Preço do leite aumenta 50% em seis meses nos mercados de Brusque
No município, o valor chega a R$ 3,49 nos mercados; expectativa é de mais crescimento
No município, o valor chega a R$ 3,49 nos mercados; expectativa é de mais crescimento
O preço do leite aumentou cerca de 50% nos mercados de Brusque de janeiro até agora. Levantamento realizado pelo Município Dia a Dia em três estabelecimentos da cidade mostra que o menor preço do litro hoje é de R$ 3,29, já o maior chega a R$ 3,49. Há três meses, por exemplo, era possível comprar o produto por R$ 2,67.
No Archer o preço varia de R$ 3,29 a R$ 3,49. No O Barateiro de R$ 3,39 a R$ 3,49 e no Bistek está em R$ 3,38. O gerente do Archer, Udo Wandrey, diz que pelos comentários dos fornecedores, a situação deve perdurar nos próximos 60 dias. Ele conta que os estoques estão baixos e que, enquanto antes pagavam cerca de R$ 2 a caixa, agora pagam R$ 3. “O valor da nossa compra reflete no preço que o consumidor paga”. Em média, com o aumento no litro do leite, houve uma redução de cerca 10% na procura pelo produto no estabelecimento.
O gerente do Bistek, Evandro Bez, afirma que o mercado está pagando caro pelo litro do leite e também pelos derivados. “A tendência é que aumente ainda mais. Mas o consumidor não deixa de comprar, já que é um item necessário”.
O proprietário do O Barateiro, José Francisco Merísio, conta que a procura pelo leite caiu pela metade. Ele lembra que o aumento do produto iniciou no começo do ano e que desde então derivados como queijo, requeijão e nata também aumentaram. “Pelo o que escutamos da central de compras, a tendência é que aumente mais. É um problema”, afirma.
Lei da oferta e procura
O frio, que prejudica as pastagens, o custo da alimentação do gado leiteiro, principalmente do milho, e a venda de vacas para o abate são os principais fatores que explicam o aumento no litro do leite.
O vice-presidente do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado (Conseleite-SC), Adelar Maximiliano Zimmer, explica que o preços dos insumos subiram, em média, 100%. O milho, que é a principal base para ração de vacas, cresceu 70%. Ele explica que com isso há uma diminuição na produção do leite. “As indústrias precisam de leite e não tem. É a lei da oferta e procura. Aumentou a luz, o diesel, os custos fixos do empregado, e não vai voltar ao preço que estava”.
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Zimmer diz que sempre quem “pagava a conta” é o produtor rural. Agora, segundo ele, “se querem qualidade, que não é mais um diferencial, é exigência, terão que pagar por isso”. No entanto, o vice-presidente do Conseleite-SC afirma que se o produtor rural recebe pelo litro de leite, em média – R$ 1,22 ( produtor padrão) e R$ 1,41 (produtor grande), alguém não está respeitando essa cadeia.
“Quem distribui para fonte final não é a indústria, é quem coloca nas gôndolas dos mercados”. Ele ainda compara que o consumidor paga R$ 3 uma água mineral de 500 ml e reclama de pagar pelo preço do leite. “Levamos 24 meses pra ‘fazer’ uma vaca, com custos com o trato. A qualidade hoje tem um custo e o produtor não pode pagar por isso, caso contrário fica inviável a produção”.
Zimmer também diz que a tendência é que o valor permaneça alto até setembro. Segundo ele, o leite não voltará mais a custar R$ 1,99. Com isso, o preço no varejo só deve cair depois deste período, quando as pastagens começam a melhorar e a produção reage.
Produção leiteira
Santa Catarina é o quinto estado em produção de leite no Brasil. São 2,8 bilhões de litros anualmente, numa cadeia que envolve 80 mil trabalhadores.