Petistas falam sobre o futuro do partido após derrotas pelo país
Lideranças locais do partido afirmam que nova fase deve começar em 2017
Lideranças locais do partido afirmam que nova fase deve começar em 2017
Em maio do próximo ano, o Partido dos Trabalhadores (PT) irá realizar o seu congresso, no qual um dos objetivos principais é renovar a direção nacional do partido, hoje a cargo de Rui Falcão.
Será, contudo, um espaço também dedicado a reflexão sobre o desempenho da sigla nestas eleições, na qual foram lançados bem menos candidatos e, dos que foram lançados, uma pequena fatia se elegeu.
Aqui em Brusque, por exemplo, o candidato do partido, Gustavo Halfpap, proposto como sucessor de Paulo Eccel, que governou por quase dois mandatos, ficou em quarto lugar, com pouco mais de 6 mil votos, cerca de um quinto dos 35 mil recebidos pelo candidato do partido em 2012.
Lideranças mais radicais do partido, a nível nacional, trazem à tona temas que geram desconfiança da militância mais tradicional, como a fusão com outros partidos mais ou menos alinhados, como o PCdoB e o PDT, uma mudança de nome ou mesmo a criação de uma frente partidária que congregasse partidos de esquerda.
Para o presidente da sigla em Brusque, Felipe Belotto, o debate a ser feito em 2017 será necessário, assim como a renovação da direção do partido. Contudo, ele não é favorável às ideias mais radicais.
“O que a gente acha muito ruim é que algumas lideranças nacionais do partido, que tem lançado algumas ideias, como essa por exemplo, de falar em mudança de nome do partido. Esse tipo de coisa não tem nada a ver com aquilo que a base do partido espera”, analisa.
Belotto credita o resultado negativo na eleição menos a fatores externos e mais ao que classifica como “enfraquecimento da base” do partido. Segundo ele, o partido não pode ficar na mão de poucas lideranças políticas.
“Não podemos deixar o partido ficar só na mão de lideranças políticas que começaram a se preocupar muito mais com a manutenção de seus mandatos do que com aquilo que o PT se propôs a fazer na década de 1980, quando surgiu”.
Frente partidária
A ideia cogitada por lideranças nacionais de se criar uma frente partidária que abrigue partidos de esquerda, como o PCdoB e o PSOL, também não agrada o presidente do PT de Brusque.
“A minha opinião é que isso vai ao contrário daquilo que nos orgulhamos, um partido que nasceu de baixo para cima e não de cima para baixo”.
Ele diz que essa ideia surgiu como proposta de congressistas do partido, que entendem ser essa uma forma de “facilitar o jogo para eles”, ou seja, suas reeleições em 2018, quando novas eleições gerais serão realizadas.
Para o ex-prefeito Paulo Eccel, essa é uma ideia que já existe em alguns países, nos quais os partidos, para se fortalecerem, unem-se em frentes amplas, embora continuem existindo individualmente. Afirma que se trata de uma ideia ainda não muito bem compreendida no Brasil.
“A gente tem dificuldade de compreender essa frente porque não é uma experiência que a gente conhece cotidianamente, e mesmo os demais partidos de esquerda têm diferenças programáticas”, analisa Eccel.
“Sendo criada [a frente], ela teria um novo programa, que tentasse unificar os partidos por aquilo que os une, porque existem diferenças. Eu vejo que todas as medidas, neste momento, para fortalecer a esquerda, são importantes”.
Vítima de ação externa
Enquanto o presidente do partido coloca o enfraquecimento da base como causa do declínio nestas eleições, Eccel afirma que há uma ação coordenada, não só a nível nacional, para enfraquecer os partidos de esquerda.
Afirma que em Santa Catarina já começou o trabalho interno de reuniões para discutir o futuro da sigla. “Isso vai culminar numa reorganização, numa nova fase”, diz. “É fundamental que haja a aglutinação e união de forças para enfrentar essa fase”.
A vereadora líder do partido na Câmara de Brusque, Marli Leandro, diz que as reformulações no partido ainda não foram discutidas a fundo, e que ainda não foram feitos debates, regionalmente.
Segundo a vereadora, a reorganização do PT precisa de debates e amadurecimento de ideias, antes de se ter posições formadas sobre os temas que a cercam.