Possibilidade da Buettner continuar com as atividades é descartada
Administrador judicial afirma que situação da empresa não deixa outra alternativa senão a paralisação total¶
O auditório do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Brusque (Sintrafite) ficou lotado na noite desta quinta-feira, 5, para a assembleia dos trabalhadores da Buettner Indústria e Comércio, que teve a falência decretada na semana passada. O encontro teve como objetivo informar aos trabalhadores os passos que serão seguidos daqui em diante até que todos possam receber seus créditos trabalhistas.
O administrador judicial da massa falida, Gilson Sgrott, destaca que a empresa chegou a um ponto em que não conseguia mais viabilizar as suas atividades. “Estávamos percebendo isso desde o início do ano. A Buettner não tinha mais dinheiro e nem vontade de se recuperar, por isso, fiz o pedido do encerramento das atividades”.
Assim que decretou a falência da empresa na quinta-feira passada, a juíza da Vara Comercial, Clarice Lanzarini, ordenou que a energia elétrica fosse religada para fazer a preservação do patrimônio da empresa.
Sgrott explica que a intenção da juíza era tentar a continuidade da massa falida, no entanto, após análise da situação da empresa ao longo desta semana, o adminsitrador judicial chegou a conclusão de que a Buettner não tem condições de seguir em funcionamento. “Nos reunimos com os gerentes dos setores e, infelizmente, não temos boas notícias. Não há possibilidade de continuar as atividades. Na próxima semana já vou entrar em juízo com um pedido de encerramento das atividades da Buettner”
De acordo com ele, o principal fator que impossibilita a continuidade da empresa é a falta de capital de giro. “Ela precisa de uma grande quantidade de capital de giro porque ela está recomeçando. Pra começar o negócio tem que ter capital de giro para suportar as despesas geradas até começar a ter retorno financeiro, faturamento. Isso demanda algo acima de R$ 2,5 milhões pelo tamanho da empresa”.
O administrador judicial destaca, no entanto, que o que existe é a possibilidade de fazer o acabamento dos pedidos que estão pendentes. “Ainda há clientes esperando por produtos, há essa possibilidade de os setores de acabamento e expedição funcionarem por um tempo para concluírem essas encomendas. Mas ainda não está certo, o que há é a total paralisação das atividades”.
Sgrott ainda não sabe o valor total da dívida da empresa. De acordo com ele, em 2011, ano em que pediu recuperação judicial, era de mais de R$ 108 milhões. “Acredito que mais uns dois meses poderemos ter o valor da dívida”.
Processo seguirá lei de falências
Sgrott explica que como não há dinheiro para o pagamento dos trabalhadores, a empresa tem que seguir a lei de falências. Primeiro, é preciso que o trabalhador faça a rescisão do contrato de trabalho, depois devem encaminhar para o advogado que fará o pedido de habilitação na relação de credores. Depois que o nome do trabalhador for inserido na listagem, será preciso aguardar a liberação do dinheiro para poder receber.
“Dependemos da venda do patrimônio para poder pagar os trabalhadores. Temos que seguir todos os passos da legislação, que tem muitos prazos. É importante lembrar que a lei prestigia os credores trabalhistas, que são sempre os primeiros a receber”.
A situação dos trabalhadores da Buettner é semelhante a dos ex-trabalhadores da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux e da Indústria de Tecidos Schlösser. Ambas tiveram suas falências decretadas e os funcionários ainda aguardam o pagamento de seus créditos.
Para aliviar a situação dos trabalhadores, a juíza da Vara Comercial já autorizou que um imóvel de reflorestamento pertencente a Buettner seja vendido com antecedência. “Já temos duas pessoas interessadas na compra desse imóvel. Amanhã (hoje) devemos encerrar a avaliação do terreno e em um prazo legal de 30 dias deve ir a leilão. Com esse dinheiro que vai entrar, pretendemos fazer o pagamento dos salários atrasados dos trabalhadores”.
O presidente do Sintrafite, Aníbal Boettger, lamenta a falência da empresa e ressalta que os administradores da Buettner não tinha mais como continuar tocando as atividades da fábrica. “Na última reunião que fizemos, eles davam sempre respostas vazias, sem perspectivas e acabou culminando com o corte de energia e logo depois, a decretação da falência. Esta foi a atitude correta a ser tomada para que a situação não piorasse mais”.