Pesquisa aponta que três a cada 10 catarinenses admitem comprar produtos piratas
CDL de Brusque quer inibir a atuação de vendedores ambulantes no município
Pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC) mostra que três a cada dez catarinenses admitem que consomem produtos piratas, ou seja, 32% dos entrevistados.
A principal motivação são os preços mais atrativos, de acordo com 69,7% dos respondentes. O levantamento confirma o dado de que as classes D e E, ou seja, os mais pobres, são os que mais compram artigos falsificados.
Enquanto de modo geral o número de pessoas que admitem a prática caiu de 57%, em 2015, para 32%, em 2016, a porcentagem de consumidores mais pobres adquirindo pirataria subiu oito pontos percentuais, de 28% para 36%.
Os eletrônicos são os preferidos dos falsificadores e isso se refletiu na pesquisa. Dos entrevistados, 39,2% adquiriram CDs e DVDs, e em seguida estão as roupas (10,6%).
A pesquisa da Fecomércio-SC foi realizada nas cidades de Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joinville e Lages.
Concorrência desleal
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque, Michel Belli, diz que a pirataria é um problema que deve ser combatido. Para ele, trata-se de concorrência desleal, praticada principalmente por ambulantes.
“É desleal porque não paga imposto. O lojista que faz tudo dentro da lei tem que repassar os custos”, afirma Belli. A pirataria prejudica lojistas e, consequentemente, empregos, uma vez que sem vendas a tendência é que os empresários demitam.
A CDL já articula com o novo governo municipal uma lei para inibir o comércio de ambulantes. Segundo Belli, o prefeito Jonas Paegle já foi contatado e estudará junto à Procuradoria-Geral o que fará sobre o tema. O mais provável é que uma lei tenha que ser criada.
17 lojas irregulares
No entanto, lojas devidamente legalizadas também vendem produtos piratas. A Polícia Civil, em parceria com a Polícia Militar e o Ministério Público, realizou em setembro do ano passado uma apreensão de mercadorias falsificadas das marcas Lacoste e Tommy Hilfiger em 17 lojas de centros comerciais de Brusque.
À época, representantes das empresas afetadas estiveram no município, realizaram levantamento dos estabelecimentos irregulares e repassaram à Polícia Civil, que cumpriu o mandado de busca e apreensão. Entre os produtos apreendidos estavam peças de roupas, tênis e bonés.
Os proprietários das lojas respondem a um inquérito policial e poderão ser indiciados por violação de propriedade industrial.
Prejuízo aos lojistas
Somente entre 2012 e 2015, informa o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade, o prejuízo do país com o comércio de produtos falsificados somou R$ 115 bilhões, entre perdas da indústria e o valor que o Estado deixou de arrecadar com a sonegação fiscal.
O levantamento também indicou que 93,7% dos respondentes sabem que a pirataria prejudica os fabricantes. “Estes resultados são preocupantes, pois mostram uma naturalização da questão no estado. Ou seja, as pessoas entendem os reflexos da pirataria, mas continuam adquirindo”, diz o presidente da Fecomércio-SC, Bruno Breithaupt.