Pouco conhecida, carne de rã ainda tem baixa procura em Brusque

Supermercados retiraram produto das prateleiras, enquanto novo estabelecimento tenta driblar o preconceito

Pouco conhecida, carne de rã ainda tem baixa procura em Brusque

Supermercados retiraram produto das prateleiras, enquanto novo estabelecimento tenta driblar o preconceito

Apesar de nutritiva, a carne de rã ainda não conquistou o paladar dos brusquenses. A iguaria é pouco conhecida no Brasil, mas muito apreciada por europeus e americanos. O produto já foi vendido nos maiores supermercados do município, mas teve pouca saída. Hoje, é comercializado em estabelecimentos de nicho, focados em produtos diferenciados e coloniais.

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O Bistek vendia a carne de rã até cerca de três meses atrás, quando a linha foi retirada das prateleiras. O gerente do estabelecimento, Evandro Bez, diz que o mix de produtos era bastante variado. Eram vendidas as rãs inteiras e também somente partes, como as patas. “Mas não tinha saída”, afirma.

Carne de rã tem 0% de gordura, 24% de proteínas e apenas 7% de colesterol / Foto: Divulgação
Carne de rã tem 0% de gordura, 24% de proteínas e apenas 7% de colesterol / Foto: Divulgação

O Archer é outro estabelecimento que já apostou na carne de rã para os seus clientes, mas desistiu. O gerente comercial Udo Wandrey explica que a rede de supermercados manteve a exótica carne nas prateleiras por algum tempo como um teste. No entanto, não agradou o paladar dos brusquenses, a julgar pelo volume de vendas.

“É uma carne que não tem tanto apelo”, avalia Wandrey. Ele afirma que o Archer faz testes habituais com novas mercadorias, para testar a receptividade do produto. Não agradou, e por enquanto não há planos para voltar a ofertar a carne.

Aposta no diferencial

Com um público diferente dos supermercados, que atendem clientes familiares que buscam produtos mais básicos, a Arte da Roça resolveu apostar na carne de rã como um diferencial na sua linha de produtos. A proprietária Vanessa Rocha Pereira explica que o estabelecimento passou a vender a iguaria há cerca de seis meses.

Durante este tempo, Vanessa diz que a procura pela carne de rã ainda é baixa. “Não sai muito porque a maioria das pessoas não conhece. Mas algumas pessoas procuram porque gostam de ter”, afirma.

Recentemente, a loja se mudou para a rodovia Antônio Heil, em frente à Havan, e os proprietários passaram a investir mais em divulgação. A Arte da Roça funcionava no bairro Azambuja anteriormente. Melhor localizados e mais fortes na comunicação, a expectativa de Vanessa é que a venda de carne de rã aumente.

Alto valor nutritivo

Apesar de não ser muito popular na culinária brasileira, a carne de rã é altamente nutritiva. Pode ser preparada em diversas receitas, com molhos e recheios, como aperitivo, no forno ou frita. Tem 0% de gordura, 24% de proteínas e apenas 7% de colesterol. Estudos buscam confirmar a ingestão da carne de rã em tratamentos de saúde, como suplemento alimentar.

A proprietária da Arte da Roça diz que ela mesma provou a iguaria e achou mais parecida com o peixe, porém há clientes que associam mais ao frango.

O chef Raphael Despirite, que serve a carne no restaurante paulista Marcel, explica que o preparo da rã está longe de ser complexo. No entanto, alerta: o produto é sensível e, se passar do ponto, fica fibroso e deixa de ser suculento.

Ele recomenda que a maneira mais simples de prepará-la é na frigideira, com dose de manteiga. No entanto, há inúmeras receitas disponíveis na internet, que aproveitam o corpo inteiro ou apenas as coxas, que concentram a carne.


Investimento catarinense

O mercado promissor no país e ao redor do mundo fez o engenheiro de alimentos Flávio Lawless investir R$ 4 milhões num frigorífico processador de carne de rã, da empresa Ranac, que viria a se tornar o único do país habilitado para exportar o produto catarinense a todos os continentes.

Hoje a empresa, instalada em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, produz quatro toneladas de carne de rã por mês, vendendo os produtos para vários estados e para o Chile.

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