Primeiro e único amor: juntos há 34 anos, casal conta história de superação e companheirismo
Marcos e Sonia passaram por muitos desafios durante estes anos
Neste Dia dos Namorados, O Município traz uma história de um primeiro e único amor de altos e baixos. Sonia Regina Petermann Carturano e Marcos Vinicius Carturano nunca tinham namorado e estão juntos há 34 anos, sendo dois de namoro, dois de noivado e 30 de casados.
O amor entre os dois é fruto de uma relação que iniciou no supermercados Archer, onde eles trabalhavam, e segue até hoje, repleta de muito amor, companheirismo e desafios.
O início
Tudo começou em 1985. Era mais um dia normal de trabalho para Sonia, na época com 21 anos, até que avista Marcos entrando no mercado. “Foi amor a primeira vista”, diz. Ela trabalhava no caixa, e ele, com seus 17 anos, era empacotador.
A paquera durou até uma viagem da equipe para Foz do Iguaçu, no Paraná, ainda em 1985. Naquela oportunidade, as amigas de Sonia armaram para que ela e Marcos sentassem um ao lado do outro no ônibus.
Durante o passeio, quando os dois estavam em um restaurante, deram o primeiro beijo, mas quando voltaram não começaram a namorar.
Depois de um tempo, quando foram eu uma festa, Marcos convidou Sonia para ir na roda gigante e eles se beijaram. Os colegas viram eles juntos e o ocorrido se espalhou, chegando ao conhecimento dos chefes.
A empresa não permitia que funcionários namorassem e, por isso, cada um foi transferido para um local diferente, Sonia para o depósito e Marcos para o material de construção.
O namoro escondido
O casal namorou escondido durante um ano. Todo sábado, às 18h, eles se encontravam na rua Anita Garibaldi e caminhavam de mãos dadas até na praça Barão de Schneeburg, onde ficavam embaixo da árvore. Quando dava 22h, eles iam embora, pois Sonia precisava estar em casa às 22h30.
Ela conta que precisava inventar um monte de desculpas para os pais não descobrirem que ela estava namorando. Durante a entrevista, Sonia descobriu o que não imaginava. “Eu dizia que ia namorar”, confessa Marcos.
Até que um dia, quando estava com 18 anos, Marcos apareceu na casa de Sonia pela primeira vez. “O pai e a mãe perguntaram quem era e eu disse que era um amigo, mas ele disse que veio pra namorar”, lembra Sonia. Depois disso, ele começou a frequentar a casa dela aos sábados à tarde e no domingo, mas tinha que ficar sentado na poltrona e ir embora às 22h.
Durante o período de namoro, Sonia nunca visitou a família de Marcos porque tinha vergonha por ser mais velha que ele.
O noivado
No dia 12 de junho de 1987, o casal estava dentro do fusca azul de Marcos, quando ele a pediu em casamento. Ele pediu para ela abrir o porta-luvas, onde estava uma caixinha. Quando Sonia abriu, viu duas alianças. “E ele disse: tu quer noivar comigo? Eu disse: eu quero. E ele colocou a aliança no meu dedo e no dedo dele”, recorda.
Depois de contarem para a família de Sonia, o casal foi até a casa de Marcos. Foi a primeira vez que Sonia foi até a residência e, quando a mãe dele ficou sabendo, passou mal. O pai dele disse que casar era uma responsabilidade e que precisariam ter onde morar.
Com o noivado, o que motivou Marcos e Sonia foi o desejo de continuarem juntos. Então eles abriram mão de passeios e de presentes em datas comemorativas. “O nosso namoro se resumia a comprar material para construir a casa”, conta Sonia.
No entanto, eles recordam que algumas vezes Marcos dava alguns presentes para a noiva, como caixa de música e ursinhos de pelúcia.
O casamento
O casamento entre os dois aconteceu quase dois anos depois do noivado, no dia 20 de maio de 1989.
Quando foram casar no civil, eles não lembraram que Marcos não tinha idade suficiente para casar e precisaram chamar os pais dele para assinarem uma autorização, pois ele ainda não tinha completado 21 anos.
Após o casamento, eles foram morar na casa dos pais de Marcos. Também saíram do supermercado e com o dinheiro da rescisão compraram uma mercearia na esquina da rua São Leopoldo.
Com o passar dos anos, ficaram endividados por conta de uma série de situações, principalmente pela venda de fiados, e tiveram que vender o estabelecimento devido aos prejuízos. “Parece que vinha tudo contra e a gente sempre lutando. Quando a gente casou, parece que quanto mais a gente lutava mais a gente perdia”, diz Sonia.
Em 1994, foram morar com a mãe de Sonia. Nesta época eles estavam bem, mas pouco tempo depois tiveram que vender tudo o que tinham para quitar uma dívida com o banco. “Quanto eu digo tudo, é tudo mesmo, tivemos que vender até a cadeira onde eu estava sentada”, diz Sonia.
A casa onde eles moram atualmente é a mesma que sonharam e lutaram por construir há tanto tempo. A construção demorou cerca de 20 anos para ficar pronta.
Construção da família
O casal tentou ter filhos algumas vezes, mas em todas elas Sonia sofreu aborto espontâneo. O último aconteceu no dia do seu aniversário, dia 13 de novembro de 1994, e nesta data eles decidiram não tentar mais e entraram para a fila de adoção.
Em dezembro de 1995, quando estavam passando por dificuldades após vender tudo o que tinham, receberam uma ligação do Fórum informando que um bebê acabara de nascer e podia ser adotado por eles.
Foi um misto de emoções, entre alegria e preocupação. “Passamos a noite acordados pensando no que iríamos fazer”, relata Sonia. O casal tinha medo de que não poderia cuidar da criança devido às dificuldades financeiras . “Não tinha nem dinheiro para comprar leite”, lembram.
Mesmo assim eles decidiram adotar e no dia 26 de dezembro de 1995 a pequena Isadora foi muito bem recebida em seu novo lar. Com uma criança para cuidar, Marcos e Sonia iniciaram uma luta em busca de melhores condições.
Sonia começou a fazer salgados congelados para vender. Ela colocava Isadora no carrinho de bebê e ia caminhando para oferecer os produtos. Pouco tempo depois, Marcos recebeu uma proposta para trabalhar novamente no Archer.
A cumplicidade entre os dois fez com que conseguissem superar os obstáculos e atualmente a família tem uma empresa própria, trabalhando todos juntos.
A relação entre o casal
Marcos e Sonia tem personalidades um pouco diferentes: ele é mais quieto e ela é mais agitada. O que eles tem em comum é a cumplicidade.
“Quando um tá pra baixo o outro vem e levanta”, comenta Marcos. Ele diz que o que mais gosta em Sonia é o companheirismo.
O casal conta que Sonia é mais romântica, mas Marcos também tem seus momentos. “Ele sempre me surpreende”.
Além disso, eles têm muita sintonia. “Quando ela pensa em falar alguma coisa eu já digo o que ela quer”, diz Marcos.
O primeiro eu te amo
Sonia conta que sempre cobrava de Marcos um “Eu te amo”, mas ele geralmente respondia com um “talvez”, até mesmo depois do casamento.
Até que em um aniversário de Sonia, quando Isadora já tinha sete anos, Marcos preparou uma surpresa.
Eles fizeram uma festa para comemorar e durante todo o evento Sonia perguntou sobre o presente dela.
Até que chega um Love Car, que à época estava se tornando mais comum. Durante as homenagens, quando Marcos foi falar ao microfone, disse que o presente de Sonia era o que ela sempre pediu e finalmente falou um “Eu te amo”.
Os dois recordam com emoção esse momento e Sonia diz que a reação na hora foi “só chorar”. Marcos brinca e diz que ela é uma “Maria chorona”.
No aniversário de 25 anos, tinham esquecido da data. Quando perceberam, foram até a joalheria para mandar fazer uma aliança de prata e a colocaram junto na aliança do casamento. Depois, levaram para o padre dar a benção.
Outra surpresa feita pelo marido foi no recém aniversário de 30 anos de casados. Eles estavam na praia e Marcos convidou para irem até uma pizzaria. Lá, deu uma pérola de presente para a esposa, já que o significado dos 30 anos é bodas de pérola.