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Por que estudar? Como estudar? Para quem estudar?

Na semana passada, escrevi aqui, a respeito de uma parte do discurso do Papa Francisco aos estudantes da Universidade de Lovaina, na sua viagem que fez a Bélgica, no final de setembro passado. Aí, destaquei sua fala a respeito do Amor à Criação, por ser nossa Casa Comum que temos que ter e mostrar. Hoje, […]

Na semana passada, escrevi aqui, a respeito de uma parte do discurso do Papa Francisco aos estudantes da Universidade de Lovaina, na sua viagem que fez a Bélgica, no final de setembro passado. Aí, destaquei sua fala a respeito do Amor à Criação, por ser nossa Casa Comum que temos que ter e mostrar. Hoje, gostaria de aproveitar a parte do discurso em que se referiu ao estudo e à maneira como se achegar a ele. E oferece, a meu ver, uma excelente reflexão para os estudantes. Creio que é útil e oportuna também para os nossos atuais estudantes das várias Entidades Estudantis da nossa região.

Deixemos o Papa falar aos nossos estudantes, sobretudo, do terceiro grau. Assim, ele se expressou: “Vós próprios estais aqui para crescer como mulheres e como homens. Enquanto pessoas, estais a caminho, em formação. É por isso que o vosso percurso acadêmico abrange diferentes âmbitos: investigação, amizade, serviço social, responsabilidade civil e política, expressão artística…”

O Papa, então, quase como um pai ao filho (a), oferece-lhe uma orientação carinhosa e de quem já passou por esse caminho. E lhes diz: “Penso na experiência que todos os dias viveis, nesta Universidade Católica de Lovaina, e partilho três aspectos, simples e decisivos, da formação: Como estudar? Porquê estudar? E para quem estudar?

Como estudar: como em qualquer ciência, não existe apenas um método, mas também um estilo. Cada um pode cultivar o seu. Efetivamente, o estudo é sempre um caminho para o conhecimento de si mesmo e dos outros. Mas há ainda um estilo comum que pode ser partilhado na comunidade universitária. Estuda-se em conjunto: com aqueles que chegaram antes de mim – professores, colegas mais adiantados –, e com aqueles que estão ao meu lado, na sala de aula. A cultura enquanto autocuidado implica cuidarmos uns dos outros. Não existe uma guerra entre estudantes e professores, mas o diálogo. Às vezes é um diálogo um pouco intenso, mas é diálogo que faz crescer a comunidade universitária.

Segundo: porquê estudar. Há uma razão que nos move e um objetivo que nos atrai, que devem ser bons, porque deles depende o sentido do estudo, depende a direção da nossa vida. Por vezes, estudo com o objetivo de conseguir aquele tipo de trabalho, acabando por viver em função dele. Tornamo-nos “mercadoria” se vivermos em função do trabalho. Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver; é fácil dizê-lo, mas pô-lo em prática com coerência implica empenho. E a palavra coerência é muito importante para todos, mas especialmente para vós, estudantes. Deveis aprender esta atitude: ser coerentes.

Terceiro: para quem estudar. Para si próprio? Para prestar contas aos outros? Estudamos para poder educar e servir os outros, antes de mais com o serviço da competência e da autoridade. Em vez de nos perguntarmos se estudar serve para alguma coisa, preocupemo-nos em servir alguém. Uma bela pergunta que o estudante universitário pode propor-se: A quem sirvo? A mim mesmo? Ou tenho o coração aberto para um outro serviço? Então, o grau universitário atesta aptidão para o bem comum. Estudo para mim, para trabalhar, para ser útil, para o bem comum. E tudo isto deve ser muito balanceado. ” (CFr. ACIdigital, 29 de setembro de 2024).

Creio que essas reflexões são válidas para todos nós que estamos longe da Universidade de Lovaina, numa Cultura bem diversa, mas com a mesma aspiração de estudar para poder servir melhor ao outro, como ser humano e como profissional. Válida, sobretudo, por ser o Dia do Professor. Parabéns a todos os professores pelo serviço prestado ao ser humano e à Sociedade e à Cultura.