Primeiro encontro do teatro de Páscoa reúne mais de 200 voluntários em Guabiruba
Direção de “Paixão e Morte de Um Homem Livre” apresentou proposta e distribuiu os personagens
Direção de “Paixão e Morte de Um Homem Livre” apresentou proposta e distribuiu os personagens
Na tarde deste domingo, 24, no Salão da Comunidade São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba, foi realizado o primeiro encontro com o elenco e a equipe técnica que participarão da 22ª edição do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre”. Mais de 200 pessoas participaram da reunião, que apresentou a proposta e distribuiu papéis e informou o cronograma de ensaios.
“Foi um momento muito emocionante. Os voluntários atenderam o convite e se fizeram presentes. Temos um trabalho árduo pela frente, não apenas com os ensaios, mas também com o transporte de mais de 400 peças de figurino e todos os itens de cenografia para o local. Mas acreditamos no projeto e tenho certeza de que será mais uma apresentação de sucesso”, destaca o presidente da Associação Artística Cultural São Pedro (AACSP), Marcelo do Nascimento.
Emoção também não faltou na voz e nas palavras da diretora do espetáculo, Rejane Habitzreuter Schlindwein. Ela, que auxiliou na escrita do roteiro e já acompanhou todo o processo de preparação para as gravações em estúdio, não escondeu a satisfação de estar à frente desta empreitada. “Quando a gente faz algo com amor, nada é difícil. Quanto de amizade você pode fazer por aqui? Quantos momentos felizes você vai viver durante os ensaios? Nos encontraremos durante seis domingos e a expectativa é que esta experiência seja aproveitada durante o tempo da Quaresma. Tudo isso ainda é pouco diante de tudo que Jesus fez por nós”, afirma Rejane.
O pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padre Airton Franzner, também esteve presente, levando suas palavras de incentivo, ânimo e fé. “Já participei de muitas preparações de teatros de páscoa, em diversos lugares diferentes. Mas nenhuma reuniu um número tão expressivo de pessoas. Vocês vão encenar a paixão, morte e ressurreição de Jesus. E mistério não é algo que a gente não consegue entender. Mistério é algo que aconteceu no passado e que se renova hoje. Que vocês consigam, em meio ao calvário que vivemos, também ressuscitar com Jesus”, pontua o religioso.
Os próximos ensaios do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre” serão realizados nos dias 10, 14, 24 e 31 de março, 7 e 14 de abril, sempre a partir das 14h30, no bairro Aymoré. Já o ensaio geral será na noite de 17 de abril e, as duas apresentações abertas ao público, na Quinta e Sexta-Feira Santa, respectivamente, dias 18 e 19 de abril. A expectativa é que a distribuição dos ingressos, ao valor de R$ 10 (R$ 5 meia-entrada) inicie na segunda quinzena de março e cerca de nove mil pessoas são esperadas.
Oito pessoas interpretam Jesus
Pela primeira vez, em 22 edições, Jesus foi o personagem escolhido para narrar sua própria história, desde o nascimento até a ressurreição. E exatamente por isso, o número de pessoas que se dividirão entre as cenas do personagem também aumentou: oito pessoas se revezam nesta missão.
Carlos Woitexen é o mais experiente neste papel e, inclusive, quem empresta a voz para a narração. É ele quem estará na primeira cena, exatamente quando o espetáculo inicia. Natural do Paraná, desde 1991 Carlos mora em Guabiruba e iniciou sua caminhada no espetáculo logo depois. Em 2001 viveu Jesus nos palcos pela primeira vez, papel que desempenha até os dias atuais. “Sempre tenho muito para aprender. Em 2019 chegamos com mais preparação artística e o desafio é buscar sincronia de movimentos, já que tantas pessoas interpretarão o mesmo papel”, enfatiza Carlos.
Fábio Kormann também é experiente no papel de Jesus e há alguns anos já reveza este personagem com Carlos. “Como o espetáculo cresceu e os palcos se tornaram mais distantes, era preciso pelo menos duas pessoas para interpretar Jesus e dar dinâmica ao teatro. Na primeira edição fiz cenas mais longe do público, já que o medo era de ser reconhecido como uma pessoa diferente. Mas isso não aconteceu, devido à caracterização. Nos anos seguintes já dividimos cenas mais próximas do público”, lembra Fábio.
Jansen Guns viveu Jesus pela primeira vez em 2017 e atuou especificamente nas cenas de flagelação e crucificação; “O momento mais marcante foi quando os soldados levantaram a cruz. Ali pude acompanhar o olhar das pessoas, sem fazer nada diante de tanto sofrimento”, detalha.
Inácio Nuss participa do teatro desde 2002. Neste período já interpretou sacerdotes, foi membro da diretoria e se identificou com o personagem de Pedro. Em 2019, no entanto, ele viverá pela primeira vez o protagonista do espetáculo, Jesus de Nazaré. “Antes de me passarem esse desafio, disse que qualquer atribuição dentro do projeto me deixaria feliz. E quando falaram da possibilidade de interpretar Jesus pensei que era brincadeira. Me senti honrado e aceitei o desafio”, garante.
Outro estreante no papel de Jesus é Valter Valentin, que foi um soldado na última edição. “Fiquei intimidado pela falta de experiência, mas recebi suporte e acolhimento da equipe. Vou fazer o meu melhor”, promete.
O adolescente Valter João Rieg vai participar do teatro pela primeira vez, já com a missão de viver Jesus. “Na última edição eu fui com alguns amigos nos ensaios. Nós fazíamos parte do povo. Mas, dois deles foram chamados para ajudar em cenas do palco e eu acabei desistindo. Este ano, meu professor de matemática, Marcelo do Nascimento, que é diretor da Associação, disse que havia uma vaga para o papel e me convidou. Participei de um ensaio, gostei do projeto e ganhei o personagem”, diz Valter.
Já o pequeno Alois Baungartner Kohler tem orgulho de dizer que participa do projeto desde que estava na barriga da mãe. Agora, ele é o menino Jesus, presente nas cenas dois e quatro. “Fiquei bem feliz, sempre quis ser Jesus. E o meu texto começa do colo de Maria, quando ela fala sobre o nascimento de Cristo”, observa.
E é uma menina que vai viver Jesus durante o nascimento. Lorena tem apenas dois meses, mas já estava presente no primeiro encontro. “Ela nasceu perto do Natal e como somos bem envolvidos com a comunidade, nos convidaram para ela ser Jesus na missa de Natal, o que não foi possível, porque só tinha alguns dias de vida. E agora ela vai ser Jesus no teatro. É muita emoção”, conta a mãe da menina, Camila Delagnelo Kormann.