Presidente da AMA Brusque ressalta importância da conscientização sobre autismo nos tempos atuais

Marcia Faria diz que a sociedade tem associado o transtorno a pessoas violentas e traços de crueldade

Presidente da AMA Brusque ressalta importância da conscientização sobre autismo nos tempos atuais

Marcia Faria diz que a sociedade tem associado o transtorno a pessoas violentas e traços de crueldade

Em abril, mês da conscientização em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Associação de Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (AMA) realiza algumas ações no município. A principal foi o dia de lazer que ocorreu em 2 de abril, data que marca a campanha.

A ação foi realizada no Parque das Esculturas e reuniu cerca de 200 crianças. Durante o evento foram realizadas muitas brincadeiras e atividades com os participantes que contaram com o apoio das acadêmicas da Uniasselvi e terapeutas da Clínica Estelar, além de contação de histórias e atividades musicais com o grupo Recreare. Segundo a organização, cerca de 50 monitores voluntários participaram do evento para auxiliar e cuidar das crianças. A AMA ainda realizou um luau para os adolescentes no fim da tarde.

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No decorrer do mês, a associação também tem realizado várias palestras agendadas em algumas escolas do município, entrega de materiais para ajudar nas atividades de conscientização, exposição de vídeos e algumas campanhas nas redes sociais.

Crianças tiveram diversas atividades e brincadeiras durante do dia | Foto: Caroline Rocha/AMA

Outra ação foi a participação da presidente da AMA, Márcia Graf Faria Gonzaga, na sessão ordinária da Câmara de Vereadores nesta terça-feira, 18, onde ela comentou sobre a importância da inclusão e os desafios enfrentados pelos autistas diariamente.

A associação ainda tentou elaborar algo em conjunto com as escolas de Brusque, mas não foi possível. “O que estamos fazendo são as palestras nas escolas que nos convidam, além do material que disponibilizamos para a rede municipal, para auxiliar as professoras e coordenadoras na conscientização”.

Importância de debater o tema

De acordo com a presidente, debater o tema sempre foi importante, mas no momento atual ela considera uma “importância extrema e urgente”.

“As pessoas têm uma concepção totalmente errada do que é ser autista. Nesse momento, onde pessoas cruéis e violentas são chamadas de ‘doentes mentais’ e até de autistas, precisamos reafirmar que o autismo existe sim, mas que as pessoas autistas são acima de tudo, humanos. Não se tratam de pessoas violentas, sem empatia ou sentimentos, isso é um mito”, explica.

Pintura facial, contação de histórias foram algumas das atividades que movimentaram as crianças | Foto: Caroline Rocha/AMA

A presidente é categórica ao afirmar que existem seres humanos bons e ruins e que não se pode associar os transtornos mentais com traços de crueldade. “Nos colocam em um lugar de potenciais agressores quando na verdade somos quase sempre as vítimas”, diz.

Marcia ainda comenta que além do bullying e diversos outros tipos de violências, as pessoas do espectro autista ainda enfrentam diariamente o capacitismo – preconceito contra pessoas com deficiência. Segundo ela, as pessoas enxergam o comportamento atípico dos autistas e já tratam como má educação, além de associarem a algo negativo, sendo que são apenas diferentes.

Preconceito diário

A presidente comenta que os autistas são excluídos nas escolas, mercado de trabalho e na sociedade. Além disso, ela lamenta que as pessoas só consideram os déficits e esquecem das potencialidades, pois presumem que os autistas são incapazes apenas pelo fato de estarem no espectro.

Caroline Rocha/AMA

Marcia destaca ainda que é preciso derrubar muitos estereótipos, mitos e preconceitos. “Os autistas crescem e não deixam de ser autistas, imaginem um autista negro adulto entrando em crise em local público? Quais são as chances de alguém chamar um segurança ou a polícia, por pensar se tratar de uma pessoa sob efeito de drogas? Ninguém vai presumir que se trata de uma pessoa autista em um momento de extrema vulnerabilidade, por nem imaginar que existem autistas negros”, conta.

Segundo ela, os autistas estão correndo risco de morte apenas por estarem no espectro e as pessoas não saberem disso. Por esses motivos, ela destaca a importância de trabalhar a conscientização, não apenas em abril, mas durante o ano todo.


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