Postos de Brusque sofrem para driblar excesso de reajustes do combustível
Levantamento comprova que Petrobras realizou mais de 100 mudanças em seis meses
Driblar as adversidades para obter lucro é uma luta diária para os donos de postos de combustível de Brusque e região. Com os frequentes reajustes no preço do combustível por parte da Petrobras, as empresas andam em uma corda bamba em busca do equilíbrio: se o preço nas bombas é baixo, o posto não lucra. Se é caro, o cliente não vem.
Atualmente, a média do preço da gasolina em Brusque é de R$ 3,89 – mas já são encontrados postos vendendo o litro do combustível por R$ 3,99. Este valor, que é motivo de reclamação de muitos clientes, ainda é abaixo da média nacional, que fechou 2017 em R$ 4,09.
“Todo dia é uma surpresa”
O gerente de um posto no Centro de Brusque, que preferiu não se identificar, demonstrou insatisfação com as movimentações diárias no preço do combustível. No seu estabelecimento, a gasolina é vendida a R$ 3,89, mas no último caminhão que abasteceu o posto o litro estava a R$ 3,69.
Lucrando apenas 20 centavos por litro, ele confessou que a situação dos postos de combustível não está fácil.
“É bem complicado. Se eu tenho margem de lucro, não tenho demanda, se tenho demanda não tenho lucro”. Ele revela ainda que precisará subir o preço em breve. “Estamos tentando segurar o máximo e aproveitar a carga anterior de gasolina, mas chegamos no limite. Precisaremos elevar o preço para sobreviver”.
Com o preço elevado, as tentativas de se manter competitivo no mercado acabam perdendo a importância. “Nós tentamos um diferencial com bom atendimento e uma série de outros serviços, mas no fim das contas o que o cliente quer é preço mesmo”, completa.
O dono de um posto no bairro Águas Claras, que também não quis se identificar, se mostrou indignado com os preços que chegam ao posto.
“O nosso cliente se irrita, mas precisa compreender que o problema começa de cima. Aqui em Brusque ainda estamos conseguindo segurar um preço abaixo dos R$ 4, mas outros municípios do estado já vendem a gasolina com esse valor”, diz.
Os preços também flutuam dependendo do grau de concorrência da região. Em Florianópolis, por exemplo, a média registrada do preço da gasolina é de R$ 4,20, entre os mais caros do país. A capital em que o combustível está mais caro é Rio Branco (AC), que chega a R$ 4,77, e a que se encontra a gasolina mais barata é São Luiz (MA).
Mais de 100 reajustes
Segundo um levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras reajustou o preço do combustível 116 vezes durante seis meses, entre junho e dezembro de 2017. O diesel foi ainda mais comprometido, acumulando um total de 120 alterações no preço.
Dentro dos reajustes da gasolina, 61 foram para cima e 55 para baixo. O saldo final destas mudanças foi a alta de quase 30% no valor do combustível. No diesel, a alta foi de 25%.
A última informação divulgada pela Petrobras é de que haverá uma redução de 0,9% nas refinarias a partir desta sexta-feira, 5, o que seria a terceira queda consecutiva no preço este ano. Contudo, isso não significa que o preço vendido ao posto segue a mesma lógica. Paralelamente, o diesel teve uma ascensão de 1,2%
A mudança na política de preços dos combustíveis passou a ser adotada pela Petrobras no início de julho de 2017 nas refinarias. Desde então, os preços da gasolina e do diesel estão sendo alterados, às vezes, de um dia para o outro.
A estatal tem afirmado repetidas vezes que a ideia é repassar aos preços com maior frequência as flutuações do câmbio, do petróleo e, com isso, permitir “maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo”.