Pesquisa mostra avaliação do governo Jair Bolsonaro pela população de Brusque
Levantamento foi realizado pelo Instituto Mapa, nos dias 27 e 28 de outubro
Levantamento foi realizado pelo Instituto Mapa, nos dias 27 e 28 de outubro
A avaliação do governo Jair Bolsonaro em Brusque é positiva para 59% e negativa para 26% dos brusquenses, de acordo com pesquisa do Instituto Mapa. No total, 406 pessoas foram entrevistadas entre 27 e 28 de outubro. A pesquisa, registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número SC-06288/2020, tem margem de erro máximo de 4,9 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
No total, 39% dos entrevistados avalia o desempenho geral do governo Jair Bolsonaro como ótimo e 20% bom. Por outro lado, 20% considera a administração do presidente péssima, e 6% ruim. Outros 14% avaliam como regular. Apenas 1% dos entrevistados não soube opinar.
Para o analista político Ivo Barni, os números indicam que o brusquense continua mantendo elevado índice de confiança no governo Bolsonaro, apesar das turbulências provocadas pela Covid-19.
“Isto reflete também o otimismo e a satisfação pela ação governamental, que tem permitido que a economia local (principalmente o segmento têxtil), desenvolva-se em seu potencial máximo. Isto gera trabalho e renda, superando de maneira até surpreendente a crise provocada pela pandemia. O governo Bolsonaro não registra até o momento nenhum escândalo de corrupção ou malversação de dinheiro público, que sustentam sua credibilidade”.
Em porcentagem, a maioria dos brusquenses que avaliaram o governo Bolsonaro como positivo é de homens entre 45 e 59 anos e com ensino superior. Entre os que consideram a administração ruim ou péssima, a maioria é de mulheres entre 16 e 24 anos com ensino superior.
Para o economista, sociólogo e cientista social Eduardo Guerini, a avaliação positiva ser maior entre os homens tem a ver com a agenda política de Bolsonaro.
“No universo feminino, as avaliações negativas são maiores porque as políticas têm sido extremamente preconceituosas, misóginas e homofóbicas. Existe uma visão pessimista desse universo em relação ao governo. Esta agenda de costumes acaba reforçando a avaliação positiva do universo masculino, principalmente dos mais velhos”.
Guerini avalia que há um declínio ao apoio das agendas de Jair Bolsonaro por todo o país e também em Santa Catarina.
“Há um declínio no apoio ao bolsonarismo em Santa Catarina em relação ao início do mandato. Existia uma expectativa de este governo ser melhor que os anteriores, mas uma continuidade de padrões políticos e abandono da lógica da nova política está reduzindo a avaliação positiva do governo, além da expectativa que exista em relação à economia“.
Em 2018, nas eleições presidenciais, 86,8% dos brusquenses votaram no segundo turno para o presidente Jair Bolsonaro (à época no PSL), contra 13,2% de votos para Fernando Haddad (PT).
Guerini afirma que, ainda que a maioria ainda avalie como positivo o governo, o apoio maciço vem diminuindo. Isto reflete na dificuldade de candidatos ligados diretamente ao presidente de se elegerem nas eleições municipais. Partidos como o PL, do senador Jorginho Mello, e o PSL, ex-partido de Bolsonaro, não estão cotados para eleger nenhum prefeito nas grandes cidades de Santa Catarina.
“Há um desencanto, embora ainda haja uma avaliação positiva porque Santa Catarina foi um dos estados com maior votação proporcional ao presidente, nas eleições municipais há uma diluição ao governo Bolsonaro. Na questão municipal, os partidos vinculados ao que se chama de extrema direita não tem grande repercussão junto ao eleitorado, são tratados de forma periférica e muito restrito a um estrato populacional que não é preponderante”.
Guerini acredita que a tentativa falha do presidente da criação do Aliança pelo Brasil foi a primeira frustração de Bolsonaro visando as eleições 2020. Para o sociólogo, isto demonstra falta de capacidade do presidente de congregar forças políticas.
“O presidente tentou personificar o partido na figura dele, mas nunca foi uma liderança capaz de capitanear forças. Isso tem sido demonstrado na frustração do Aliança. Hoje, ele não tem influência nas eleições municipais. Nas principais capitais, nomes ligados ao presidente estão perdendo terreno justamente por uma pauta que não é propositiva e construtiva. Há um certo desalento do eleitor em relação à polarização”.
Para o sociólogo, a dificuldade de candidatos bolsonaristas devem enfrentar para se eleger nas eleições municipais em municípios relevantes de Santa Catarina demonstra uma tendência da escolha por candidatos mais moderados em 2020.
“Há uma convergência para posições de centro. Candidatos que se aliem diretamente ao Bolsonaro não têm tido grande repercussão. As eleições municipais estão soterrando as perspectivas eleitorais do bolsonarismo e do estrato mais polarizado à direita. Portanto, as eleições municipais vão desenhar um mapa muito mais ameno em relação a 2018. Esta eleição está dando um mote para a de 2022”, diz Guerini.
De acordo com Guerini, faltou esforço dos deputados da ala bolsonarista na criação de elos com os municípios.
“Apesar da eleição majoritária de Bolsonaro e deputados do PSL em 2018, eles não conseguiram traduzir isso em força política nos municípios. Os deputados catarinenses não trabalharam as bases e não conseguiram criar elos com os municípios. Os eleitores nos municípios querem resolver problemas pontuais. Então, mesmo que as avaliações positivas ainda sejam majoritárias, isto tende a ter um desencanto maior dependendo das candidaturas que serão colocadas em 2022”.