Prefeitos e entidades de Brusque e região comentam afastamento do governador Moisés
A vice-governadora Daniela Reinehr assumiu interinamente o governo de SC
As autoridades e os representantes de entidades de Brusque e região consideram prejudicial para o estado o afastamento de Carlos Moisés da Silva do cargo de governador de Santa Catarina. Eles não afirmam se consideram o julgamento certo ou errado, mas expressam suas considerações sobre o cenário atual.
Moisés foi afastado do cargo pelo Tribunal Especial de Julgamento do Impeachment durante a madrugada de sábado, 24. O colegiado teve seis votos pelo prosseguimento da denúncia contra o chefe do Executivo estadual.
Ele deve deixar o cargo por até 180 dias, mas pode voltar caso votação se repita. Quem assumiu o governo a partir desta terça-feira, 27, foi a vice-governadora Daniela Reinehr. A denúncia contra ela não teve prosseguimento.
O prefeito de Brusque, Jonas Paegle, lamenta o momento político. “Sabemos que todo processo de transição traz desgastes para o andamento dos trabalhos e, muitas vezes, prejuízos para a população”.
“Espero que a governadora Daniela possa ter sabedoria para administrar o estado nesse momento tão delicado que é de enfrentamento à pandemia, mas sem deixar de focar na economia catarinense”, comenta Paegle.
“Creio ainda que o diálogo aberto com a Assembleia Legislativa, através dos deputados, com as prefeituras e entidades representativas, possam estar presentes nessa fase transitória, até que o tribunal misto avalie o mérito da questão”, finaliza o prefeito.
O prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene, diz que o afastamento do governador foi resultado da falta de entrosamento político. “Achava que ia governar sozinho, mas não é assim que funciona”, pontua. Ele considera que o governador “pagou o preço de não ter conversado com os deputados”.
Nene espera que o cenário mude e Daniela converse mais com os municípios e o Legislativo. “A vice-governadora deve ter aprendido a lição com o Moisés”.
O prefeito de Guabiruba, Matias Kohler, avalia que o julgamento foi transparente. “Se foi político ou técnico, cada um tem que ver do seu ponto de vista”.
Ele diz que acompanha o quadro com preocupação, mas também espera uma aproximação com os municípios para construir um diálogo. Esse contato já era cobrado de Moisés pelas cidades catarinenses.
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cassia Conti, considera a decisão precipitada pela época vivida. Ela não entra no mérito de o afastamento estar correto ou não, mas coloca que a pessoa pública deve sofrer a consequência de seus atos. “Temos que pensar no catarinense, no que é bom para Santa Catarina”.
Rita deposita expectativas no governo de Daniela, por ela ser vice de Moisés. “É importante porque pelo menos dá continuidade”.
Outro ponto que a presidente da Acibr vê como importante é proximidade de Daniela com o governo federal. Porém, enfatiza que ainda não é possível saber como ela vai se comportar. “É uma avaliação futura”.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Brusque, Botuverá e Guabiruba (Sindilojas), Marcelo Gevaerd, não se posiciona sobre o mérito da decisão. Ele diz que é um problema para o estado pela mudança de administração e possíveis alterações na estrutura.
“Se ele estiver errado, eu acho que ele tem que pagar uma pena, mas tudo muito bem feito para que o estado não sofra”.
Gevaerd pontua que as entidades do estado precisam apoiar Daniela. “Não podemos deixar que o estado quebre”, finaliza o presidente da entidade.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque, Fabricio Zen, também avalia que a transição pode impactar negativamente o estado. “Lamentamos que a situação tenha chegado a este ponto, especialmente neste cenário atual de enfrentamento à pandemia da Covid-19”.
Zen reforça que, apesar disso, é preciso continuar contribuindo para o crescimento da região. “Esperamos que a Daniela tome boas decisões em sua gestão e aguardamos a conclusão do processo”, conclui.