Prefeitos e entidades de Brusque e região comentam expectativas para os governos Jorginho Mello e Lula
Presidente e governador foram empossados neste domingo
Neste domingo, 1º de janeiro, foram empossados o novo presidente do Brasil, Lula (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e os novos governadores eleitos. Em Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) e Marilisa Boehm (PL) foram empossados governador e vice-governadora. Com as mudanças de governo, prefeitos e presidentes de entidades de Brusque e região avaliam os novos cenários com otimismo, mas também com incertezas.
Para o prefeito de Brusque, Ari Vequi, a expectativa é positiva para o novo governo do estado. “Se não tivermos a melhor relação, porque a melhor relação comigo foi com o governo Luiz Henrique [da Silveira], que esteve 40 vezes em Brusque e investiu muito, será uma das melhores relações”, comenta.
Segundo Ari, a relação do município com o governo Moisés (Republicanos) foi boa e cita obras, como a revitalização do trecho urbano da rodovia Antônio Heil, e investimentos na área da saúde. “Foi a UTI Neonatal, a entrega do Samu [nova sede], a nova torre do Azambuja e mais de dez leitos de UTI”, cita.
Contudo, com Jorginho, o prefeito acredita que deve avançar nas obras da duplicação da rodovia Ivo Silveira, tirar as alças da BR-101 do papel e a ver a construção da barragem de Botuverá. “Esperamos que o governo do estado, nas mãos do Jorginho Mello, finalize o processo da barragem”, conta.
“Acredito que a nossa relação com o Jorginho será muito produtiva, tanto minha pessoalmente quanto da cidade, que o abraçou. Fomos um dos 12 maiores índices eleitorais dele”, reforça. “Acredito que, conhecendo a forma dele de governar, pois trabalhei com ele quando foi governador em exercício, não teremos nenhuma dificuldade, isso dentro de um estado que tenha dinheiro”, pontua.
Neste sentido, Ari aponta incertezas no cenário nacional, com o governo Lula. “Quem pode nos atrapalhar nisso é o governo federal. Se vier uma crise econômica, todo mundo perde. A preocupação maior que tenho é com a direção que estamos indo”, explica.
O prefeito se refere às escolhas do governo para os cargos nos ministérios. “São pessoas nas áreas financeiras e técnicas, mas que eu esperava muito mais. Devia-se ao menos manter a linha econômica que nós tivemos nos últimos quatro anos”, opina.
Para ele, uma crise pode afetar a expectativa de recursos e o orçamento para 2023. O valor estimado para o próximo ano é de R$ 841.902.401,66. “Os investimentos estão sendo reduzidos. Por exemplo, os apoiadores do Brusque não estão desistindo do clube, mas estão preocupados e pisando no freio. Isso afeta tudo, nos investimentos, na geração de empregos, na organização da indústria”, completa.
Guabiruba
Valmir Zirke, prefeito de Guabiruba, espera que a relação com o governador Jorginho Mello seja diferente de como foi com Carlos Moisés. Conforme Zirke, o município passou por dificuldades para conversar com Moisés nos primeiros dois anos de governo.
Uma das pautas destacadas pelo prefeito é a situação da escola João Boos. “Moisés dizia que existia recursos, mas não tinha gestor. Ficou difícil ter que entender isso, por quatro anos no governo e não ter alguém que faça isso na educação”, critica.
Agora, com Jorginho Mello, Zirke ressalta a expectativa do governo em continuar o Plano 1000. “Logo no início do governo, pretendemos ter uma conversa com ele para expor isso. Esperamos uma parceria entre o estado e o município”, continua.
A nível federal, Zirke comenta que o resultado das eleições foi diferente do que ele esperava. Porém, o município deve estabelecer uma boa relação para angariar recursos.
“Nós temos que apostar, não adianta agora torcemos contra. Precisamos torcer por um Brasil melhor, que o governo coloque em prática o que foi apresentado em campanha. Os municípios menores dependem muito do estado e do governo federal. Muita coisa deve sair do papel e esperamos que seja melhor, tanto para as prefeituras e para as nossas empresas”, salienta.
O prefeito não esconde a insegurança, mas acredita que ainda é cedo para avaliar. “Nós temos que crer que eles façam as coisas acontecerem, com muita cautela e segurança, pensando no futuro”, completa.
Botuverá
Alcir Merizio, prefeito de Botuverá, diz que a prefeitura espera que Jorginho Mello cumpra os acordos feitos pelo governo Moisés. “São recursos que foram prometidos e licitados. Inclusive, são duas obras: o da rua Humberto Mazzolli e a ponte da rua Henrique Vanelli. Que ele possa cumprir com esses compromissos e que possamos fazer as obras”, conta.
A gestão espera reivindicar os pedidos já feitos pelo município. Outra questão a ser discutida, segundo Alcir, é a rodovia SC-486, que liga Botuverá a Vidal Ramos. “Hoje, ela é mantida pela prefeitura e a gente espera que, com o novo governo, possamos alinhar essa situação. Primeiramente, a abertura dessa estrada, que tem trechos críticos. Esperamos um bom relacionamento com o governador”, complementa.
Sobre o presidente Lula, Alcir se diz apreensivo, principalmente pelo que aconteceu no país após as eleições, como as manifestações. “A gente espera que isso se desenrole da melhor maneira possível”, inicia.
O prefeito também cita os planos de construção de uma nova escola ao lado da creche no Centro. O pedido já foi cadastrado no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Alcir adianta que a ideia é ir para Brasília neste ano para cobrar esses recursos, junto com deputados parceiros. “Precisamos de respaldo do governo federal, que se dedique e tenha um olhar com atenção aos municípios, pois é onde as coisas acontecem”, completa.
Acibr
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cassia Conti, comenta que em dezembro ocorreu uma reunião com os 11 municípios da região da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). Na ocasião, foi discutido como cada entidade deve proceder perante aos novos governos.
“Em primeiro lugar, vamos fazer uma cobrança efetiva e muito acirrada em cima dos eleitos, e digo dos deputados estaduais e federais. Estamos com muitos problemas estruturantes, como segurança pública e, o principal, infraestrutura. Nossas estradas são um caos”, comenta.
Em relação a Jorginho Mello, a presidente da Acibr comenta que o governador se mostrou muito favorável ao diálogo. Dentre os pleitos estão a barragem e a subestação da Celesc de Botuverá, conforme Rita.
“Isso é muito importante. A entidade trouxe ele para uma roda de conversa, tempo atrás, com várias lideranças. Então, temos uma abertura muito bacana com o governador, e isso é importante para termos uma conversa mais fluida e colocarmos os nossos pleitos municipais, estaduais e federais”, explica.
Rita destaca que o trabalho é mostrar os índices e valores de retorno do recurso em Santa Catarina. “Somos um estado diferenciado, um povo competente, que merece respeito e retornos”, defende.
A presidente também destaca o trabalho e cobrança com senadores eleitos da região. Uma delas é a brusquense Ivete da Silveira, que ficou no lugar de Jorginho, além dos senadores Jorge Seif, de Itajaí, e Esperidião Amin.
Já a nível federal, o sentimento é de apreensão. Conforme Rita, a sensação é a mesma entre os outros presidentes da Facisc na região. “Estamos atentos ao que está acontecendo, com os ministérios que estão sendo desenvolvidos. Não somos favoráveis ao aumento dos ministérios, pois aumentam o gasto público. Ficaremos, então, muito alinhados com as federações, como a Fiesc e a própria Facisc. Saber quais movimentos e como vamos nos posicionar”, explica.
Sobre a escolha de ministros, Rita também relata insegurança. “Um exemplo claro pra mim é o Ministério da Economia, que saímos de alguém com nível elevadíssimo, para alguém que não é tanto da área. Então o mercado fica muito apreensivo e preocupado”, finaliza.
AmpeBr
O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr), Mauro Schoening, avalia o momento como estável. Ele salienta que o foco atual é avaliar os resultados das vendas do fim do ano.
“Está todo mundo apreensivo com os resultados pós-Natal. Há a esperança que as vendas tenham sido muito boas. Para 2023, fizemos uma base pois em novembro tivemos uma preview de inverno e as vendas foram além das expectativas”, comenta.
A preview em questão impactam as receitas das empresas para os próximos meses. Assim, a expectativa é positiva para Mauro, principalmente na metade do ano. “Nós estamos otimistas. A respeito de mercadoria e os clientes comprarem os nossos produtos, estamos em ótimas probabilidade de vendas. A respeito da política, precisamos passar desta transição, até fevereiro, e acredito que a vida vá seguir”, completa.
Sindilojas
O presidente do Sindilojas e vice-presidente de varejo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio SC), Marcelo Gevaerd, relata incertezas sobre o que esperar para 2023. Contudo, ele prospecta o ano para o varejo com base em uma pesquisa recente da federação.
Os dados apontam que mais da metade (52,2%) dos entrevistados acredita que a economia será melhor em 2023. Já 21,9% acham que o desempenho será pior neste novo ano e 19,2% que será semelhante ao de 2022.
“A dinâmica do setor de comércio é bastante atrelada ao desempenho da economia em geral. E, desta forma, são necessárias medidas de combate à inflação, expansão do crédito e estímulo aos setores econômicos, para que possam produzir, gerar emprego e renda, criando um círculo virtuoso em nossa economia”, defende.
“A Fecomércio SC atua neste sentido junto às novas lideranças no executivo e legislativo para que a agenda econômica seja o centro dos planos de governo e projetos”, complementa.
O jornal O Município procurou o presidente da CDL de Brusque, Alcir Otto, que preferiu não se manifestar sobre o assunto. A presidente do Fórum Sindical, Marli Leandro, não nos respondeu até o fim desta edição.