Pesquisa aponta Brusque com uma das médias mais altas do mundo de câncer de pele melanoma
Estudo foi desenvolvido por Karla Patricia Casemiro, Deliza Loos, Adma da Silva e Rodrigo Kraft Rovere
Pesquisa realizada em Brusque revela que mulheres acima de 51 anos são as principais vítimas do câncer de pele melanoma. Através do mesmo estudo, realizado através da base de dados do laboratório Vitalab, pelas médicas patologistas Karla Patricia Casemiro e Deliza Loos, a dermatologista Adma da Silva e pelo oncologista Rodrigo Kraft Rovere, constatou-se que Santa Catarina é um dos estados brasileiros com maiores taxas deste tipo de câncer no Brasil.
No total, 212 pacientes participaram da pesquisa “Epidemiologia do Melanoma no sul do Brasil: estudo de uma cidade no Vale do Itajaí, de 1999 a 2013”. O estudo, que foi apresentado em congresso internacional nos Estados Unidos e divulgado em revistas cientícias, avaliou o perfil epidemiológico dos pacientes e mostrou que mais de 50% das pessoas afetadas com o problema são do sexo feminino.
Existem dois tipos de câncer de pele: os não melanoma e os melanomas. Os não melanoma representam 94% do total dos casos de câncer de pele. Estão ligados à exposição crônica ao sol em pessoas com mais de 50 anos e de pele e olhos claros. Quando tratados precocemente e dependendo de seu tipo histológico (característica própria do tumor que é definida após a biópsia), podem chegar a altos índices de cura.
Já o melanoma, objeto da pesquisa de Rovere, é menos frequente, de pior prognóstico e mais alto índice de mortalidade, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos). Surge como uma pinta escura ou sobre uma pinta ou sinal pré-existente que pode crescer, mudar de cor ou apresentar sangramento. As pessoas de pele clara, que têm muitos sinais e história de familiares próximo são mais suscetíveis a este problema.
Rovere, um dos idealizadores do Centro de Oncologia e Hematologia (Oncor), localizado em Balneário Camboriú, diz que a quantidade de pacientes atendidos por ele foram uma das razões que o incentivaram a desenvolver esta pesquisa.
“Um dos motivos de ter sido feito em Brusque é que não havia nada parecido na região até aquele momento. A quantidade de pacientes que a gente atende no consultório com melanoma é muito fora do normal, então algum motivo especial com certeza havia por aqui”, conta.
O câncer de pele é o mais frequente em pacientes do Brasil – corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados. O melanoma representa 3% das neoplasias malignas do órgão. O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom se detectado em sua fase inicial.
O tronco foi a região com mais incidência do câncer de pele melanoma, seguido pelos membros superiores. A pele mais clara, por conta da descendência germânica de boa parte da população, é mais sensível à exposição solar e um fator que pode influenciar nesse alto índice do problema.
Rovere conta que os resultados da pesquisa em relação à quantidade de pacientes com melanoma em Brusque surpreendeu.
“Surpreendeu bastante, porque se a gente comparar a média de melanoma relacionado à população, está entre as mais altas do mundo. É um dado, que, indiscutivelmente, salta aos olhos”, admite.
A pesquisa é uma contribuição para a medicina identificar e auxiliar no acompanhamento de pessoas que apresentam maior probabilidade de ter a doença. Rovere explica que a melhor forma de se prevenir do melanoma é a exposição solar com responsabilidade, ou seja, com uso de proteção solar, roupas de algodão, chapéu e óculos de sol, além de evitar ficar sob o sol entre 10h e 16h.