Câmara aprova mudança na utilização de taxa cobrada de empreiteiras
Recursos passam a ter o dobro do número de aplicações previsto na legislação anterior
Recursos passam a ter o dobro do número de aplicações previsto na legislação anterior
A Câmara de Vereadores aprovou ontem, em votação única e com votos contrários da bancada oposicionista, projeto de lei que transfere recursos do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano para uma conta específica do município. Esse fundo é o que recebe o dinheiro arrecadado com a cobrança da outorga onerosa do direito de construir, taxa cobrada de quem quer construir prédios com o limite máximo de pavimentos permitidos pelo Plano Diretor.
Na mensagem enviada ao Legislativo, o prefeito interino, Roberto Prudêncio Neto, com base em pareceres da Procuradoria Geral do município, justifica que, atualmente, os recursos do fundo estão engessados – já que podem ter apenas quatro destinações previstas em lei. Pelo novo texto, passa a ser oito o número de possíveis utilizações do recurso.
O líder do governo no parlamento, Alessandro Simas (PR), argumenta que, atualmente, os recursos do fundo servem apenas para planejamento, mas não para execução de obras e ações. A intenção, afirma, é que o dinheiro da outorga onerosa possa ser utilizado para cobrir custos de manutenção da infraestrutura da cidade, os quais o governo está ficando sem dinheiro para bancar.
“Se fosse fácil do jeito que está, não precisaríamos mexer [no recurso do fundo]. Se o prefeito anterior não tivesse cancelado empenhos no fim de 2014 e pago com dinheiro do IPTU em março de 2015, talvez não estivéssemos em uma situação tão ruim”, disse, culpando a administração passada pela falta de recursos em caixa.
“A receita vai cair e nós temos que nos preparar. Se a presidente não cair, ou não tiver a honra de sair, ano que vem vai ser muito pior. Não tem prefeitura que está com as contas em dia. A prefeitura atrasa fornecedores desde o fim de agosto”, ressalta Simas.
Ele informou que a prefeitura pretende usar este recurso, prioritariamente, para manutenção de vias, obras para as quais, segundo ele, o município hoje não tem dinheiro para pagar. “Não tem recursos para continuar mantendo os serviços, não tenho medo de dizer que vai parar [sem novos recursos]. Vamos usar para melhoria e recuperação de vias, ninguém vai fazer o que a lei não determina”, concluiu.
Oposição: “prefeito quer usar dinheiro como bem entender”
A aprovação do projeto de lei, que será assinado pelo prefeito interino e logo passará a valer, gerou uma enxurrada de críticas dos parlamentares da oposição. Marli Leandro, líder do PT, fez longo discurso contra a medida, afirmando que, com a aprovação, a prefeitura pode fazer o que bem entender do dinheiro arrecadado.
“A minha avaliação é que querem pegar o dinheiro para poder usar em outras questões. Se quiser usar o dinheiro naquilo que está previsto, não tem necessidade de mudar a lei”, disse Marli.
“Este projeto é uma enganação, querem pegar o recurso deste fundo e utilizar em outras questões que não aquilo que está previsto”, continuou a vereadora, “porque tem problema financeiro, porque gastaram demais e não sabem mais o que fazer para honrar as contas públicas”.
Em resposta às explicações do líder do governo sobre falta de recursos na prefeitura, a oposicionista pediu a renúncia do chefe do Executivo. “Se não tem condições de tocar, renuncia”, disse. “Se não tem competência para administrar o município, sai fora, em vez de ficar se fazendo de vítima o tempo todo”.
Valmir Ludvig (PT), líder da bancada oposicionista, afirma que, ao mexer em recursos deste fundo, o Executivo abre precedentes para que se mexa em outros, e que isso pode gerar, no futuro, problemas legais. O vereador cobrou, ainda, que o projeto de lei fosse discutido no Conselho Municipal da Cidade (Comcidade), antes de mandar para o Legislativo.
Ivan Martins, líder do PSD, afirma que o projeto de lei, na prática, não dá total liberdade ao município de movimentar o dinheiro, como disse a colega Marli. “A vereadora está mal intencionada em sua colocação”, pontuou.
O uso dos recursos da outorga onerosa
Como era
Como ficou
CURTAS