Preconceito e violência
Eu sou uma pessoa otimista. Gosto de pensar que estamos lutando para uma sociedade mais igualitária e mais tolerante. Mas algumas notícias que vi recentemente têm feito com que esse pensamento se abale. Primeiro, o estupro coletivo. Depois, o massacre na boate de Orlando. E a mais recente: a agressão por parte de um grupo neonazista a uma banda joinvilense.
Não é incomum as pessoas, nas redes sociais, falarem frases do tipo: “tudo bem ser gay, desde que não seja na minha frente“. (Não concordo com esta afirmação, mas vamos considerá-la por um instante). A boate de Orlando era um lugar para os homossexuais “não serem gays na frente de todo mundo”. E mesmo estando em “seu canto” foram vítimas desta sociedade. Sociedade que matou mais de 50 jovens e deixou mais outros 50 feridos. E não é culpa de religião ou etnia do assassino. É culpa do preconceito. Preconceito que está de certa forma enraizado na sociedade.
A nova geração tenta lutar contra essas raízes, mas essa luta será contínua e não será fácil vencê-la. Por outro lado, muitas pessoas manifestaram-se a favor do assassino. Sim. A favor do homem que matou 50 pessoas por não ser favorável à orientação sexual delas. Imagine se a notícia fosse a seguinte: humano invade boate destinada à humanos, mata 50 humanos e deixa mais de 50 outros humanos feridos. Chocante, não? Mas foi o que aconteceu.
O caso em São Bento do Sul é tão retrógrado quanto: uma banda joinvilense de Punk Rock chega ao local onde vai fazer seu show e é saudada por um grupo que, após fazer uma saudação nazista, os agride com estiletes, facas, machados e até um martelo. Por sorte, não houve fatalidade. Mas, segundo informações, o grupo neonazista se deslocou de Curitiba até São Bento do Sul exclusivamente para praticar o ato. O motivo? Preconceito. Pois o punk rock prega a igualdade e o respeito, medidas não apoiadas pelo nazismo.
Sim, existem muitas notícias boas no mundo e elas devem ser compartilhadas e incentivadas. Mas casos como estes devem ser expostos para que vejamos que esta luta pela inclusão está só começando e é preciso dá-la força.
Heloísa Wilbert Schlindwein – 16 anos – terceirão