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Policial é acusado de administrar empresa durante o expediente militar

Carlos Roberto Correa Waldrigues foi denunciado pelo Ministério Público após uma sindicância do 18º Batalhão da Polícia Militar

Sede da empresa fica atrás da Sociedade Guabirubense, no Centro de Guabiruba, no segundo andar da residência verde / Foto: Marcelo Reis

O policial militar Carlos Roberto Correa Waldrigues foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) à Justiça por improbidade administrativa. Ele é acusado de ser sócio e administrar uma empresa de segurança privada, a IBW Monitoramento Ltda, de Guabiruba. A ação civil pública foi aberta neste mês, após o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, encaminhar ao MP-SC uma sindicância de investigação, ainda em outubro, que dava indícios da prática.

O Estatuto dos Policiais Militares de Santa Catarina, no artigo 30, veta ao policial da ativa “comerciar e tomar parte na administração ou gerência de sociedade e ser sócio ou participar de empresas”. Além de descumprir o estatuto, o policial militar ainda realizava serviços privados durante o expediente como militar, de acordo com a denúncia do MP-SC.

As suspeitas iniciaram após interceptações telefônicas que flagraram conversas que tratavam do recebimento de valores de empresas de Guabiruba, pelo policial militar Waldrigues. A investigação aponta que, mesmo durante o horário de trabalho, o militar administrava a empresa que mantém em sociedade com a esposa e a filha.

Durante a sindicância foram colhidos depoimentos de policiais que atuam em Guabiruba e, conforme os relatos ao MP-SC, Waldrigues costumava tratar os assuntos relacionados à empresa de segurança durante o horário de serviço. Inclusive, recebia ligações para tratar da segurança privada de empresas, festas e eventos da região, além de resolver problemas sobre as escalas de trabalho e faltas de colaboradores, diz a denuncia.

O militar ainda costumava passar durante a noite, em horário de trabalho, em locais que a empresa da família prestava serviços de vigilância, diz a investigação. Lá, ele conversava com os seguranças e realizava pagamentos, conforme o MP-SC. Quando não estava em serviço, ligava para a PM fazer rondas nos locais onde os seguranças estavam trabalhando, mesmo que não houvesse motivo real para o deslocamento, aponta a investigação.

Os responsáveis pelas empresas que contrataram os serviços da IBW Monitoramento também foram ouvidos. Segundo eles, as contratações eram realizadas diretamente com o policial militar Waldrigues, o que demonstra, para o MP-SC, que ele estava à frente da empresa de segurança. Os organizadores de festas em Guabiruba também relataram que as contratações foram realizadas com o militar.

Militar deve apresentar defesa

A ação foi recebida pela juíza da Vara da Fazenda, Iolanda Volkmann, que já determinou que Waldrigues seja citado pelo oficial de Justiça. Após isso, o militar apresentará defesa, e então a juíza dará a sentença, que não tem data para ocorrer.

Em contato da reportagem do Município Dia a Dia com o policial, ele garante que a empresa é da esposa, e não dele. Porém, prefere não se manifestar sobre o assunto.

O comandante Gomes afirma que o policial foi afastado do pelotão de Guabiruba e transferido para Brusque. Atualmente, está trabalhando na área administrativa do quartel até que seja dada a sentença. “Ainda é cedo para nos manifestarmos quanto ao assunto. A sindicância está no Ministério Público e estamos esperando para ver o que o Judiciário acha melhor”. O tenente-coronel diz que não lembra de outro caso semelhante ter ocorrido no 18º batalhão.

Em caso de condenação, as penas previstas para o militar são: a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos e pagamento de multa de até cem vezes o valor da remuneração recebida pelo agente. Além disso, ele ficaria proibido de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.