Plantio e colheita
Uma pessoa me afirmou, na semana passada, que está perplexa e decepcionada com a humanidade. Segundo ela, as pessoas perderam o senso do respeito, aquele freio mais ou menos natural, que faz com que as pessoas controlem o que dizem e fazem no trato com as outras. A impressão é que todos se acham no direito de dizer o que querem, em qualquer circunstância, e ainda se imaginam cobertos de razão. E isso, segundo minha interlocutora, independe de idade ou de nível de renda.
Esse tipo de impressão é muito comum, e costuma vir acompanhada de um desânimo, que considera uma temeridade ter filhos, pois se trata de colocar mais gente para sofrer, num futuro que parece sombrio.
Embora a observação seja fruto do cotidiano, sem pretensão científica, trata-se de um sentimento que vem se tornando muito comum.
A polidez e o respeito, que se tornam mercadorias raras, não são produtos de R$ 1,99. Um comportamento desse tipo leva tempo para ser forjado. É plantado desde a infância, e cresce com o adubo dos bons exemplos e com poda da disciplina bem aplicada.
Mas os bons exemplos nem sempre aparecem, pois, cada vez mais, os adultos não respeitam nem se dão ao respeito. O passar do tempo vai transformando em adultos as crianças malcriadas, mimadas e “seachonas”. Com vinte, trinta ou mais anos, agem do modo como estão habituadas. Se são pais ou mães, deixam o legado para os filhos. A escola não consegue dar jeito nesse tipo de comportamento, pois ela também é vítima da falta de autoridade que nos assola.
Vejam a frequência com que notícias de alunos que agridem professores aparecem. A última foi em Divinópolis/MG, onde uma professora tomou vários socos de uma adolescente de 16 anos, que não aceitou ser proibida de deixar a sala de aula. Mesmo que não sejam vítimas de violência física, os educadores estão cada vez mais acuados pela independência indevida de crianças e adolescentes.
Estamos colhendo frutos amargos do desleixo moral das últimas décadas. Seguindo tendências filosóficas e culturais muito duvidosas, exaltamos a liberdade de sermos do modo com bem entendemos, deixando de lado regras e tradições. O que parecia ser a libertação das amarras de uma cultura atrasada, agora diz bem a que veio.
É falso acreditar que somos livres para qualquer coisa. As leis da física e da biologia não foram revogadas, e igualmente os ensinamentos dos grandes sábios, especialmente os 10 Mandamentos e os Evangelhos. A sociedade se comporta como se nada disso mais valesse, e os resultados estão aparecendo. Plantar virtude é muito mais difícil e trabalhoso, mas se não lançarmos essas sementes, o futuro se tornará tão ou mais sombrio que as previsões mais pessimistas.