor da reforma trabalhista, a qual passou com uma margem mínima de votos na Câmara dos Deputados. Ele diz que “votaria a favor quantas vezes forem necessárias”.
O deputado aprova o fim da contribuição sindical obrigatória e também a prevalência do acordo coletivo sobre a legislação, assim como a redução do horário de intervalo intrajornada. “Todos os direitos trabalhistas continuam”, garante.
Ele afirma que “só quem é contra a reforma são os sindicatos, pessoal com tendência de esquerda, PT, PSOL”.
“Como dizia o Roberto Campos, que foi ministro da fazenda, a esquerda do Brasil não gosta de pobre, gosta de funcionário público. O funcionário público federal é uma classe privilegiada. O trabalhador de empresa não saiu para greve, para mobilização”, afirma o deputado.
O deputado federal se diz indeciso quanto à votação da reforma da Previdência. Ele afirma que, da forma como o governo apresentou, ela não passaria.
Diz que já houve melhoria do panorama com as negociações, mas que a proposta ainda precisa ser modificada. “O governo cedeu em muitos aspectos, estou aguardando ainda algumas mudanças e, se forem atender, até poderei votar favoravelmente”, diz.
Porém, Peninha é cético quanto à possibilidade de aprovação da reforma.
“Acho muito difícil essa reforma da Previdência ser aprovada, porque precisa 308 votos. A trabalhista conseguimos aprovar com 295 votos e tem mais de 20 deputados que votaram a favor da trabalhista e votam contra a da Previdência”, avalia.
“O governo vai tentar de todas as maneiras, mas acho que dificilmente consegue o número de votos para aprovar”.
Questionado sobre a mudança de postura do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que é de seu partido e sistematicamente tem atacado o governo, Peninha afirma que ele está tentando salvar-se perante o eleitor, já que a coisa está feia no Judiciário.
“O senador Renan Calheiros já devia estar na cadeia. Com o que tem de denúncia contra ele, não sei como ele ainda está resistindo”.
“Na verdade ele está tendo uma postura mais preocupada com a eleição dele e do filho dele lá em Alagoas, que é governador. A situação dele é muito ruim, ele está se aliando ao Lula e essas esquerdas, que lá no nordeste, infelizmente, elevam as projeções do Lula para presidente. Ele quer ficar do lado, é puro oportunismo”, discursa Peninha.
“Mesmo sendo do meu partido, acho que Renan Calheiros é um mal para o país, o que ele fala não acredito e não levo em conta, o lugar dele deveria ser na cadeia”, conclui.