Policial Militar fala sobre rotina de trabalho e desafios na pandemia
Tenente Joaquim Soares de Lima Neto considera o atual momento "um dos mais graves da nossa história"
Tenente Joaquim Soares de Lima Neto considera o atual momento "um dos mais graves da nossa história"
Joaquim Soares de Lima Neto passou por uma experiência que, de acordo com o próprio, ficará marcada na sua carreira: impedir pessoas de trabalhar ou de abrirem seus negócios.
O tenente Joaquim, comandante de companhia, batalhão e chefe da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) na Polícia Militar (PM) de Brusque, trabalha nas ruas e em casa durante a pandemia do coronavírus (Covid-19), em uma rotina puxada que tem sido bastante diferente daquela que havia antes da crise.
Aos 39 anos, o tenente natural de Unaí (MG) está há sete na PM, tendo se tornado policial em Florianópolis. Já atuou em Brusque, mas também em Gaspar, onde se orgulha de ter sido um dos responsáveis pelas ações que reduziram os até então altos índices de criminalidade no município. Na época, era subcomandante. Também chegou ao posto de comandante em Gaspar.
Em Brusque, trabalha das 8h às 20h, atuando tanto nas ruas quanto de casa, com serviços administrativos. Fora deste horário, ainda fica à disposição para esclarecimentos ou suporte à suas equipes.
“Num primeiro momento da pandemia, era uma rotina voltada para fiscalização de cumprimento dos primeiros decretos, sobre fechamento de comércio. Era a principal demanda. Depois, aos poucos, pudemos voltar mais nas ações contra o crime, ligadas à repressão”, explica.
O policial lembra que não eram poucas as ocorrências nas quais encontrava estabelecimentos funcionando sem permissão pelos decretos estaduais. Atualmente, com diversos estabelecimentos abertos, o foco está na fiscalização das regras vigentes: se atende restrições de público, se possui proteção a funcionários, se disponibiliza álcool em gel para clientes, entre outras.
Na Polícia Militar de Brusque, equipamentos de proteção individual (EPI) foram providenciados com agilidade, na visão do tenente. São utilizadas máscaras e luvas, além do álcool em gel, fornecido por algumas empresas da região para a PM.
“Acredito que este seja um dos momentos mais graves e complexos da nossa história, da minha história. Com preocupação nessa pandemia, trabalhamos pedindo para que trabalhadores não trabalhassem. Isso deixa uma marca não só na economia, mas a dificuldade que tínhamos naquela situação, de agir daquela forma. Em geral, a comunidade tem respondido bem às abordagens”, comenta.
O policial toma também cuidados ao chegar em casa. A farda é levada em uma mochila separada, para ir direto para a máquina de lavar. Também usa o álcool em gel e não demora a ir para o banho. A responsabilidade aumenta, afinal, mora com esposa e filha. A esposa, inclusive, não tem mais trabalhado por integrar grupos de risco, já que é asmática.
Quase sempre trabalhando, o tenente não tem tanto contato com quem está fora do trabalho, e busca respeitar as recomendações de isolamento social sempre que possível. “A gente ouve falar muito sobre esta situação de pessoas perderem seus empregos, mas no meu entorno até agora não conheço pessoas que passaram por isso. Até porque este contato diminui.”