Preservação e pavimentação de rua mobilizam moradores do Jardim Maluche
Apesar de contribuições para pavimentação, parte da rua Francisco Sassi é de terra
Apesar de contribuições para pavimentação, parte da rua Francisco Sassi é de terra
A mobilização por melhorias na qualidade de vida serviu para aproximar os moradores da rua Francisco Sassi no bairro Jardim Maluche. No trecho da via sem pavimentação, o grupo recorreu à Justiça para garantir acesso ao serviço pago. Na parte já pavimentada, eles se organizam em grupos nas redes sociais para fazer mutirões de limpeza e ornamentação dos canteiros e uma área pública da via.
Os serviços de pavimentação na Francisco Sassi são desenvolvidos desde 2014. Começaram cerca de dois anos depois que R$ 120 mil foram destinados para os trabalhos. Originalmente, a cobertura era prevista para ocorrer no trecho entre as ruas Nereu Ramos e o entroncamento da Felipe Sestrem Júnior, mas após a organização e mobilização do trecho não contemplado, os trabalhos deveriam ter sido estendidos em um segundo momento.
Ao longo dos 32 anos que mora em uma casa na Francisco Sassi, Marli Koschnik, 62, convive com portas e janelas fechadas. O motivo é a poeira gerada com o trânsito de veículos. Há dois anos, ela está em uma situação inusitada: o terreno onde a família mora fica no limite da pavimentação.
O problema se agrava nos dias de sol. A casa precisa ficar fechada e não é possível deixar roupas estendidas no quintal. “Se eu for reclamar, provavelmente vão dizer que não tenho direito pelo fato do asfalto estar feito até aqui. Esse trecho ficou bom, mas a poeira vem igual”, comenta.
Solução aguardada
Assim como outros moradores da rua, ela fez as contribuições para a colocação de uma camada asfáltica na rua. Quando foi verificado que o serviço seria feito até o limite do terreno, afirma que a família já não esperava que o problema com a poeira fosse resolvido.
A demora em uma solução, afirma, deixava a população do trecho de terra apreensiva e um encaminhamento só foi feito após parte da população buscar uma definição judicial para o caso. Ela destaca o engajamento dos moradores em buscar uma solução para o caso e manter a estética dos canteiros. O marido ajuda nas roçadas dos espaços, enquanto ela colabora com a limpeza.
Segundo o secretário de Obras, Ricardo José de Souza, a pavimentação dos 600 metros restantes da Francisco Sassi estão entre os serviços planejados pelo setor. De acordo com ele, caso os trabalhos no local não iniciem neste ano, eles devem ser colocados como prioritários para o início do próximo ano.
Souza afirma que os serviços devem seguir o mesmo padrão do trecho já pavimentado, com pista dupla. O secretário destaca a existência da infraestrutura de tubulação no ponto sem pavimentação como um facilitador para a obra. Parte das transversais da Francisco Sassi também estão incluídas no projeto desde as assinaturas dos contratos.
Antes de encaminhar equipes ao local, o secretário indica a necessidade de finalizar atividades em outras vias do município, como os 1,2 quilômetro de camada asfáltica da rua das Tulipas, no bairro Rio Branco. Ela é pavimentada desde o primeiro semestre.
“Queremos começar ela o quanto antes. Já finalizamos as etapas de drenagem e pavimentação no bairro Rio Branco. Se não der para ser este ano, será a primeira do próximo ano”, descreve.
Manutenção colaborativa
Muito das atividades de manutenção são marcadas por Whatsapp. Um grupo formado por 30 moradores da via facilita a comunicação e o agendamento das ações. A cada nova atividade, reúnem até 12 pessoas, com trabalhos em turnos alternados. As práticas começaram com cinco moradores há cerca de dois anos.
Marcos Basso, 37, é um dos voluntários recorrentes da iniciativa. Há 14 anos no bairro, ele lembra sem saudades do período que a frente da casa também era de terra e atribui parte da motivação dos vizinhos a este histórico. “Sofremos muito com a lama e o barro e vimos que só dependendo de outros não iria sair”.
Logo após a pavimentação, os canteiros centrais permaneceram de terra e foi a mobilização dos moradores e a busca por parcerias com o poder público que transformaram a estética do local no que é visto hoje. Eles decidiram fazer o nivelamento e arrecadar os materiais para ornamentação.
Além dos canteiros, o grupo recuperou e mantém uma área pública existente no trecho pavimentado. O local recebeu roçadas e arborização, foi nivelado e, hoje, abriga uma praça infantil, bancos, possui lixeiras e canteiros com flores e chás. O grupo também faz corte e coleta da grama, além do plantio de flores.
Basso destaca as parcerias firmadas com o Executivo para fornecimento de mudas e roçadas. Com a conservação já fixada, afirma, o grupo tem se mobilizado para conseguir melhorias para a área, como a centralização da área de recreação infantil.
Na avaliação dele, medidas como as tomadas na rua Francisco Sassi poderiam ser aplicadas em outros pontos do bairro e do município e deveria receber incentivos, como descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A tendência, segundo ele, é que o sistema de colaboração seja estendido para o novo trecho da rua, assim que ele seja concluído.