Prefeitura de Guabiruba informa próximas medidas nos serviços de abastecimento de água
Após decisão judicial, concessão com a Casan foi interrompida, e fornecimento será feito pela empresa Atlantis pelos próximos seis meses
Após decisão judicial, concessão com a Casan foi interrompida, e fornecimento será feito pela empresa Atlantis pelos próximos seis meses
Em caráter emergencial, a Prefeitura de Guabiruba firmou contrato com a empresa Atlantis para a gestão e fornecimento de águas e saneamento no município. A empresa atuará em Guabiruba pelos próximos seis meses, em parceira com a prefeitura, sob a marca “Guabiruba Saneamento”. A prestação dos serviços iniciou no dia 5 deste mês, substituindo a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), concessionária que atuava em Guabiruba há 43 anos.
Em coletiva de imprensa realizada no Salão Nobre da Prefeitura de Guabiruba nesta segunda-feira, 16, o prefeito do município, Matias Kohler, ressaltou que a não-renovação do contrato com a Casan e a urgência da contratação de outra empresa se deu devido à falta de assistência fornecida pela concessionária ao município. Além do prefeito, estavam presentes o presidente da Câmara de Vereadores, Cristiano Kormann, e o corpo técnico da empresa Atlantis.
Segundo Kohler, a Casan falhava em repassar informações sobre a situação da rede de água e esgoto do município. Ele afirma que, nos últimos dez dias, foi possível verificar que o quadro de Guabiruba é preocupante e que há muitas falhas e dificuldades de operação na rede. “Mas a continuidade do serviço é possível”, diz.
Nas próximas semanas, em razão da substituição dos materiais filtrantes dos filtros da rede, Guabiruba pode sofrer interrupções pontuais no abastecimento de água. Essas interrupções estão previstas devido à necessidade da troca do equipamento, que, segundo o engenheiro civil da Atlantis, Chayron Campos, encontra-se com vida útil já no limite. O encanamento da rede foi implantado na cidade quando a Casan assumiu os serviços, há mais de 40 anos. A concessão iniciou em 7 de agosto de 1975.
Com a troca do equipamento, a Atlantis busca aumentar a produção de água tratada em 17%. A estação de tratamento da Guabiruba Sul produz, atualmente, 2.240.000 litros de água por dia; com a mudança, atingirá uma capacidade de produção de 2.550.000 litros diários. “Cada porcento que pudermos aumentar na produção é muito importante, pois já estamos trabalhando no limite”, afirma o engenheiro químico Fabrício de Oliveira.
A rede municipal possui 84 quilômetros de extensão e está passando por uma varredura para identificação de problemas. Nos nove quilômetros já analisados, foram identificados cinco pontos de vazamentos ocultos e um volume de perda de água de cerca de 30%. O investimento na pesquisa de vazamentos é de R$ 25 mil.
Os vazamentos ocultos são diretamente relacionados ao estado de conservação dos encanamentos. Campos explica que, nesse caso, a água vaza e desce pela terra, e por isso é necessário um diagnóstico de toda a rede.
De acordo com o prefeito, o sistema da Casan estava em estado “altamente deficitário”, com um volume de perda razoavelmente grande para o município. “Esses movimentos iniciais de análise são urgentes para que se dê continuidade ao sistema de abastecimento”, diz. Kohler afirma que, após os primeiros 30 dias de trabalho da nova empresa, será possível ter um panorama mais efetivo para fins de comparação com os serviços prestados pela antiga concessionária.
Para a melhoria dos serviços, a prefeitura vai adquirir uma bomba reserva de captação de água, em adição à já utilizada pela Casan, para evitar que o fornecimento de água seja interrompido no município futuramente. Segundo Kohler, quando a captação falhava simultaneamente em dois municípios, a Casan não conseguia abastecer os dois e, inevitavelmente, um deles ficaria sem abastecimento de água. O investimento nesse equipamento é de R$ 210 mil.
“Essas são as medidas que a empresa operadora do sistema entende como necessárias nesse primeiro momento”, afirma o prefeito. “Com isso, nós esperamos fornecer aos guabirubenses os serviços pelos quais eles pagam, com qualidade. Mas é um processo gradativo, por isso, pedimos a compreensão de todos.”
A Prefeitura de Guabiruba encomendou, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do município, um estudo técnico para analisar qual é a melhor forma de se dar continuidade aos serviços de abastecimento de água, e serão estudadas as possibilidades de uma nova concessão.
A empresa Atlantis, que assumiu os serviços em Guabiruba, possui concessão nas cidades de Jaguaruna e Gravatal, e atua no mercado de gestão e fornecimento de água há dez anos. Segundo o engenheiro químico Fabrício de Oliveira, o objetivo da empresa é “alavancar tecnologias para que a gestão de água e de resíduos sólidos seja financeiramente sustentável”.
Tarifas cobradas pela Casan
Nos últimos dias, moradores de Guabiruba relataram o recebimento de faturas da Casan geradas por leituras realizadas após o fim da concessão. O prefeito explica que a concessionária entendeu como necessária a cobrança da tarifa pelos dias de água fornecidos – porém, esses dias de abastecimento não completaram um mês, e muitas pessoas receberam a fatura mínima referente a cerca de 10 ou 15 dias de uso de água.
Segundo Kohler, a prefeitura pretendia, inicialmente, orientar os consumidores a não pagarem por essa tarifa, mas acredita que não é uma medida viável. “Vamos orientar para que continuem sim pagando conforme a emissão de faturas. Caso algum consumidor se sinta prejudicado, o indicado é procurar serviços de atendimento ao consumidor.”
A Prefeitura de Guabiruba já notificou a Justiça sobre a leitura dos registros, que foi realizada pela Casan após o fim da concessão, quando foi determinado judicialmente que a concessionária não poderia mais efetuar nenhum serviço no município.
As próximas tarifas, emitidas pela Atlantis, serão referentes ao mês de maio, com vencimento em junho. O prefeito alerta que as leituras podem sofrer uma variação de 30 a 45 dias, devido à escalas de leitura organizadas pela empresa.
O responsável pelo contrato da Atlantis com o município, Cássio Pessoa, ressalta que a cobrança pelas taxas de água e de lixo virão numa mesma fatura para os contribuintes que possuem os serviços de coleta de resíduos sólidos. Segundo Kohler, com a emissão conjunta, a prefeitura busca gerar uma economia de cerca de R$ 20 mil mensais para a cidade.