A Primavera está chegando
O inverno está se despedindo. Os meteorologistas, esses magos do tempo, afinados com o discurso catastrófico do efeito estufa, dizem que as temperaturas deste inverno ficaram acima da média. Não sei se eles estão certos porque, desde junho, não deixei de usar minhas blusas, jaquetas e calças de lã. Talvez, a velhice não seja, como […]
O inverno está se despedindo. Os meteorologistas, esses magos do tempo, afinados com o discurso catastrófico do efeito estufa, dizem que as temperaturas deste inverno ficaram acima da média. Não sei se eles estão certos porque, desde junho, não deixei de usar minhas blusas, jaquetas e calças de lã. Talvez, a velhice não seja, como dizem por aí, a melhor ou a terceira idade e sim a idade da geladeira. Ontem, é que o sol mostrou a cara e chegou para esquentar.
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Mas, esta crônica é para falar da estação das flores, que começa no final da tarde do próximo sábado. No começo da semana passada, mesmo em meio ao friozinho que ainda teimava em ficar, a primavera já anunciava a sua chegada. Não eram apenas as flores dos canteiros das ruas e praças da cidade. Mas, os troncos das árvores floridos, cheios de olho de boneca, essa orquídea vinda do longínquo continente asiático para encher os quintais e jardins brusquenses de uma beleza floral que encanta e nos deixa animados com a vida.
Inverno de pouca chuva, as flores desabrocharam em toda a plenitude de sua beleza.
Caminhei para contemplar, nos quintais das casas e jardins de nossa cidade, a beleza do cenário floral formado por palmeiras, canelas e figueiras e outras árvores, seus troncos, galhos e ramos engalados por essa orquídea tão simpática, com suas pétalas róseas, de suave cor lilás, em volta daquele pequeno olho negro a nos espreitar.
Se todos gostamos, o poeta romântico, então, adora a primavera. Nenhum bardo trovador que se preze deixou de escrever algum verso sobre a estação das flores, da amada no jardim primaveril, dos amantes aos beijos, abraçados e de mãos entrelaçadas que só o tempo implacável pode separá-los. Assim, escreveu Neruda, o grande poeta chileno: “Não quero dormir sem teus olhos. Abro mão da primavera para que continues me olhando”.
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Victor Hugo, o iluminado escritor francês, cheio de romantismo, confessou que “uma eterna primavera vive em meu coração”. E a nossa Clarice Lispector, poeticamente, almejou que “sejamos como a primavera que renasce cada dia mais bela”…
A primavera não é somente flor, poesia e amor. É também a estação do canto dos pássaros, que pouca gente se dá ao tempo de escutar. Nesta alvorada da primavera, gosto de ouvir os sabiás cantando. O Sabiá-Laranjeira, poucos sabem, foi merecidamente declarado símbolo nacional. Tem um canto suave, belo, um pouco melancólico, “que quando canta é só tristeza”. Já, o Sabiá-Preto passa o dia no alto de uma árvore, com seu canto estridente, que vai longe para chegar aos ouvidos de quem gosta de escutar a música da natureza.
Primavera não é só sabiá. É, também, o tempo dos saltitantes e irrequietos gaturamos, peito amarelo-ouro e dorso azul-negro, das coloridas saíras, dos negros tiés, dos azuis sanhaços e dos amarelos canários. Todos esses afinados cantores estão de volta para entoar uma profusa e sublime sinfonia de acordes que enche nossa alma e nosso espírito de alegria e paz.