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Pesquisa mostra que média salarial dos homens é 20% maior do que das mulheres em Brusque

Dados constam no estudo Brusque em Números, realizado pelo Sebrae em parceria com a prefeitura

O estudo Brusque em Números, realizado pelo Sebrae, e divulgado na semana passada, mostra que ainda há diferenças salariais entre homens e mulheres no município.

De acordo com o levantamento, que levou em consideração dados desde o Censo de 2010 até a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, relativa ao ano de 2017, a média salarial dos homens em Brusque é maior do que a de mulheres que trabalham na mesma área.

Segundo o estudo, os homens brusquenses ganham, em média, R$ 2.512. Já as mulheres têm uma média salarial de R$ 1.999, ou seja, 20% abaixo da média salarial dos homens.

Foram avaliados 20 setores da economia. Desses, em apenas três o salário da mulher era maior do que o do homem: agricultura e pecuária; atividades imobiliárias e atividades científicas e técnicas.

De acordo com a pesquisa, a área que apresenta maior diferença salarial entre os sexos é a de atividades financeiras, seguros e serviços. Pelo levantamento, nesta área, os homens ganham em média R$ 1.610 a mais do que as mulheres.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Brusque, Joel Soares Bueno, explica que a entidade não tem acesso a folha de pagamento dos trabalhadores, apenas faz a negociação coletiva em cima do piso que é igual para todos.

“Fora o piso da categoria, cada banco tem o seu plano de carreira, progressão dentro da função e várias linhas que o funcionário pode subir. Esse valor não tem como saber, pois os bancos não abrem”.

Bueno afirma que o sindicato não recebe reclamações ou denúncias sobre a diferença salarial entre os sexos.

A área da saúde também apresenta desigualdade salarial entre os gêneros. Em Brusque, segundo a pesquisa, os homens recebem cerca de R$ 867 a mais do que as mulheres.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde (Comusa), Julio Gevaerd, observa que até os anos 1990 era muito comum o homem ser mais valorizado no mercado de trabalho. A partir dos anos 90, a mulher começa a ter um reconhecimento maior, porém, em alguns casos continua ganhando menos do que o homem.

“O estudo que foi apresentado é simples, mas é uma demonstração de que a mulher ganha menos, quando se deveria dar a ela o devido reconhecimento. Fazer um quantitativo de média salarial masculina e feminina é ineficaz. Para ter um parâmetro melhor, deveríamos ter um estudo analisando por função: enfermeiro/enfermeira, o balconista/ a balconista, e assim por diante”.

A pesquisa também mostra diferença de salários na indústria de transformação, em que as mulheres ganham em média R$ 814 a menos do que os homens.

 

A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cássia Conti, participou do lançamento da pesquisa do Sebrae e diz que ficou surpresa com essa diferença salarial em alguns setores.

“No setor da confecção acredito que essa diferença não existe, porque é dominado pelas mulheres, mas talvez no têxtil de fiação e tecelagem seja mais comum porque é mais difícil ter mulheres em postos chaves, não se encontra tecelãs, por exemplo”.

Rita lembra que muitos dos dados utilizados pela pesquisa são baseados no censo realizado em 2010 e que de lá para cá a situação pode ter melhorado.

“Acredito que estamos melhorando em relação a isso. O fato de 86 anos depois uma mulher presidir a Acibr já é uma quebra de paradigma, um avanço, um olhar com outros olhos. Penso que houve um amadurecimento nesse sentido, mas temos que continuar lutando por igualdade, não podemos normatizar essa situação”.