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Pouco difundidos na região, sebos virtuais proporcionam acesso à leitura

Mulheres de Brusque e Guabiruba criaram iniciativas para troca e venda de livros

Pouco difundidos em Brusque e região, os sebos têm papel importante no incentivo à leitura. Por acreditar nesta ideia, mulheres de Brusque e Guabiruba, aficionadas por livros, decidiram criar sebos virtuais.

Em fevereiro do ano passado, a moradora do São Luiz, Francieli Heil decidiu reaproveitar livros que seriam destruídos para reciclagem, no trabalho de sua tia, para disponibilizar num grupo de Facebook, o Sebo Brusque.

“Minha tia recebe muitos livros bons para reciclagem. Aí pensei que ao invés de reciclar como papel poderia compartilhar com outras pessoas. Considerei o Facebook um bom canal para isso”, explica.

Hoje o grupo tem cerca de 280 membros, que compram e trocam livros. Em geral, são obras religiosas, motivacionais, de medicina alternativa, autoajuda, infantil, entre outros. O valor dos livros são variam de R$ 5 a R$ 15, sendo que alguns lançamentos podem chegar a até R$ 25.

As obras são anunciadas com uma breve descrição no grupo e os interessados fazem a solicitação por mensagem ou no próprio post. Os livros devem ser retirados na empresa em que a fundadora do grupo trabalha, no Santa Rita.

Interessados de outras cidades também podem receber o material, desde que paguem uma taxa referente ao frete. O público-alvo do Sebo Brusque é de jovens entre 20 a 30 anos, a maioria homens. “A ideia foi bem simples mesmo, de repassar livros com baixo preço, para incentivar a leitura”, diz Francieli.

Livros do Sebo Brusque custam de R$ 5 a R$ 15/ Divulgação

Transformação social
Assim como ela, a professora de Química, Márcia Antônia Moreira, moradora do Guabiruba Sul, é apaixonada por livros. Nascida em Taubaté (SP), ela tinha o hábito de frequentar sebos físicos, algo que ela não encontrou na região. Foi isso que a motivou a criar, há um ano, as páginas Só Acredito Lendo, no Facebook e no Instagram.

Atualmente são mais de 700 seguidores que interagem nas redes sociais e compram e trocam os mais diversos tipos de livros. Segundo Márcia, que no fim deste ano pretende estender o sebo virtual para um espaço físico, hoje são mais de 2 mil exemplares disponíveis, na sua maioria romances, infanto-juvenis, autoajuda e filosofia.

Em média, as obras variam de R$ 8 a R$ 25, sendo que algumas encomendas são um pouco mais caras, no entanto, mesmo assim, até agora não ultrapassou R$ 30. O público-alvo são adolescentes – muitos alunos de Márcia -, além de pessoas de 40 a 50 anos, de Brusque e Guabiruba.

No entanto, o Só Acredito Lendo já recebeu procura de leitores de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em Brusque e Guabiruba os livros são entregues gratuitamente. Também há a possibilidade das pessoas pegarem os exemplares na casa de Márcia. A entrega pode ser feita em outros municípios, mediante pagamento do frete.

A professora compra os livros dos mais diversos lugares, mas principalmente de Blumenau, Jaraguá do Sul e do próprio Sebo Brusque. “Vou caçando onde posso e trago livros de boa qualidade num preço acessível”, diz Márcia.

Ela diz que muitas famílias de Guabiruba não permitem que os filhos comprem pela internet, então ela leva os livros até a escola ou eles retiram as obras na sua própria casa.

“Busco incentivar a leitura de uma forma geral, fazer as pessoas lerem mais, pois, com certeza, a leitura tem o poder de transformação, de mudar a educação, melhorar a oratória, entre outros benefícios”.

Após contato sobre os livros e efetivação da compra, os exemplares podem ser retiradas nos seguintes lugares:

Sebo Brusque
Rua João Lúcio Torrezani, 172, Santa Rita, Brusque (atrás do Ferro-Velho Torrezani)
Informações: (47) 991-023-632

Só Acredito Lendo
Rua José Rothermel, 612, Guabiruba Sul, Guabiruba
Informações: (47) 999-096-251


Por que os sebos são chamados assim?

Os sebos contam com livros usados ou raros, normalmente mais em conta, além de discos de vinil, gibis. Acredita-se que os sebos surgiram na Europa por volta do século XVI quando mercadores passaram a vender papiros e documentos da época para pesquisadores. Eles eram denominados de alfarrabistas, uma vez que alfarrábio quer dizer livro velho, antigo. Quem vendia livros usados, nessa época, era chamado de um nome um tanto quanto estranho: caga-sebo.

Essas livrarias chegaram ao Brasil em meados do século XIX. Os caga-sebos, hoje, são conhecidos por sebistas. Mas por que o nome sebo? Há algumas versões para o assunto. Uma delas é que antes da energia elétrica as pessoas liam à luz de velas. Estas eram feitas de gordura que escorria sobre os livros deixando-os sebentos, gordurosos. Outra, porém, diz que os jovens de antigamente, loucos por aprender, não se desgrudavam dos livros e os mantinham sempre embaixo do braço, fazendo com que eles ficassem sujos, ensebados.