Preso por pedofilia em Brusque mantinha vídeos de crianças a partir de 4 anos
Operação Luz na Infância 2 cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em Brusque
Operação Luz na Infância 2 cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em Brusque
A operação Luz na Infância 2 terminou com uma prisão em Brusque. Nos computadores do homem de 36 anos foram encontrados materiais pornográficos envolvendo crianças e adolescentes. Ele estava em um dos quatro pontos que tiveram mandados de busca cumpridos na manhã desta quinta-feira, 17, no município.
Brusque contou com duas equipes, formadas por policiais da Polícia Civil e peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP). Para chegar até os suspeitos, os órgãos contaram com dados coletados e repassados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, que coordenou a ação.
No caso do homem preso em Brusque, o flagrante foi por armazenar pornografia com menores de idade. A maior parte do conteúdo era composto por vídeos. Ele foi encaminhado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis. Foram apreendidos três notebooks, quatro HDs e um celular, todos com material pornográfico.
As buscas foram em dois bairros da cidade. Os locais e os nomes do homem não foram divulgados pela Polícia Civil. Ao todo, dez agentes participaram da ação no município. Destes, oito eram policiais civis. Os outros dois eram servidores do IGP.
Com as informações repassadas, a presença dos peritos serviria para agilizar a análise do material coletado. A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) de Brusque teve dois policiais na operação.
Armazenamento criminoso
A prisão aconteceu em um prédio onde outros dois mandados de busca foram cumpridos. Segundo o titular da Dpcami, Wesley Costa, um quarto local também foi avaliado, mas não foram encontrados materiais. Segundo o delegado, por hora não foi constatada ligação entre os suspeitos.
Para tentar dificultar a identificação, afirma, os suspeitos utilizavam as chamadas Deepweb (páginas “invisíveis”, que não aparecem em mecanismos de busca) e a Darkweb (sites em redes anônimas e que necessitam de programas especiais). A perícia prévia confirmou a presença de materiais com crianças com idades a partir de quatro anos de idade. “Era uma pessoa que gostava muito de informática e armazenava muito conteúdo.”
Informalmente, o homem alegou que mantinha o conteúdo somente para o uso pessoal. A comprovação de armazenagem deste tipo de material, salienta Costa, pode gerar penas de um a quatro anos de prisão. Em casos de venda, divulgação ou distribuição, pode gerar de três a seis anos de reclusão.
De acordo com o delegado, os materiais apreendidos serão periciados para tentar ampliar as informações coletadas sobre o crime. A operação Luz na Infância 2 abrangeu outros 14 municípios de Santa Catarina. Ao todo, 150 policiais foram mobilizados. Ela foi realizada em 24 estados e no Distrito Federal, a partir das 6h de quinta-feira. Em todo o Brasil, foram 2,6 mil policiais, cumprindo 578 mandados relacionados à exploração sexual de crianças e adolescentes.
“Ninguém está anônimo na internet”
Para Costa, no caso do homem preso em flagrante, a prática ilegal se mostrava recorrente, devido ao volume de material armazenado. “Essa foi a primeira vez que tivemos algo assim. É uma perversão mesmo, até a Organização Mundial de Saúde reconhece como doença”.
O levantamento de dados para se chegar aos suspeitos foi feito durante quatro meses de investigações. Segundo o delegado titular da Divisão de Repressão a Crimes de Florianópolis, Luiz Felipe Rosado, o levantamento foi feito com base no trabalho do Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, em Brasília.
Além da atenção do órgão nacional, o delegado indica a capacidade das delegacias especializadas do estado fazerem investigações próprias sobre o tema. Ao todo, 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no estado. Doze adultos foram presos e um menor foi encaminhado para delegacia de São José.
A possibilidade de novas prisões, como efeito da avaliação dos materiais apreendidos, não está descartada pelo delegado. “Ninguém está anônimo na internet. Tudo o que a pessoa faz, mesmo na Deepweb, tem um registro, tem um rastro. É a partir daí que começamos as investigações”.
Para isso, a polícia aguarda os laudos do IGP. De acordo com o perito, Wilson Leite, com o software forense é possível varrer o equipamento em cerca de 20 minutos. A previsão do diretor do Instituto de Criminalística do IGP, Tiago Petry, era de que os laudos dos presos em flagrante fossem finalizados ainda nesta quinta-feira e os demais nos próximos dias. Nas perícias serão avaliados também arquivos apagados de computadores e HDs.
Rosado lamenta o alto número de casos envolvendo pornografia infantil no estado. A tendência, segundo o delegado, é que ações para combater este tipo de crime sejam intensificadas.
Edição anterior
Na primeira edição da operação, realizada em outubro de 2017, foram cumpridos 157 mandados de busca e apreensão de computadores e arquivos digitais. Não houve casos em Brusque.
Durante a apreensão desses materiais nos 24 estados e DF, foram identificadas e presas 112 pessoas que utilizavam esses equipamentos para produzir, guardar ou compartilhar conteúdos de pedofilia na internet.
A primeira operação foi resultado de seis meses de levantamentos e investigações.