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Políticos de Brusque avaliam cenário eleitoral para o governo do estado

A menos de um ano, alguns nomes já despontam, mas panorama está indefinido

O cenário político catarinense já se movimenta com vistas às eleições de outubro de 2018. De um lado, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD) já se coloca no pleito. Do outro, o PMDB e o PSDB ensaiam candidaturas próprias, mas sem fechar a porta para uma coalizão. Por fora, o PT aguarda a sinalização do diretório nacional, mas também pode ter candidato.

Se este cenário se confirmar, as eleições de 2018 para a Casa d’Agronômica poderão ter quatro candidatos reconhecidos da população na corrida: Gelson Merisio, Mauro Mariani (PMDB), Paulo Bauer (PSDB) e Décio Lima (PT).

Embora seja possível, este panorama é pouco provável de se concretizar. Em primeiro lugar, porque o PSDB é cortejado por PMDB e PSD para que componha uma chapa.

Em segundo, porque o PT de Santa Catarina só lançará candidato ao governo se a executiva nacional assim o desejar. O objetivo principal é, na verdade, ter uma base política para o candidato a presidente escolhido.

Gelson Merisio já fala como candidato do PSD à Casa d’Agronômica | Foto: Solon Soares/ Alesc

Nome forte
Deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alesc), Gelson Merisio tem falado como candidato de fato ao governo estadual, para suceder Raimundo Colombo (PSD).

Ivan Martins, presidente municipal do PSD, diz que Merisio deve ser o nome escolhido. “Acredito que o candidato será o Gelson, não tem volta, mas não discutimos isso em Brusque, é algo que vem de cima para baixo”, diz.

Com base política no Oeste, o candidato tem ganhado projeção, porém, há setores dentro do partido que não se empolgam. Fala-se que o próprio Raimundo Colombo é reticente quanto à candidatura de Merisio, apesar de não falar abertamente.

Ari Vequi, vice-prefeito de Brusque pelo PMDB, ainda que noutra legenda, tem proximidade com Colombo e avalia que o PSD está dividido. Há quem defenda a manutenção da tríplice aliança PSD-PMDB-PSDB, com Colombo saindo para o Senado.

Ainda que Merisio pregue que não vai abdicar à candidatura própria e rechace qualquer aliança com o PMDB, a concretização é questionada.

Cedenir Simon, presidente do PT de Brusque, diz que não existe coesão em torno do pessedista. “Dentro do PSD, tem os interesses do Merisio e os do Raimundo Colombo”, afirma o petista.

O único partido que já fechou o apoio aos pessedistas é o PP, mas Pirola afirma que as tratativas com os tucanos “estão avançadas”, e há também o PSB. Neste cenário, seria uma coalizão PSD-PP-PSB-PSDB.

Progressistas fechados
O PP já realizou convenção estadual, na qual foi definido o apoio ao PSD. A princípio, o partido pode indicar o vice na chapa de Gelson Merisio ou ocupar vaga para o Senado.

“O partido principal que o PP se alinhará é PSD, mas também o PSB”, afirma Jean Pirola, presidente da Câmara de Brusque e nome cotado para concorrer à Assembleia Legislativa no ano que vem.

Pirola faz parte do grupo interno dentro dos progressistas ligados a Silvio Dreveck, atual presidente da Alesc. Foi Dreveck quem puxou pela aliança com Merisio, enquanto Esperidião Amin foi voto vencido. Ele propunha se candidatar ele mesmo, pela quinta vez, ao governo.

Segundo Pirola, a coalizão com o PSD já é algo consumado, porém, não há consenso sobre Gelson Merisio na cabeça de chapa. “O nome do Merisio vai depender do momento, esse é o acordo”, afirma.

O PSB, de Paulo Bornhausen, também é peça-chave na construção de uma possível coalizão PSD-PP-PSB. A sigla ganhou força nas eleições municipais de 2016, com prefeitos em Brusque e Balneário Camboriú.

Mauro Mariani é o nome mais forte no PMDB catarinense neste momento | Foto: PMDB/ Divulgação

A volta do PMDB
Partido com maior capilaridade em Santa Catarina, sobretudo nas cidades médias e pequenas, o PMDB pode voltar a ter candidato à Casa d’Agronômica. “O PMDB fechou questão com o Mauro Mariani, isso já foi falado pelo Dário Berger e pelo Eduardo Pinho Moreira”, diz Vequi.

A candidatura peemedebista se desenha como inevitável porque o PSD, atual parceiro no governo catarinense, quer alçar voo solo com Merisio. Ele rechaça aliança com o PMDB porque pretende eliminar as Agências de Desenvolvimento Regional.

A coalizão entre PSD-PMDB-PSDB foi idealizada por Luiz Henrique da Silveira em 2002 e governou Santa Catarina nos últimos 16 anos. Para Vequi, a aliança foi um sucesso, comprovado nos indicadores sociais e econômicos do estado perante o resto do país.

A tríplice aliança elegeu dois governadores, três senadores, dez deputados estaduais e 30 federais neste período. Com um vínculo de tantos anos, há quem defenda nos bastidores que o partido feche com o PSD. “Vejo a possibilidade da gente ainda com o PSD”.

Caso não feche com o PSD, o que é provável, o PSDB é o plano B do PMDB. Segundo Vequi, há várias chapas possíveis, tanto com Paulo Bauer quanto com o prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, como vice.

Paulo Bauer foi segundo colocado nas eleições em 2014 | Foto: PSDB/Divulgação

A noiva cortejada
Nas eleições de 2014, Paulo Bauer surpreendeu e ficou em segundo lugar, com 29,90% dos votos válidos. Quase obrigou Raimundo Colombo disputar o segundo turno. É ele, neste momento, o nome mais forte dos tucanos, no entanto, a sigla é “a noiva que todo mundo quer”, na definição de um político de Brusque.

O PSDB tem crescido em Santa Catarina. O deputado estadual Serafim Venzon, presidente do partido em Brusque, diz que a sigla se organizou no estado, com diretórios em mais de 200 municípios, para disputar a eleição.

“Em princípio, temos chapa completa sem coligação”, diz Venzon. Questionado sobre a possibilidade de fechar com o PMDB, o tucano ressalta os laços entre os partidos desde 2002, mesmo tendo lançado Bauer candidato em 2014.

“O nosso desejo é que o PMDB venha a compor com o nosso partido”, afirma Venzon. Mas o PSDB também negocia com o DEM e outros partidos, para, se não se aliar com PSD ou PMDB, ter companheiros para um voo solo.

Décio Lima é o nome mais forte do PT para o governo do estado | Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara

Ordem vem de cima
Escanteado politicamente depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o Partido dos Trabalhadores de Santa Catarina ensaia uma candidatura pura, com o deputado federal Décio Lima na cabeça.

Mas existe a possibilidade real de que, pela primeira vez desde 1998, o PT não tenha candidato ao governo. “O PT do estado está conversando. O nosso movimento eleitoral em Santa Catarina será casado com a eleição nacional, que é a nossa prioridade”, diz Simon, presidente do partido em Brusque.

Segundo Simon, o cenário está completamente aberto: pode não ter candidato, pode sair em chapa pura ou pode se aliar a outras siglas. Em caso de coalizão, ele descarta PSDB ou PMDB, devido às diferenças em plano nacional.

Se a direção nacional desejar ter um candidato em Santa Catarina, há outros nomes além de Décio. Conforme Simon, Carlito Mers, ex-prefeito de Joinville, e Pedro Uczai, deputado federal, são nomes conhecidos que podem concorrer.