Autoridades de segurança pública de Santa Catarina acreditam ter desarticulado parcialmente o crime organizado no estado com a transferência de pelo menos 40 detentos suspeitos de comandar ataques de dentro dos presídios. Mesmo assim, elas garantem que as forças de segurança pública estão mobilizadas e em alerta para a possível ocorrência de novos atos violentos durante o fim de semana.
Antes do início da onda de violência no estado, em 30 de janeiro, o serviço de inteligência da Polícia Civil já havia detectado a necessidade de monitorar as ações da facção responsável pela série de atos violentos. O grupo criminoso completa 10 anos no domingo, 3 de março e as investigações indicavam a possibilidade de ataques nesse período.
O diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap) de Santa Catarina, Leandro Lima, disse que as autoridades estão trabalhando “como se todos os dias fossem o próximo dia 3”. “Estamos preparados para qualquer eventualidade e atuando de maneira integrada com os demais órgãos de segurança”, disse.
Ele lembrou que integrantes da Força Nacional de Segurança, enviada a Santa Catarina no último dia 15, estão mobilizados dentro das seis unidades prisionais no estado e reforçam as ações das equipes locais.
Lima ressaltou que o governo estadual está desenvolvendo um conjunto de ações para conter a onda de violência e combater as causas dos ataques. Uma das hipóteses apontadas pela polícia é a insatisfação com as condições do sistema prisional, que enfrenta problemas de superlotação e suspeitas de agressões de agentes penitenciários contra detentos.
De acordo com o diretor do Deap, serão criadas, nos próximos dois anos, 6.436 vagas nas penitenciárias para eliminar o déficit prisional, estimado em 5 mil vagas. Com capacidade para 10 mil pessoas, o sistema prisional catarinense abriga 17 mil detentos. Entre eles, 15 mil estão encarcerados e 2 mil, em regime aberto.
Na quinta-feira, 28 de fevereiro, cerca de 200 agentes fizeram uma operação pente-fino na Penitenciária São Pedro de Alcântara, na grande Florianópolis, e na de Chapecó. O resultado da ação, que estava prevista antes do início dos ataques, demonstra, na avaliação de Lima, que a situação está sob controle dentro dos presídios.
“Foi uma grande operação, estabelecida com antecedência, para evitar a circulação de objetos e materiais proibidos no interior dos presídios. O saldo foi positivo, já que os agentes apreenderam, principalmente, documentos, cartas e bilhetes”, ressaltou.
O total de presos e suspeitos apreendidos por envolvimento nos ataques chega a 197, entre adultos e adolescentes, de acordo com a Polícia Civil. Além disso, 88 pessoas foram denunciadas à Justiça pelo Ministério Público de Santa Catarina pelo mesmo motivo. Segundo promotores de Justiça, o número deve aumentar conforme avancem as investigações.
Desde 30 de janeiro, a Polícia Militar registrou 113 atentados em 37 municípios e mais de 50 atos de vandalismo.
Fonte: Agência Brasil