Preço do diesel impacta no custo de transportes na região
Em algumas empresas, combustível detém 40% da receita; em geral, cerca de 130 mil litros são consumidos por mês nos estabelecimentos
Em algumas empresas, combustível detém 40% da receita; em geral, cerca de 130 mil litros são consumidos por mês nos estabelecimentos
As constantes oscilações no preço do diesel vem causando dor de cabeça aos setores que utilizam caminhões e carretas. O combustível está entre os principais custos de inúmeras empresas de Brusque, Botuverá e Guabiruba e tem pesado cada vez mais na conta. Para piorar, devido à crise e à concorrência, na maioria das vezes os gestores optam por não repassar os aumentos aos clientes.
Na Calcário Botuverá (Mineração Rio do Ouro), o custo com o diesel é responsável por 40% do orçamento da empresa. No mês são consumidos cerca de 50 mil litros, utilizados em 95 equipamentos, entre caminhões de minas, caminhões de entregas e perfuradores de solo.
O gerente Sálvio Colombi explica que com a crise econômica, não é possível passar o reajuste aos clientes. Desta forma, segundo ele, é preciso realizar “manobras” com os outros custos. Um deles, por exemplo, é referente à energia elétrica, que também está entre os custos mais elevados da empresa.
“Hoje utilizamos a transmissão da Celesc, mas usamos a energia da Cemig [Companhia Energética de Minas Gerais]. É um dos meios de economizarmos. Também mexemos num ou outro item de custo que vai proporcionando que a empresa continue”, conta.
As variações do preço do diesel também impactam a Transportes Brusville, de Brusque, que possui 80 veículos. O diretor Emilio César de Souza diz que o mercado vive sempre na “corda bamba”, já que todos os meses há reajustes no combustível e, por isso, não é possível estabelecer um valor exato para tabela de fretes. “É um mercado incerto e está muito complicado. Precisamos absorver esses reajustes, cortando custos gerais, para não ficarmos no prejuízo”.
Na Trans Amilpe, de Guabiruba, a situação não é diferente. O diretor Amilton Luiz Cardoso afirma que há dois anos tem se intensificado a variação de preços devido à crise econômica. Ele enumera, que depois dos impostos, o diesel é um dos maiores custos da empresa, junto com o pedágio e o seguro das cargas. “Como existe muita oferta de transportadoras, não podemos repassar os reajustes para não perdermos clientes. E assim vamos sobrevivendo, na esperança que o cenário melhore”.
Atualmente, a Trans Amilpe tem mais de 30 caminhões, que consomem 130 mil litros de diesel por mês.
Redução nas refinarias
Embora o diesel venha sendo reajustado constantemente nos últimos anos, a Petrobras anunciou no dia 27 de janeiro a redução dos preços nas refinarias em 5,1%. Pelos cálculos da estatal, se o ajuste for repassado integralmente ao consumidor final, o diesel pode cair 2,6% ou cerca de R$ 0,08 por litro, que hoje é vendido ao consumidor final por cerca de R$ 2,97 em Brusque .
A redução nas refinarias não necessariamente chegará aos consumidores. A lei garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados. “Isso dependerá de repasses feitos por outros integrantes da cadeia de combustíveis, especialmente distribuidoras e postos revendedores”, informou a Petrobras.
A companhia diz que tem a intenção de rever os preços pelo menos uma vez a cada 30 dias, política que dá “a flexibilidade necessária para lidar com variáveis com alta volatilidade”. Os novos preços mantêm a margem positiva em relação à paridade internacional. As alterações são resultado da valorização do real desde a última revisão de preços, de ajustes na competitividade da Petrobras no mercado interno e da redução dos preços dos derivados nos mercados internacionais, em particular do diesel, que registrou elevação de estoques por causa de inverno menos rigoroso do que o previsto no Hemisfério Norte.