Prefeitos eleitos em Brusque têm recebido menos votos ao longo das últimas décadas; entenda
Apesar do número de eleitores ter aumentado, os votos recebidos para chefe do Executivo municipal têm diminuído proporcionalmente
Prefeitos eleitos em Brusque têm recebido menos votos ao longo das últimas décadas. É o que aponta um levantamento feito pelo jornal O Município, que indicou que apesar do número de eleitores ter aumentado nos últimos 30 anos, os votos válidos para chefe do Executivo municipal têm diminuído proporcionalmente.
Os dados analisados consideram as eleições municipais de Brusque desde a redemocratização do Brasil, em 1988. O número total de votos válidos recebidos pelos eleitos apresentou um aumento contínuo das eleições de 1996 (eleição de Hylario Zen) a 2012 (segundo mandato de Paulo Eccel). Desde então, o total de votos válidos diminuiu.
Em 2016, ano que Dr Jonas (PSB) foi eleito, a diferença de votos válidos recebidos em relação à eleição anterior ultrapassou 10 mil. Em 2020, quando Ari Vequi (MDB) foi escolhido para o cargo de prefeito, houve uma diminuição de 563 votos válidos.
Em 2023, ano da eleição suplementar municipal, após Vequi ter o seu mandato cassado por abuso de poder econômico durante a campanha eleitoral de 2020, André Vechi (DC) foi eleito com 27.183 votos ou 40,54% dos votos válidos.
Polarização em alta
O analista de relações governamentais Marcos Maestri explica que os dados representam uma tendência de redução no número de votos válidos resultante de diversos fatores. Entre eles, a polarização política que o município vivenciava em 2012, entre Paulo Eccel (PT) e Ciro Roza (PSD).
“Essa polarização resultou em um grande número de votos para ambos os candidatos. Comparativamente, o segundo colocado nessa eleição obteve mais votos do que qualquer prefeito eleito desde então”, avalia.
Outra questão que justifica os números, é o aumento do número de partidos e candidatos, que por consequência, divide mais os votos dos eleitores.
“Nas eleições subsequentes, o cenário político de Brusque tornou-se mais fragmentado, com um aumento no número de candidatos competitivos. Esse aumento na competitividade dividiu os votos entre mais candidatos, resultando em uma diminuição do total de votos recebidos pelo candidato vencedor.”
No entanto, Maestri pondera esse crescimento como positivo, como um reflexo de uma maior participação política e de um cenário democrático vivo.
“Essa dinâmica reflete uma fragmentação do eleitorado e a diversidade de opções disponíveis, o que é um indicativo de uma democracia viva e participativa, apesar da aparente redução no número de votos válidos para os vencedores das eleições.”
Eleições de 2020
Em 2020, o quadro político foi marcante por diversos motivos, analisa Maestri. “Em particular, a eleição de 2020 destacou-se por incluir um projeto de reeleição do grupo político liderado por Ari Vequi, além da participação de dois ex-prefeitos [Paulo Eccel e Ciro Roza] concorrendo. Esse cenário, com um maior número de partidos e candidatos, naturalmente reduziu a quantidade de votos necessários para eleger a chapa majoritária”, afirma.
Número de eleitores
O número de eleitores cresceu em todas as eleições desde 1988. No ano de promulgação da Constituição Federal, o eleitorado era de 31.137. Em 2023, o número chegou a 95.403. Um aumento de 206.40%.
No entanto, deve considerar-se a porcentagem sobre o número total de votos válidos. Em 1988, Ciro Roza (PDT) recebeu 36,05% dos votos válidos, com 10.547 votos e em 2023, André Vechi (DC) obteve 40,54% dos votos válidos, com 27.183 votos.
“O total de votação não mudou. Mas o percentual de participação nas eleições vem diminuindo consideravelmente. Essa diminuição da participação são por outros fatores: crise de representatividade, reduzido efeito punitivo por não votar, pouco foco dos partidos para esse problema’”, esclarece Maestri.
Assista agora mesmo!
“Jogo da mentira” trazido da Itália, brìscola é praticada em Botuverá há quase 150 anos: