Presidente do PT fala sobre processo de impeachment

Para Felipe Belotto, processo deve continuar se arrastando durante o ano, mas com menos força

Presidente do PT fala sobre processo de impeachment

Para Felipe Belotto, processo deve continuar se arrastando durante o ano, mas com menos força

O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, deflagrado em dezembro e que deve ser iniciado na volta do recesso da Câmara dos Deputados, é visto atualmente como “enfraquecido” pelo presidente do PT municipal, Felipe Belotto. “A pauta foi um pouco derrotada no fim do ano após a decisão do STF, que garantiu o rito do processo de impeachment similar ao que foi o do Collor”, avalia Belotto. “Houve uma tentativa de tentar resolver isso dentro da Câmara dos Deputados, numa aliança clara entre o Cunha e o PSDB para tentar fazer que o mandato da presidenta dilma fosse cassado”.

O presidente do PT de Brusque considera que a tendência é de que o processo se arraste durante o próximo ano, o que é de interesse da oposição, para tentar “sangrar” o governo aos poucos. Ele avalia, contudo, que os atores que levantam a bandeira do impeachment já estão sem muita moral para continuar a fazê-lo. “Percebe-se que aqueles caras que estavam se colocando como salvadores da pátria, entre eles o próprio vice-presidente [Michel Temer], estão na berlinda com as últimas fases da Operação Lava-Jato”, afirma, “que foi para cima do PSDB, começou a adentrar no governo Fernando Henrique, com as delações começando a falar disso e ter algum tipo de consequência”. Ele afirma que, no momento, considera o governo mais fortalecido para enfrentar o processo de impeachment do que estava no começo do mandato. Avalia que “o governo se fortaleceu por conta da fraqueza, da falta de lideranças dentro da oposição”.

Porém, reconhece que é difícil que o processo tenha uma definição rápida, como é de interesse do governo, o qual pretendia que os parlamentares adiassem o recesso para deliberar dentro da comissão especial formada para analisar o pedido de afastamento da presidente.”Isso sempre vai continuar no ar. Depois que a oposição aderiu ao golpismo em praça pública, eles querem conquistar o poder através de qualquer manobra que não seja a eleitoral. Essa vai ser sempre uma serpente que vai estar à espreita”, avalia Belotto.

O presidente do PT afirma que a militância ficou satisfeita com a troca do ministro Joaquim Levy por Nelson Barbosa, na Fazenda, e que confia que isso servirá para aumentar a popularidade de Dilma, o que, em efeito dominó, afastaria os riscos de impeachment.
“O governo está muito mais confiante. Esperamos que aponte para um cenário de mais otimismo na economia. Um resultado ruim na economia, um fracasso do ajuste fiscal comandado pelo Levy se reflete na popularidade da presidenta”.

Para especialista, economia ditará rumos do processoguerini copiar

O professor da Univali e mestre em sociologia política, Eduardo Guerini, afirma que o andamento do processo de impeachment está intimamente ligado ao andamento da economia em 2016. “É inegável que há um compasso de espera com relação aos resultados econômicos”, diz.

Ressalta, porém, que uma eventual tomada de posição do PMDB pode acelerar o processo. “Também é inegável que o PMDB está desembarcando do governo Dilma, e isso pode potencializar a aprovação do impeachment”.
Guerini considera, ainda, que eventual avanço da Operação Lava-Jato sobre a cúpula do governo também é motivo de aceleração da tramitação do processo na Câmara dos Deputados. “Na medida que surgir algo mais contundente, isso pode alavancar o processo e impedir que a base se sustente”.
“Mas é certo que não houve nenhum golpe. As instituições democráticas estão funcionando e o processo vai seguindo seu curso político normal”, avalia o especialista.

Guerini considerou equivocadas as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do processo de impeachment, e avalia que a atuação protagonista da Corte favorece a chamada “judicialização da política”.
“Magistrado que não tem voto não pode ter esse ativismo político que foi protagonizado na decisão, contrariando inclusive o voto do relator. Do ponto de vista do ativismo judicial, isso demonstra uma interferência desmedida de um poder sobre o outro”.

Ele reitera, contudo, que nem o STF nem o Congresso serão determinantes para acelerar ou postergar o processo de impeachment, mas a economia. “O que vai dar a batuta do processo é a questão econômica. Se todos começarem a sentir o garrote da crise que vem chegando com mais intensidade no primeiro trimestre, teremos uma possibilidade maior ou menor do impeachment acontecer”.
Para Guerini, 2015 foi um ano em que “tivemos 12 meses de paralisia, de agonia, de uma presidente atônita, diante de tanta barbeiragem na articulação política e na gestão econômica”.

Para ele, contudo, esse processo não deverá ser conduzido, na sua totalidade, por Eduardo Cunha, o qual está “ferido de morte”. “Ele terá uma sobrevida tanto quanto Dilma tem, os dois estão à beira do abismo, só não se sabe quem cairá primeiro”.

 

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